Logo após o show do Bruno Mars ainda teve muita música rolando no New Dance Order. O trio formado ODDjs, ou Davis, Vermelho e Zopelar, falaram para a Woo! sobre a construção de seu set e a tradução de sua trajetória nessa edição histórica do The Town.
A responsabilidade de um novo ciclo
Nick de Angelo: Vocês estão encerrando a primeira edição de The Town; como foi que a ODD chegou até aqui? Demorou muito para que conseguissem tocar em um festival internacional?
Zopelar: Onde começou foi há mais de oito anos atrás, junto com outros coletivos de São Paulo da música eletrônica e assim foi feito — um cenário perfeito para que festivais de música eletrônica acontecesse aqui em São Paulo, sabe? — então a gente tá num festival como o The Town é um outro level, porque é um reconhecimento do que foi feito todos esses anos. Não só o DDD como outros coletivos também que traçaram essa jornada. Estar no festival é um reconhecimento mesmo, né?
Acho que a música eletrônica está aos poucos tomando espaço na música mainstream. A gente representa movimentos undergrounds de eletrônica e estar no ambiente que é de geralmente música eletrônica mainstream é diferente, porque não é onde a música que a gente toca geralmente está.
O que a gente vai mostrar é o nosso set, é uma pegada de tudo que a gente já tocou na nossa festa durante esses 18 anos — que já fizemos sets mais lentos, sets mais rápidos — então a gente vai tentar sentir isso de acordo com a galera que for aparecendo, mas a nossa ideia é nos apresentar como nos apresentamos na nossa festa.
Obviamente sentindo a pista, entendendo como dentro do nosso repertório a gente pode fazer uma parada que seja legal também, mas acho que essa é uma oportunidade também — [tal] como você disse: as pessoas estão saindo do festival e o único palco que vai estar aberto é o palco de música eletrônica; eu acho que isso pode ser u primeiro contato também de alguma pessoa que a partir daqui vai começar a frequentar esse tipo de evento e começar a correr atrás.
Geralmente as pessoas que conhecem vão [a esses eventos] conhecem um pouco do que vai acontecer na festa, e isso dá a oportunidade para outras pessoas que não estão nesse tipo de ambiente poderem abrir a cabeça e entender: “caraca, tem esse outro estilo, essa outra visão de música eletrônica que pode ser interessante”.
Acho que [esse contato com] pessoas vem de um lado mais comercial, e a partir disso você pode conhecer coisas que estão também enraizadas na estrutura da música mainstream. Quando você escuta a música underground, você entende muito do que como isso influencia o que tá rolando hoje também.
N.A.: Você falou sobre o convite para o The Town, o reconhecimento do trabalho de vocês, mas eu queria saber se vocês já tinham essa pretensão de alguma vez já ter lhes ocorrido de que vocês estariam tocando num festival que tem essa grandeza — e com o aumento de que essa é a primeira edição, e muitas bandas — tal como ocorre no Rock in Rio — ainda vão vir anos depois e [vocês] vão poder pensar: “nossa, eu estive lá tocando na primeira edição”.
Zopelar: Não, eu não imaginava. Mas isso é uma consequência de um trabalho de anos assim, né? São esses tipos de coisa que são realmente um reconhecimento do que você está fazendo. A gente toca como DJ separados [e] já tocamos em festivais, alguns talvez não tão grandes, e como o The Town acho que eu nunca toquei.
Como coletivo é a primeira vez que a gente tá ocupando [um] festival desse tamanho, sem dúvida. Eu não imaginava, por ser um convite ao nosso coletivo, a nossa festa, eu acho que não tem uma forma melhor da gente apresentar um som que seja sinceramente o som da nossa festa — o som que representa não só o som, mas também toda a parte visual que está sendo construída por performance e por artistas visuais que estão com a gente há muitos anos, construindo essa identidade também. Acho que o que as pessoas podem esperar é uma versão “Megazord” da ODD.
N.A.: A gente tem tudo, né? [risadas]
Zopelar: Vamos [ver] como vai ser essa experiência da festa com mais caixas de som, com mais pessoas, com mais… com telas maiores, né? Pra gente, é uma oportunidade de também entender como isso funciona nesse outro cenário, porque acho que vai ser a nossa primeira experiência, é o que a gente espera.
