A vida é uma correria, muitas vezes queremos estar em vários lugares, com várias pessoas diferentes que gostamos, mas nem sempre é possível, acabamos nos prendendo à alguns compromissos e esquecemos de olhar pra nós mesmos. Caímos em uma rotina sem tempo para respirar novos ares e é preciso um certo “empurrãozinho”da vida para mudar o cenário.
Em “O Que Está Por Vir”, acompanhamos a rotina de uma professora de meia idade bem resolvida com a paixão pela filosofia e com o abandono das bandeiras políticas defendidas no passado, que se desdobra entre afazeres domésticos, dar atenção aos filhos e marido, preparar suas aulas, sempre buscando a reflexão entre seus alunos e cuidar de sua mãe doente.
Nathalie (Isabelle Huppert), vive uma vida “normal” com seus afazeres diários, até o dia em que vários acontecimentos mudam completamente sua rotina. A partir daí, a protagonista começa a rever sua vida, idéias e precisa achar um novo sentido para continuar, agora com a tão estranha liberdade que não a acompanhou durante anos.
O roteiro se torna um pouco arrastado nas viagens da personagem ao encontro de seu ex aluno, poderia ter explorado mais a tal liberdade em que Nathalie se encontra, mas foi feliz ao retratar de forma sutil, as novas experiências da personagem, retratando as metáforas sobre a vida e trazendo reflexões sobre a importância da família.
A fotografia conta com belas cenas da cidade luz (Paris), mescladas com muita natureza dando ênfase à liberdade em que a Nathalie se encontra. Luzes naturais e sons ambientes compõem as cenas, em meio à casa de praia e muito verde em uma lindíssima casa de campo.O elenco ajuda a abrilhantar o filme, principalmente com a elegante atuação de Isabelle Huppert, que consegue incorporar as complexidades de uma personagem tão intensa. Roman Kolinka que vive o ex aluno Fabien também cumpre bem seu papel de coadjuvante intelectual, que se inspira na professora para construir seus ideais.
A diretora Mia Hansen-Love é conhecida por seus diversos prêmios em diferentes produções. Estreou na direção em 2007 com “Tout est pardonné”, que foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores de Cannes e recebeu o Prêmio Louis Delluc de Melhor Filme. Seu trabalho seguinte, “Le Père de mes enfants” (2009), ganhou o Prêmio Especial na Un Certain Regard, em Cannes. “Un amour de jeunesse”, seu terceiro longa-metragem, recebeu Menção Especial do Júri no Festival de Locarno (2011), enquanto o quarto, “Eden” (2014), foi selecionado para o Festival de Toronto. “O que está por vir” foi elogiadíssimo no Festival de Berlim, onde Mia conquistou o Urso de Prata de Melhor Diretora.
“O que está por vir” é um filme filosófico daqueles com a função de nos levar à reflexão a respeito de alguns temas corriqueiros. A impressão que se tem ao assistí-lo, é que a intenção é mesmo fazer pensar e não mostrar. É uma sensação de esperar sempre que algo aconteça durante o filme.
Por Bruna Tinoco
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.
Sem comentários! Seja o primeiro.