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Crítica

Crítica: Desculpe o transtorno

“Desculpe o transtorno” conta história de Eduardo (Gregório Duvivier), um homem que mora em São Paulo e trabalha em uma grande empresa com uma vida regrada e repleta de falsas escolhas, que após receber uma trágica notícia precisa viajar para o Rio de Janeiro e, saindo de sua rotina e tomado por lembranças, é afetado psicologicamente e passa a ser Duca, um cara extrovertido que quer curtir a vida sem pensar nas consequências e se apaixona por Bárbara (Clarice Falcão). A revelação da dupla personalidade gera várias confusões e se inicia uma busca de Eduardo/Duca pelo seu verdadeiro “eu”.

O longa, com muitos atores do “Porta dos fundos” (não são apenas eles, mas estão em peso), tanto no elenco principal quanto nas participações, poderia ser mais uma extensão do canal do Youtube , mas conseguiu ir um pouco além (apesar da maioria das atuações não revelar grandes novidades), trazendo uma comédia leve, nos levando mais a pensar do que a rir. Não que o filme não nos arranque algumas risadas, mas levanta várias reflexões enquanto trata de um distúrbio real de forma descontraída (embora a resolução final não seja um retrato fiel da realidade).

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O elenco também conta com dois grandes nomes: Marcos Caruso, que interpreta o pai de Eduardo e está ótimo em seu papel, com ótimos diálogos entre ele e o filho, e Zezé Polessa que participa do filme no papel de uma antiga vizinha.

O título é mais que uma brincadeira com a frase que vemos muito pela cidade que tem sempre algum lugar em obra ou em manutenção. O transtorno nesse caso é psicológico, porém, se pensarmos no contexto da frase e compararmos ao filme, é possível perceber que a comparação faz muito sentido, mas não vamos explicar aqui para não dar spoilers.A comédia é repleta de dualidades, a começar pelo protagonista que cresceu em São Paulo e virou um homem certinho que segue fielmente uma rotina, vive para cumprir seus horários e é tímido até para tomar suas próprias decisões, como vemos quando ele está com sua noiva Viviane (Dani Calabresa), que dita cada passo da vida do casal e age como se Eduardo também participasse das escolhas. Já Duca, sua outra personalidade, é um cara do Rio de Janeiro (cidade onde nasceu e passou parte da sua infância), descontraído, não nega o chamado para a diversão e dificilmente liga para o que vão pensar sobre seus atos. Essa escolha de criar um personagem com uma personalidade paulista e a outra carioca também brinca com as diferenças entre Rio e São Paulo, visto em costumes (como na hora de cumprimentar com um ou dois beijinhos) e em várias piadas feitas ao longo do filme, além da  referência às personagens de Glória Pires em Mulheres de areia, as inesquecíveis gêmeas Rute e Raquel.

A maneira de diferenciar os universos é bem precisa, visto na arte, na fotografia (de uma cidade para a outra) e até nos diferentes enquadramentos de cada uma das personalidades. Sem falar em Gregório Duvivier, que passa de Eduardo para Duca e vice-versa sem ser brusco nem caricato. Vemos com clareza quem é um é quem do outro, mesmo quando os figurinos estão trocados entre as personalidades.

O filme, apesar de contar a história de um homem com transtorno dissociativo de identidade, parece ter mais o intuito de nos fazer refletir sobre nossas escolhas ao logo da vida e suas consequências, e também sobre equilíbrio.

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Desculpe o transtorno, que estréia dia 15 de setembro, não é daquelas comédias que nos matam de rir mas é divertido.

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Gleicy Favacho é uma maquiadora com alma de artista. Quando pequena sonhava em descobrir um mundo fantástico através do armário muito antes de se ouvir falar em Nárnia. Essa imaginação a levou a seguir uma profissão onde ela pudesse participar da construção de vários mundos e histórias diferentes, sendo apaixonada por cinema, teatro e outras artes. Claro que, sendo adulta, já mantém um pouco mais os pés no chão, mas sempre olha dentro de um armário ou outro, afinal, vai que… né?

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