Você já se perguntou qual é a fórmula da felicidade? Para algumas pessoas é passar o verão no litoral, para outras é ir ao cinema com aquela pessoa especial, e tudo isso precisa ser fotografado e postado nas redes sociais. Mas, será que somos verdadeiramente felizes ou vivemos sob uma pressão social tão grande de ostentar felicidade que apenas existimos virtualmente? Na internet, ou na seção de autoajuda de uma livraria, não é difícil encontrar maneiras, números e dicas para ser feliz. Quem está querendo te ensinar a ser feliz, é feliz também? Ou só escreveu o que você aparentemente quer ouvir?
Em “TOC – Transtornada Obsessiva Compulsiva”, Kika K. (Tatá Werneck) é uma atriz que está passando por uma crise pessoal enquanto aparenta estar feliz para seus fãs. No meio de disso tudo, ela ainda precisa lidar com sua empresária autoritária Carol (Vera Holtz), seu namorado ninfomaníaco Caio Astro (Bruno Gagliasso) e a obsessão de um fã, Felipão (Luis Lobianco). Em pleno caos Kika encontra Vladmir (Daniel Furlan), um funcionário de uma loja de discos e livros que a ajuda a encontrar as cinco letras da palavra que define felicidade deixadas por Arthur (Pedro Wagner), seu ghost-writer, ou seja, o escritor contratado por Carol para escrever um livro como se fosse Kika, intitulado “1003 maneiras de ser feliz”.
A produção fica por conta de Bianca Villar, Fernando Fraiha e Karen Castanho que juntos fazem um filme simples, sem grandes efeitos cinematográficos e nenhuma situação que fuja do clichê de comédia social, mas fazem um bom trabalho. O roteiro e a direção, ambos assinados por Paulinho Caruso e Teodoro Poppovic, são simples e objetivos, os dois acertam no que fazem, uma vez que o filme arranca altas risadas do público. Ao mesmo tempo que é engraçado e funciona em vários momentos, também erra ao usar em demasia o vício em sexo do personagem de Gagliasso. O cinema nacional não precisa mais falar sobre sexo para gerar humor, pelo menos não de forma exagerada. É desnecessário ver o personagem de Bruno Gagliasso aparecer nu ou falando sobre sexo em quase todas as cenas.
A fotografia do filme funciona muito bem, principalmente nas cenas onde o transtorno de Kika fica em evidência, ou seja, em qualquer lugar padronizado, pois a personagem não pisa em “linhas”. Inclusive, nos momentos de ansiedade, são passadas imagens aleatórias coloridas e também em preto e branco, fazendo um jogo de figuras com o espectador. A direção e todo o cenário montado, bem como o figurino, influenciam de forma positiva na produção, criando com perfeição a atmosfera necessária para o filme.
Dois outros pontos que não podemos deixar de mencionar, são o elenco e a trilha sonora. O primeiro é tão verossímil que os personagens não poderiam ter sido interpretados por outros atores. Tatá Werneck e Vera Holtz são tão opostas entre si, que trabalham muito bem juntas. A mesma coisa entre a protagonista e a atriz Ingrid Guimarães, que já contracenaram anteriormente em “Loucas Pra Casar”. Daniel Furlan e Tatá Werneck conseguem criar uma química entre seus personagens, tão esquisitos, que se complementam, existindo amor por dentro e não por fora (como deveria ser em todos os relacionamentos). Salvo o personagem de Gagliasso, que tem poucas cenas e oferece o mesmo exagero a todo momento, a interpretação do restante do elenco está correta, mas não oferece nenhum diferencial.
A trilha sonora começa com “Timbalada”, passa por “Cidade Negra” e “Raul Seixas”, vai para “Banda Eva” e assim fica, entre axé e mpb, bem brasileiro mesmo. O que, para nós que estamos com um pezinho ali no carnaval, soa muito bem. A música de Raul Seixas, “Ouro de Tolo”, é a descrição cantada do filme, canção que exemplifica não só a personagem principal como cada cidadão do mundo. Se você não conhece a música, recomendo a versão do cantor Baia, no dvd “O Baú do Raul”.
No fim, “TOC – Transtornada Obsessiva Compulsiva” cumpre seu papel como uma comédia dramática, que mistura situações cômicas com a triste realidade da falsa sensação de felicidade. Para o que foi proposto, como já foi dito, só peca pelo excesso de cunho sexual como tentativa de se fazer humor.
O filme estreia dia 02 de fevereiro e você pode conferir o trailer abaixo.
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Fiquei um pouco preocupada agora pois minha filha viu a propaganda do filme e me pediu pra assistir… eu tinha dito que sim, pois não sabia dessa história sexual excessiva do Bruno.
Você sabe me dizer qual é a classificação indicativa? Obrigada.
Classificação para 14 anos. Particularmente penso que o exagero é proporcional ao transtorno do personagem do Bruno. As situações podem ser um pouco escrachadas, mas nada além do alegórico. Se sua filha assistiu Deadpool, TOC é bem mais leve se não tiver de problemas com palavrões.
Oi Diego. O que o personagem do Bruno tem não é transtorno, é doença. São poucas cenas e a maioria pensando/falando/agindo de alguma forma que envolva sexo. É um exagero que eu não acho que o cinema nacional precisa pra fazer graça, porque não faz. Pelo contrário, eu senti incômodo. Nada que é exagerado consegue causar uma sensação de conforto.
Oi Daniela. Responderam aqui que é 14 anos. Acredito que tudo sendo explicado e conversado, verdadeiramente, não há problema. O filme é bom, só peca pelo excesso. É interessante levá-la e depois explicar o que aconteceu nas cenas caso ela questione.
Gosto muito da Tatá, mas confesso que sinto saudades dela na época da MTV…
Sinto que na época da MTV, existia uma autenticidade, uma liberdade maior. Gostei da personagem dela no filme, mas em novelas não consigo gostar.
Ela só dá certo com alguns personagem mesmo… Na época da novela que ela fazia a Valdirene, foi um sucesso; depois quando ela fez a Fedora, no início foi meio rejeitada já que fazia um papel de “metidinha”, só quando a Tatá fez comédia dentro da personagem é que começou a dar certo…
Eu não gosto muito do trabalho da atriz em novelas, confesso que não acompanho. Qualquer personagem que ela interpretar nunca será tão bom e tão único quanto a Fernandona do Comédia MTV. Sinto falta de um papel que não se prenda ao padrão novela da Globo, um papel mais solto, mais autêntico, com mais cara de Tatá mesmo.