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Crítica

Crítica: Tinnitus

Tinnitus
Imagem: Divulgação/Imovision

O trailer de “Tinnitus” nos desperta a curiosidade para assistir o longa, especialmente pela qualidade técnica e estética muito diferente do que estamos acostumados a ver no cinema brasileiro. No entanto, o mérito da obra do diretor Gregorio Graziosi (que também assina o roteiro com Marco Dutra e Andres Julian Vera) apresenta personagens rasos e uma trama que não se desenvolve, e ainda apresenta uma visão fetichizada do universo feminino. Confira a crítica:

Leia mais: Crítica: A Sereia Do Mississipi

Em “Tinnitus”, Marina Lenk (Juliana de Verona) é uma atleta de saltos ornamentais que sofre do transtorno auditivo que dá nome ao filme. Por conta de sua condição, sofre um grave acidente durante uma importante competição ao lado da amiga Luisa (Indira Nascimento). O evento é tão dramático que ela abandona o esporte para trabalhar vestida de sereia num aquário. Além disso, se casa com seu médico, o Dr. Santos (Andre Guerreiro Lopes).

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Tinnitus
Imagem: Divulgação/Imovision

O grande mérito desse filme é essencialmente técnico. A mixagem de som é extremamente competente, a tal ponto que conseguimos mergulhar na agonia de Marina durante as primeiras cenas, e ainda captando ruídos sutis que antecedem o silêncio habitual durante um salto ornamental. Esteticamente, o filme é bastante inovador, onde piscinas, prédios e a água integram a narrativa de forma ativa e não apenas ornamental. Insere elementos da cultura oriental, proporcionando poéticas tomadas amplas. Um deleite visual que não é acompanhado pela história que o filme se propõe a contar.

Narrativa frágil e pouco inovadora

A trama gira em torno de uma mulher que duvida de sua capacidade física e mental, e está dividida entre retomar a carreira de atleta e ser mãe, vivendo com um marido controlador. Seu ponto de virada se dá quando conhece sua substituta na parceria com Luisa, Teresa (Allison Willow), que também é uma fã. Contudo, essas questões são abordadas segundo um ponto de vista masculino, carregado de clichês.

Em primeiro lugar, ao invés de promover um embate denso entre Marina e o marido, o roteiro desvia a discussão para a clássica rivalidade entre mulheres, sem sentido algum em vários momentos. Um exemplo é o profundo rancor que Luisa sente de Marina. As reações da personagem são tão exageradas que a faz parecer uma criança mimada.

Tinnitus
Imagem: Divulgação/Imovision

Do ponto de vista sexual e amoroso, Marina acaba se envolvendo com Teresa após se separar de Santos, outro clássico da visão masculina sobre a insatisfação das mulheres em relacionamentos. O personagem Santos, inclusive, não tem um bom desenvolvimento e praticamente desaparece ao longo do filme, que tem ainda Antonio Pitanga como coadjuvante de luxo. Ele interpreta Inácio, um paciente amigo de Marina que não acrescenta nada a história.

Tinnitus
Imagem: Divulgação/Imovision

Em resumo, “Tinnitus” é um filme de alta qualidade técnica e conceito interessante, mas que acaba se afundando no roteiro frágil e repetitivo. Aqui, os problemas do universo feminino são tratados de forma rasa. E isso limitou muito a performance do trio de protagonistas, ainda que composto de atrizes muito talentosas. É urgente que os realizadores do audiovisual entendam a importância de ter mulheres nos cargos de criação quando a narrativa é sobre elas.

Vídeo: Divulgação/Imovision

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Tinnitus
Crítica: Tinnitus
Sinopse
Marina Lenk (Joana de Verona) é uma experiente atleta de Saltos Ornamentais. Mas, a jovem sofre de um terrível zumbido no ouvido, afetando sua estabilidade física e emocional. Aterrorizada pela súbita crise de Tinnitus, ela se afasta de competições profissionais. Longe do esporte que ama, ela troca a perigosa e desafiadora plataforma de saltos, por uma pacata vida no aquário, onde trabalha fantasiada de sereia, desde que sofreu um acidente nas últimas Olimpíadas. Todavia, Marina decide voltar para o esporte em busca de uma medalha nos próximos jogos e para isso, ela precisa recobrar a confiança em seu corpo e enfrentar seus medos.
Prós
Um filme bem construído esteticamente
Alta qualidade técnica, especialmente no som
Contras
Roteiro raso sobre as questões femininas que se propõe a discutir
Personagens coadjuvantes não agregam a narrativa
3
Nota
Written By

Bibliotecária, doutoranda em História das Ciências, e das Técnicas e Epistemologia. Apaixonada por cinema, séries e cultura em geral. Sem Os Goonies talvez não estivesse por aqui.

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