Escrito por Daniela Pereira de Carvalho e dirigido por Mauro Mendonça Filho, o espetáculo “Renato Russo, o musical” traz, por meio de um monólogo, interpretado por Bruce Gomlevsky, a trajetória de um dos maiores nomes do rock nacional, contando com suas ideologias e, claro, muita música boa.

A obra, que já inicia com a música “Há tempos”, faz com que todos os musicais vistos anteriormente sejam questionados. Além de apresentar as músicas de Renato, acompanhado da Banda “Arte Profana”, Bruce se apodera dos trejeitos, desde a forma de posicionar os óculos no nariz, como a de segurar o microfone. Caso não soubéssemos do triste falecimento do cantor, seria possível a ilusão de que o mesmo estaria se auto representando na peça.
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Ainda sobre a incredulidade de não ser, verdadeiramente, o próprio em cima do palco, parece que o figurino foi retirado do guarda-roupa do homenageado. Por mais que não fossem vestimentas muito difíceis de serem achadas, devido a forma desleixada de ser vestir do músico, o cuidado que Jeane Figueiredo teve em caracterizar fielmente o astro brasileiro é nítido aos olhos da plateia, que relembra a bata branca e o cachecol típico utilizado nos shows.
Quanto ao roteiro, Daniela consegue realizar, impecavelmente, a mistura de um monólogo com as músicas deixadas. Conta a fase que Renato precisou usar uma cadeira de rodas por causa da epifisiólise, quando tinha 15 anos; o quanto odiava os militares e como sofria por não achar o amor e ser incompreendido pelo resto do mundo. Demonstra a ousadia desse trovador solitário em inúmeros momentos de sua vida, fosse falando com um colega de banda ou, no meio de um show, dando alguma lição moral qualquer. Sempre sonhou em lutar por um país melhor e, como Gomlevsky mesmo retrata: “Eu escrevo, justamente, porque eu não sei de nada”, sem compreender o motivo para que as pessoas se embebedassem de suas músicas , mesmo não procurando entender o que há por trás de cada letra, cada crítica feita.
Além de mostrar o lado mais obscuro e sofrido do cantor, há momentos mais leves, em que Bruce fala com a plateia, mostrando o lado mais sociável e irônico de Renato. Por exemplo, quando debate sobre signos para introduzir “Eduardo e Mônica”. Há, inclusive, momentos mais calmos e melancólicos, em que podemos esperar a icônica “ Pais e filhos”, sendo seguida de “Stand by me” de Ben E. King. Ou, quando dedica “Vento no litoral” após o término com o amor de sua vida, chamado Scott.

Em relação ao cenário, a sua simplicidade torna a peça beirando a perfeição, por mais que pareça contraditório. O foco, realmente, é em Bruce Gomlevsky, da mesma forma que a geração do rock nacional tinha os olhos fixos em Renato Russo. Contudo, apesar de utilizarem o mesmo objeto para vários quadros inteiramente diferentes, a protagonização secundária da noite é a luz. O jeito bem colocado e significativo dos holofotes, em conjunto com o videografismo, fez com que o palco fosse preenchido por completo, tanto imitando uma sirene da polícia ou uma festa com globo no teto, como iluminando o personagem como uma espécie de luz solar.
Como se já não bastasse tudo o que foi visto na maior parte da apresentação, com músicas do “Aborto Elétrico”, “Legião Urbana” e “Bob Dylan”, o final consegue superar qualquer ato realizado nos demais minutos que o precederam. O dom dos envolvidos para a arte torna-se alarmante quando decidem incluir a fase mais complicada da vida de Renato: a descoberta de que tem AIDS. A interpretação de Bruce mais que arrepiante, ao receber o envelope com o resultado, integra e fecha com chave de ouro, todos os elogios feitos mentalmente por cada um presente.
Por mais que pareça o fim, o verdadeiro encerramento, logo em seguida, consegue, de vez, extasiar ao público, que se encontrava abobalhado depois de 120 minutos de pura emoção. O hino “Tempo perdido” começa a tocar e, claro, arranca meio sorrisos e aplausos de todas as gerações. Afinal, a enorme perda do ídolo de apenas 36 anos é sentida novamente, mas, pelo menos, com essa obra fenomenal, conseguimos homenageá-lo e nos despedir do modo que Renato Manfredini Júnior merecia.
“Renato Russo, o musical” está em cartaz no Teatro das Artes, localizado no Shopping da Gávea, em curta temporada, até o final do mês de abril.
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O que era pra ser um espetáculo é um LIXO. De interpretaçao, de afinaçao, de imagem do autor. De longe pode ser considerado uma HOMENAGEM. Péssimo! Eu pagaria o valor absurdo de 100,00 (custo da apresentaçao no Teatro Frei Caneca) durante TODA a temporada só pra vaiar com veemencia um lixo de “homenagem”, interpretaçao FRACA e afinaçao horrível.
Olá! É uma pena você, que no próprio nome diz ser fã, não ter gostado. Deve ter sido muito frustante, eu imagino. Particularmente, gostei bastante da narrativa e achei o ator bem qualificado… acho que é questão de gosto mesmo. Era uma apresentação cara, mas, ao meu ver, valeu a pena cada centavo. Novamente, sinto muito pela sua experiência! Beijos