“Peter Pan – Um Musical da Broadway” realizado, idealizado e produzido por Renata Borges é uma verdadeira obra-prima
Convenhamos que revisitar um clássico universal é um trabalho audacioso e arriscado que a Touché Entretenimento acertou com maestria. “Peter Pan – O Musical da Broadway” é um trabalho impecável – dentro do seu formato – e cumpre com louvor a sua função de entreter e encantar a quem assiste. Quem não sonha em ver de pertinho o menino que se recusa a crescer voando com pó de pirlimpimpim? Você pode ter essa experiência até o dia 15 de julho no Teatro Alfa em São Paulo.
A montagem como um todo é belíssima, mas seu verdadeiro trunfo está no elenco – os atores se encontram em profunda sintonia, química e fluidez em cena, não existiria forma melhor de contar esta estória, senão se divertindo e o grupo se deleita do início ao fim. Destaque especial para Bruno Boer – neste dia Mateus Ribeiro estava sendo substituído – Peter canta, dança e voa – mesmo! – fazendo jus a tudo que esperamos ver do garoto que mora na Terra do Nunca, é um alívio quando o ator adentra o quarto das crianças num salto e não deixa a desejar, afinal a plateia está ansiosa por este momento e o protagonista mais do que dá conta. Quem também rouba a cena é Pedro Navarro como Smee, o braço direito do Capitão Gancho, qualquer piada do ator arranca risadas fervorosas da plateia – como esquecer o pedido carinhoso ao regente: “Oi amado, toca um tango pra gente paixão?” – Carol Botelho como Tiger Li exibe seu poderoso trabalho corporal – destaque para o número “Uga Uga” – e Mari Amaral, no pequeno trecho como Sininho, incorpora a espinhosa fada e abrilhanta o espetáculo quando voa sob a plateia.
Outro fator potente é como todo o ensemble – os meninos perdidos (Diego Martins, Matheus Paiva, Bernardo Berro, Bruno Boer, Fellipe Guadanuci e Vinicius Teixeira), assim como os índios e os piratas – apesar dos números complexos de dança – palmas para Alonso Barros – e das inúmeras trocas de personagens continua em harmonia, três horas de espetáculo se vão e o público sai com gostinho de quero mais.
Claro que atores tão bem preparados estão ancorados por uma equipe técnica e criativa de primeira linha – o que já era de se esperar de uma produção com tanto investimento. A cenografia de Renato Theobaldo é rica em detalhes, grandiosa e surpreendentemente funcional, o palco vai do quarto da família até o navio do gancho sem muitos esforços – aparentes, claro. Os figurinos assinados por Thanara Schonardier são verdadeiras obras-primas, fiéis ao imaginário do que se espera dessa obra e ao mesmo tempo original. Para uma peça em que vários atores voam é necessário creditar os efeitos especiais de Maze FX e efeitos de voo de ZFX Flying Effects, que faz com que tudo ocorra de forma segura e lúdica.
É importante ressaltar que a peça está em sua excelência dentro do formato que vende: um espetáculo musical de entretenimento para família, o ouro de fato é mérito da parceria entre Carlos Bauzys, diretor musical e regente, e José Possi Neto, encenador e diretor de arte. A música atravessa quem assiste desde o primeiro acorde – quem é fã do gênero pode se preparar para se emocionar bastante – e o decorrer da estória é muito bem organizado ainda que a plateia receba continuamente bastante informação. Tem alguns momentos que poderiam ser enxugados – claro – mas dá pra deixar passar, assim como alguns personagens que ficam muito na forma e se esquecem de estar vivos, porém nada tão grave a ponto de prejudicar o decorrer da peça. Vale muito a pena ser prestigiado, pela criança que não que quer crescer e pelo o adulto que no fundo queria era morar na Terra do Nunca – é quase certo que numa certa altura da vida todos concordamos com Peter não é mesmo?
Por Rayza Noiá
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