N.A.: Já que você comentou sobre a parte visual, eu também queria saber se vocês… porque eu percebo muito nas festas o quanto é muito importante as projeções, os dançarinos, as dançarinas, eu gostaríamos de saber se tem algum artista específico por trás do visual de vocês. Eu queria saber também se vocês têm algum amigo de vocês que está gravando isso, se são vocês mesmos, seus procedimentos…
Davis: A gente tem um time trabalhando com os visuais, né? Eu e o Márcio… a gente ficou se dedicando os últimos meses a coordenar esse time formado por uma pessoa que faz todo o design dos palcos da ODD, toda iluminação e alguns dos performances que passaram ao longo desses anos com a gente. Foi muito difícil separar o melhor, o recorte que melhor representa oito anos de uma trajetória, porque, como o Pedro falou, a música passeou por diversas vertentes, velocidades, bpms, estilos e os visuais também, né?
Então hoje a gente tem uma preocupação de não só fazer um apanhado, seja com a música, seja com os visuais, só do passado. A gente quer justamente mostrar o que a ODD. Sempre foi — como o Pedro falou — um olhar pro futuro, algo [que] sempre trouxe as novidades. A gente sempre acreditou estar fazendo as novidades; quem decide se é novo ou não é o público, óbvio, mas a gente sempre se esforçou muito para poder levar para o público uma experiência sinestésica, que pudesse pode fazer o o retrato daquele momento, mas com uma visão de futuro. [Aponta para Vermelho] Quer falar, mano? Eu já falei. [risadas]
Vermelho: Aí você perguntou né? Se tem alguém com a gente, e quem está assinando a direção visual junto com a gente é o P∆R∆ R∆IO, que tá com a gente já anos na ODD e ajudou a construir a grande parte do visual, das luzes, da cenografia de forma geral. Essa é uma das linguagens que são fortes, né? O visual é muito forte na festa e, claro, além disso [a] performance. As performances que estão sendo bem representadas em vídeo; vai ter algumas ao vivo também. A gente tá tentando condensar todo esse universo da ODD nesse nosso set.

N.A.: A gente queria perguntar no sentido do gênero eletrônica que vocês estão trazendo hoje, porque é muito comum hoje em dia de uma galera se fechar mais para o house e tudo bem também, huh? Tem o crescimento do tech house com artistas gigantes por aí. E queria saber se vocês vão mais pra um lado techno… o que vocês estão trazendo aí? Também uma cultura house, junto com esse futuro que vocês falam; gostaria de entender mais sobre o set dessa noite — e se não puder falar, tudo bem também, surpresas são sempre bem-vindas!
Zopelar: A gente toca estilos diferentes cada um, e nós três vamos tocar juntos. Então, assim, basicamente eu acho que vai ter bastante influência de house de techno, vão ter coisas que tem a junção disso, vão ter coisas que tem a ver também com uma com uma música… como fala…? Tanto do Roots, das raízes, a gente mistura desde coisas que ajudaram a moldar o que a gente acha que é House, o que a gente acha que é techno — que eu ainda tô tentando descobrir e até hoje não sei direito… — e coisas e produções de novos produtores que flertam com essas ondas entre House Techno com influências de Trance.
Eu gosto muito de disco, de coisas mais orgânicas. O Márcio gosta bastante de sintetizadores de grooves, então quando tocar junto a gente tenta fazer essa…
Pensar também um pouco na onda do que vai combinar com o que o outro vai tocar na sequência. Mas a gente não se prende muito a um ou dois estilos só.
Dentro do House Techno existem muitas vertentes, então quando quando fala “House Techno“, para mim, você pode colocar quase tudo de música eletrônica que existe. Mesmo se você ouve disco, e não é House, mas disco dentro de um set de House… vai como… porque foi de uma coisa que veio a outra, então as coisas estão todas interligadas, sabe? O Techno e o House foram criados ao mesmo tempo, pelas mesmas pessoas praticamente, então não tem muito como separar isso.
Vermelho: E adaptativo pra gente é bem importante também, então isso tá até acima da gente fazer um set House ou Eletro isso aqui tocando junto então a mais…
Davis: Concordo
Vermelho: Divertido ainda
Davis: A ideia é sempre contar uma história, né? Tem que contar uma história seis mãos fica muito mais criativo assim desafiador e ao mesmo tempo marcante, isso que é a nossa pira.
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