A morte trágica de Diana, Princesa de Gales, em agosto de 1997, chocou o mundo. Mesmo após o divórcio do Príncipe Charles, Lady Di continuou sendo muito admirada, principalmente por seu amplo trabalho de filantropia. Idealizada pelo autor Diogo Savala, com texto e direção de João Cícero, a peça “Um Dia Feliz”, traz o encontro de dois ex-namorados de infância e se desenrola do dia do funeral da Princesa. O evento, transmitido ao vivo mundialmente, é o fio condutor da conversa que marca esse intenso reencontro. Confira a seguir a crítica do espetáculo.
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O espetáculo “Um Dia Feliz” se desenrola durante a histórica cobertura do velório da Princesa Diana. Edilene recebe a inesperada visita de Reinaldo enquanto acompanha a transmissão, na casa que era de sua mãe em Magé. Eles passam então a discutir assuntos de relevância social, e também sobre suas próprias dores, como vícios, frustrações afetivas e sexuais e, é claro, o luto.
O texto pincela todos esses temas, porém, sem que todos eles sejam abordados com a mesma profundidade. Isto dá a impressão de que a narrativa não avança, precisando retornar rapidamente para a questão do luto e da morte. Um exemplo disso, é quando discutem muito rápido sobre a série de assassinatos políticos que aconteciam na Baixada Fluminense, que não aprofunda a dicotomia entre Reinaldo (Diogo Savala), que nunca deixou a cidade de Magé e Edilene (Lays Mattos), que passou muitos anos vivendo na capital do Rio de Janeiro.
A narrativa se torna grande mesmo quando liga os personagens através da morte. Enquanto assistem o funeral, Edilene se espelha em Diana, como uma mulher forte, à frente de seu tempo e que precisou fazer escolhas difíceis. Já Reinaldo, vê a atenção da mídia ao funeral como exagerada, e que acaba encobrindo problemas maiores. Nesse embate, os dramas pessoais dos dois vão se revelando e detalhes sórdidos da trajetória de cada um surpreendem a plateia.
Espetáculo apresenta uma cenografia inteligente
A cenografia e a iluminação inteligente do espetáculo, proporcionaram um ótimo jogo de cena entre os dois atores. Principalmente em um teatro pequeno, em semi arena, o que sempre exige muita competência para um bom resultado. Em cena, três modelos antigos de televisão, duas cadeiras e alguns objetos posicionados estrategicamente no palco são muito bem aproveitados pela direção de João Cícero (que também assina o texto), de modo que nenhum dos atores passa muito tempo de costas para a plateia.
As atuações de Diogo e Lays revelam as várias nuances dos personagens que, embora fictícios, estão muito próximos da realidade vivenciada no Rio de Janeiro. Quando falam especialmente sobre eventos dramáticos em suas vidas envolvendo a morte, a face mais obscura de cada um é apresentada com uma potência que choca, ao mesmo tempo em que divertem em momentos em que demonstram certa ingenuidade e desconfiança mútua nesse reencontro.
Por fim, “Um Dia Feliz” se aproveita do timing com um evento presente relacionado, a coroação recente de Charles III com Rei do Reino Unido. Isto é essencial para o teatro, como arte efêmera que é. Um espetáculo intimista com excelente cenografia e atuações convincentes, ainda que desperdice algumas oportunidades para aprofundar os temas sociais que aparecem em alguns trechos.
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Muito obrigado por ter ido e a resenha. Adorei!
Apenas uma pequena correção. A autoria do texto tbm é do diretor, “João Cícero”.
Infelizmente foi uma curtíssima temporada mas temos planos de voltar. Muito obrigado pelo apoio!
Corrigido, Diogo. Nós que agradecemos a oportunidade de conferir este belíssimo espetáculo. Na expectativa por mais uma temporada. Grande abraço!