Surpreendentemente, um bom filme
Ter um conceito pré concebido por algo sem antes mesmo de ver, jugar um produto como ruim sem dar uma chance, pode ser extremamente prejudicial pra si mesmo e determinada produção. Dessa forma podemos perder a chance de dispor de situações, experiências, prazeres ou pessoas que não conhecemos por puro preconceito disfarçado de opinião – baseado no desconhecido ou de uma visão incompleta de um todo.
Sim, “Eu Sou Mais Eu”, poderia ser uma péssima e lucrativa adaptação nacional baseada em comédias românticas já conhecidas, como “De Repente 30” ou “17 Outra Vez“, que se utiliza de nomes famosos para atrair público e fazer dinheiro. E como o complexo de vira-lata do brasileiro é apurado, já imaginava-se algo de baixa qualidade, uma bomba para se dizer. Mas, queimando a língua de alguns muitos, o novo filme protagonizado por Kéfera Buchmann é divertido, tem uma história que sabe usar o clichê sem forçar demais, não tem medo da “auto zoação” e, sem papas na línguas, solta o verbo.
No longa, Camilla Mendes (Kéfera Buchmann) é a maior estrela pop da atualidade. Junto com a fama, a cantora acumula inimigos por seu temperamento nada fácil. Mas tudo mudo para Camilla quando ela acorda em 2004, ainda em sua época de escola, quando ainda era uma garota estranha, impopular e que sofria Bullying das outras meninas. Seu único amigo, Cabeça (João Côrtes) é quem vai ajudá-la a descobrir quem é si mesma para que ela possa voltar ao futuro.
O longa é dirigido por Pedro Amorim, ele equilibra bem a comédia predominante com pequenos momentos de drama. Além disso, o filme dispõe de uma trilha sonora agradável, que apela em momentos para nostalgia -quando por exemplo relembra o sucesso relâmpago Rouge .
Como já citado, e previsível pelo trailer, a história é uma comédia romântica clichê e a todo tempo nos faz lembrar de algo que já vimos no cinema. Mas ao mesmo tempo que ela trás todos os requisitos de uma sessão da tarde, ela demonstra suas diferenças. O filme é carregado de palavrões, conotação sexual, bullying, piadas de duplo sentindo e isso acaba por surpreender um pouco, até porque o filme se vende como um longa para adolescentes.
Essa forma de levar a história foi vantajosa para o longa, pois permitiu uma brincadeira, às vezes, politicamente incorreta, mas que funcionava dentro da carga de humor. Os atores parecem confortáveis para dar vida aos personagens e colocar a piada para funcionar. Existe sincronia entre os intérpretes, e um bom ritmo durante no caminhar geral do filme.
Kéfera Buchmann surpreende positivamente como protagonista e consegue nesse filme dá um passo adiante na carreira de atriz – um pouco prejudicada depois da péssima comédia infantil “É Fada“- levando o filme de forma segura. E parte dessa melhora pode ser atribuída ao seu parceiro em cena, João Cortez, que se destaca com sua desenvoltura para com a comédia e sua nítida aptidão musical (já demostrada no programa Superstar) e enriquece todas as cenas em que aparece. Mesmo não possuindo tanto tempo em cena, Giovanna Lancellotti também agrada como e convence como a antagonista Drica.
Um dos pontos mais interessantes do roteiro é o fato do enredo fugir de uma comédia romântica, em que o filme se apoia em um romance básico e clichê, para uma história que foca em uma relação de amizade. Relação essa que é muito bem explorada durante a trama pra criar inúmeras situações no desenrolar da mesma. Sem erros gritantes, sejam esses de produção ou na montagem, percebe-se o cuidado da equipe em criar algo de qualidade. Algo que pode ser cansativo durante o filme é a insistência da protagonista em erros bobos, fazendo a história ganhar mais tempo, mas sem conteúdos que geram consequências para a trama.
O filme não busca problematizar os temas que aborda, como amizade, família e o principal deles, o Bullying, tratando tudo de forma muito leve. Entretanto fica claro que o grande responsável pelo curso da história da personagem é o bullying que ela sofre na escola. As marcas desse, a levam a tomar determinadas decisões que formam seu caráter e alteram o rumo da trama.
No mais, “Eu Sou Mais Eu” é um passa-tempo agradável! Apesar de parecer ser, o longa não é um filme infantil ou uma comédia romântica e essa é a parte que mais satisfaz. E como um todo o filme funciona em sua proposta de entreter e divertir. Enquanto sob um olhar voltado para uma comédia nacional, “Eu Sou Mais Eu” diverte mais que muitos filmes brasileiros. Nesse, as piadas funcionam e a história num todo é bem conduzida, sem necessitar de uma estrutura apelativa. Por fim, trata-se de um filme pipoca para assistir sem grandes pretensões, se divertir e rir bastante no cinema.
Fotos e Vídeo: Divulgação/Imagem Filmes
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