Um mal que sempre pareceu assolar as grandes as estrelas femininas de Hollywood, é a visão que a indústria cria sobre as mesma. No geral, após conseguirem um papel de destaque em uma franquia de ação, dificilmente as atrizes conseguem ser escaladas em papéis que as desafiem, isso quando não atingem a “idade de tia descolada” e a possibilidade de papéis interessantes se torna cada vez menor. Entretanto, nos últimos anos, temos visto estrelas de grandes franquias de ação se reinventado como atrizes (vide Kate Beckinsale com “Amor & Amizade”). E com “O Peso do Passado” Nicole Kidman pode voltar às suas raízes e entregar uma de suas melhores performances nos últimos anos.
Erin Bell (Nicole Kidman) é uma detetive da polícia norte-americana que aceita participar de um plano arriscado, infiltrando-se entre bandidos para obter informações. A estratégia dá errado, gerando uma tragédia que marca a sua vida para sempre. Anos mais tarde, ela reencontra pistas da gangue de antigamente e volta a perseguir os responsáveis por seu drama pessoal.
A diretora Karyn Kusama, do péssimo “Aeon Flux” e o divertido “Garota Infernal”, talvez consciente do problema já citado acima, Cria uma narrativa que depende (e muito) do desempenho de Kidman. E se por um lado isso dá espaço para a que a atriz brilhe, por outro nos entrega um filme de redenção formulaico com uma montagem extremamente fluida, porém didática.
O exemplo mais visível do didatismo, é o recurso que o filme insiste em usar: mostrar um personagem no presente, inserir um trecho do mesmo a paisana no passado, e voltar novamente ao presente, o que seria justificável caso os atores tivessem um trabalho de maquiagem tão arrojado quanto o da protagonista, o que infelizmente não é caso. O que é bem curioso já que a atriz Tatiana Maslany (Orphan Black) também integra o elenco – um de seus maiores méritos é conseguir grandes performances mesmo sobre maquiagens pesadas.
O restante dos atores está perfeitamente operante, pena que nesse caso isso não seja motivo para elogios, já que conta com nomes de peso como Sebastian Stan (“Eu, Tonya”) e Toby Kebbell (“Black Mirror”). O Roteiro minimiza demais os arcos envolvendo outros personagens deixando-os assim, desinteressantes e rasos. Frutos novamente do Nikolecentrismo que permeia o filme todo.
Claro que o desempenho de Kidman consegue fazer esses problemas soarem menores dentro do filme, começando desde o trabalho de maquiagem que concede um aspecto cadavérico para a protagonista – que casa muito bem com a escolha de uma jaqueta de couro (que mais serve como um muro entre ela e os que o cercam). Isso tudo somado ao físico que a atriz concede a personagem, sua interpretação e expressões (como seus espasmos, ou seu olhar que não consegue se manter fixo ao falar com a filha) compõe uma das das ótimas interpretações desse ano.
“O Peso do Passado“ dá sim espaço para uma boa interpretação de Kidman, e oferece um respiro interessante em sua carreira. Pena que para lhe dar esse respiro diversos outros elementos da narrativa foram prejudicados.
Fotos e Vídeo: Divulgação/Diamonds Films Brasil
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