A Netflix tem sido uma alternativa para séries animadas derivadas de longas de sucesso nos cinemas. Um dos estúdios que mais tem investido nesse ponto é a Universal Pictures em parceria com a DreamWorks. Entre as série que vemos no modelo para a Netflix estão “Spirit: Cavalgando Livre” e “Velozes e Furiosos: Espiões do Asfalto”. Após o êxito das já citadas, a Netflix lança mais uma dessas séries, dessa vez “Jurassic World: Acampamento Jurassico”, derivada e canônica ao universo “Jurassic World” dos cinemas.
A história da série se passa dias antes e durante os acontecimentos que vemos em “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros”. A trama traz adolescentes que foram convidados para uma visita a um novo espaço do Jurassic World, o Camp Cretaceous – uma espécie de acampamento dentro do parque que ainda está em fase de teste. As seis crianças convidadas são bem diferentes umas das outras. Contudo, após a fuga da Indominus Rex, elas precisam lidar com seus conflitos para sobreviver.
O que parecia ser apenas um seriado infantil e comercial, mostra-se uma grande surpresa. São inúmeros pontos positivos que fazem dessa uma produção necessária a franquia, mas o principal deles, sem dúvidas, é o fato que a série preenche buracos que ficaram abertos nos filmes. E, para ser canônica, a série cria uma base bem fundada por trás da história do filme, que nos trás outro vislumbre do funcionamento do parque e conecta os acontecimentos. Por outro lado, “Acampamento Jurassico” também expande o universo da franquia, inclusive nos traz conexões com o próximo filme que está atualmente em produção. Além disso são inseridas inúmeras referências da franquia original, com citação de personagens, cenas espelhadas, entre outros.
O design da animação é outro ponto forte da série. Ainda que as animações computadorizadas não tenham caído no gosto geral do público, vemos um bom trabalho, principalmente com relação aos dinossauros que apresentam texturas e desenho que não deixam, em momento algum, a desejar para o que já vimos em live-action. Os cenários também são bem montados, e conseguimos nos sentir naquele mesmo parque que avistamos nos cinemas em 2015. Até mesmo a vegetação da ilha e as montanhas estão ali. São irrisórios os trechos em que a animação apresenta problemas, e não chegam a afetar diretamente o geral.
É perspicaz também a forma como são inseridos acontecimentos do filme, agora dentro da animação, sobre outros ângulos. Encaixando uma história a outra com fatos que ocorrem simultaneamente.
Os episódios são recheados de ação, entretanto algumas pausas para dramas internos e palavras motivacionais clichês são alongados mais do que deveriam, principalmente no penúltimo episódio. Isso se deve também a escolha por criar adolescentes conflituosos, que acabam, a todo momento entrando em discussões entre si. Estás que findam em lições morais.
E para falar dos personagens, primeiramente deve-se deixar claro que a série é destinada ao público infantil, dessa forma os diálogos dos mesmos são feitos de formas mais simplificadas, para que haja um entendimento mais fácil do que estão querendo dizer. Mesmo dessa forma, o roteiro consegue explorar as características de cada um a favor da história e trazer informações relevantes. Também insere temas mais delicados, como o personagem principal que perdeu o pai, entre outros. (não falarei mais sobre os personagens para não incluir spoilers).
A trilha sonora é outro ponto bem aproveitado na série. São utilizados temas clássicos, que trazem nostalgia e também trilhas mais fortes para as cenas de ação. Enquanto isso, a sonoplastia é melhor trabalhada aqui do que foi nos últimos dois filmes da franquia. Conseguimos ouvir o tempo todo os diferentes sons de diferentes espécimes de dinossauros, e identifica-los.
Por fim, a primeira temporada de “Jurassic World: Acampamento Jurassico” é uma grata surpresa para todos os fãs da franquia. Tem qualidade em animação e história. Com isso consegue certamente cativar de adultos até crianças. E lembra muito as sensações transmitidas pelo clássico “Jurassic Park”, de 1993. E isso é um grande feito, tendo em vista que a série consegue entregar muita história onde parecia ter pouquíssimo para se explorado. Além disso, a produção mostra-se eficiente em brincar consigo mesma, por exemplo quando um dos personagens diz que “todos no Jurassic World só tomam atitudes erradas” ou que “o primeiro parque também não funcionou”, e que “todos os adultos daquele lugar são negligentes”.
Sendo assim, vale a pena conferir esse passatempo que é rápido, são apenas 8 episódios de 24 minutos cada. E pode ser assistida por toda família. Vale lembrar que a segunda temporada da série já está a caminho.
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