Nesse novo drama brasileiro, nós acompanhamos a história de Dayane, ou melhor, de sua partida
Em “Quando Eu Me Encontrar” acompanhamos a mãe, a irmã e o marido de uma mulher que um dia decidiu fugir do cotidiano. Ela obrigou a todos os outros ao seu redor lidarem com a sua falta, enquanto são esmagados pela rotina.
Com uma premissa fortíssima e com título inspirado na canção de Cartola, temos um filme extremamente próspero de ideias e sentimento. As diretoras Amanda Pontes e Micheline Helena escolhem como abordagem um drama pautado dentro de uma realidade urbana e extremamente brasileira. Veremos o marido chorar a ausência da sua mulher em uma mesa de bar, a mãe flertar com a ida a um forró e sua irmã começar a explorar sua adolescência recém conquistada. Esses personagens são comuns, podem ser encontrados em qualquer lugar do Brasil. E é o que nos faz ter uma empatia imediata com eles.
Interpretando os papéis de mãe, irmã e marido, temos respectivamente Luciana Souza, Pipa e Davi Santos, que possuem atuações alinhadas e entregam em conjunto ótimas impressões. A dupla de diretoras explora a ausência de Dayane fazendo paralelos entre os três, onde cada um sente o luto de uma forma distinta. E o elenco é responsável por entregar grande parte desse sentimentalismo. Mas é inegável a sensação de não estar indo a fundo nessa tristeza que permeia todo o filme.
Aposta no simples não emplaca uma grande decisão
Porém, é claro, o longa não possui um roteiro catártico e não espera fazer nenhuma grande reviravolta, não é disso que estou falando. Mas digo quanto a forma como o filme escolhe representar em tela essas tristezas, que mesmo que sejam tenras, não são representadas com esmero. Por exemplo, temos cenas onde uma música toca do início ao fim e temos um único take da mãe dentro do ônibus. É longo demais, e nos tira do filme com facilidade. Outro exemplo é logo no início do filme, quando Antônio, ex-marido de Dayane, está numa ponte e nos escutamos um diálogo entre os dois se desenrolar enquanto ele fica ali parado sem fazer muita coisa.
A falta de profundidade na abordagem de “Quando Eu Me Encontrar” transparece também na fotografia do filme, mas essa questão pode vir a ser um problema de produção. Poucas variações de ângulo, uso de luz sem muita criatividade, e também não possui um trabalho de cor muito interessante. Mas minha principal questão é com a direção de arte do filme. Em muitas cenas temos elementos muito caricatos e questionáveis. Como a presença de um quadro de palhaço triste no quarto da Dayane que me assombrou o filme inteiro. O bar em que a amiga da Dayane performa também é questionável. A escolha de músicas não é uma das melhores… e o título tem como referência Cartola!
“Quando eu me encontrar” foi feito com um carinho palpável e com dedicação de todos envolvidos, e aguardo ansiosamente o próximo trabalho da dupla de diretoras.
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