Tantos homens que me tocam antes de dormir
No lençol molhado do sonho
A matriz dos meus cabelos é cor de pérola
E o meu olho é véu
E você é imune
E você é imune
E você é imune
Tantos eles que me assumem
Na praça e entre seus lumes
Me chamam pro bar e imploram deslumbre
E você é imune
E você é imune
E você é imune
Até a moça de quem só lembro o primeiro nome
Catei me comendo com os cílios
Ela mordeu os lábios e no brio tocou seus seios
Ela transmite algum desejo
E você é imune
E você é imune
E você é imune
Até um pássaro que vem à minha janela
Fiel como quem sabe o meu perfume
Debruça as penas com ciúme
Ele espera o meu sinal
E você é imune
E você é imune
E você é imune
Até a gota que toca o meu corpo
Na hora do banho tem pena de desapegar do poro
Desce com jeito para me saber mais tempo
Até a água me faz de relento
E você é imune
E você é imune
E você é imune
Até a maçã que mordi
Na minha boca teve doçura
Que não é típica dos azedumes
Ela me morde e cata a saliva encantada
E você é imune
E você é imune
E você é imune
Até os bêbados e aposentados
Os que não mais conhecem ereção
Quando me veem, cê sabe o quão
Eles jorram como quem une
Eu recupero o seu laço
E você é imune
E você é imune
E você é imune
E se não puder ser imune
Se deixe levar pelo cheiro
Desfaça a armadura dos traumas
Que é delas e não meu
Eu sou apenas gostosa
E boa de comer
Não enveneno ninguém
Não te faço morrer
Querido, você já percebeu,
Não é imune.
*Essa poesia original faz parte do projeto “O Livro da Autoestima Feminina”, que faz a sua estreia na coluna Bookland. Através do olhar do eu lírico, o projeto literário busca incentivar mulheres a verem seus corpos, vivências e percepções de maneira mais generosa e autoconfiante.
Por Érika Nunes
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