Hoje o Exposé traz uma entrevista especial com o poeta, escritor e jornalista niteroiense Igor Calazans, que está lançando seu segundo livro “Palavras de Estimação”.
Com 11 anos de carreira atuando em diversos veículos de imprensa, Igor ingressou oficialmente na literatura em 2014, quando, sem pretensões (garante), participou do Concurso Nacional de Novos Poetas, da Editora Vivara, em parceria com a Rede Brasil.
“Na verdade, eu fui relutante para colocar um poema nesse concurso, já que sempre fui contrário à classificação de poesia (acho que a competição banaliza um pouco a arte e o seu sentido)”, explica.
O poema “Grito de Liberdade”, escrito em 2012, acabou na terceira colocação, passando a frente de mais de 3.500 poemas participantes. Foi esse o pontapé que ele precisava para perceber que não escrevia somente para si mesmo.
Agora o escritor conta com duas páginas no Facebook sobre poesias – a oficial, “Poeta Calazans“, e uma geral, chamada “Recanto do Poeta“, onde posta diariamente frases, poemas e pensamentos de artistas consagrados. Além disso, o espaço também acolhe o trabalho de novos escritores procurando divulgação. O “Recanto” vem dando bons frutos e conta com mais de 11 mil seguidores assíduos mesmo sem muitos investimentos em publicidade.
Assim, em agosto de 2015, através de uma parceria com a editora “Travassos Publicações”, foi lançado o primeiro livro, intitulado “Devaneios: O Recanto do Poeta”, com quase 80 poemas dos mais variados temas: amor, cotidiano, existência e inquietações. O livro recebeu ótimas críticas e rendeu participações de Igor como convidado de eventos literários, palestras, saraus, encontros filosóficos e outras atividades culturais. Depois de trabalhar bastante no primeiro livro, o segundo foi uma natural consequência. Desta forma nasceu o “Palavras de Estimação”, junto à editora “Multifoco” com selo da FuturArte Poesia. Por enquanto, o livro está à venda online, mas tem lançamento previsto para o dia 30 de março no Bistrô Multifoco.
E para conhecermos mais sobre o trabalho de Igor, nada melhor do que uma entrevista!
Você está lançando seu segundo livro, o “Palavras de estimação”. Qual a principal diferença deste para o primeiro, “Devaneios: Recanto do Poeta”? A inspiração foi outra, ou ele é mais uma espécie de continuação do “Devaneios”?
Igor Calazans – Os primeiros comentários que tive em relação ao “Palavras de Estimação” são sempre falando do meu “amadurecimento” como escritor. Acredito que devo ter amadurecido sim, mas a essência das obras persiste. Nesse segundo livro eu procurei evidenciar bem o trabalho do poeta; a labor que ele tem em ligar palavra por palavra, rima por rima, verso por verso, para que, de maneira lúdica, consiga dar sentido às suas ideias e sentimentos. Talvez seja um livro até mais agradável de ler, pois o primeiro foi um grande vendaval, uma procela de emoções. Esse já é mais centrado, mostrando bem como é produzida a minha poesia. Isso tudo faz parte de uma continuação natural. Pretendo, no final de 2018 ou início de 2019, fechar uma trilogia poética, para iniciar outros gêneros, como um romance, por exemplo.
Como você percebeu o “clique” e soube que queria trabalhar escrevendo?
Igor Calazans – Isso ainda vem amadurecendo na minha cabeça. Os grandes cliques, na verdade, quem dão são os leitores, as críticas e opiniões. Eles fomentam o nosso ego e dão o norte. Se achasse que minha poesia não fosse útil para as pessoas, as deixaria na gaveta ou em um pendrive. Hoje tenho um plano de vida a alcançar que é poder viver exclusivamente da literatura. Ter uma casa na praia, uma rede em frente ao mar, e poder passar o dia lendo e escrevendo. Já achei mais difícil esse sonho, confesso, mas acho que as coisas estão acontecendo tão naturalmente nesse caminho que posso sim, imaginar e transportar esse sonho à realidade.
Como você busca inspiração (ou de onde ela vem)? É um processo natural ou você estabelece metas de escrita?
Igor Calazans – Não me pressiono. A vida já é uma grande inspiração. Ela apresenta, dia a dia, cenários, enredos, histórias que me fazem contemplar, pensar, questionar e criar minhas ideias sobre as cenas. Não costumo escrever o momento logo de cara. Utilizo, assim como João Cabral de Melo Neto dizia, duas fontes para escrever: memória e imaginação. Por isso, hoje eu posso escrever algo que me aconteceu ou presenciei no passado, abrindo liberdade ao tempo.
Você tem poetas ou escritores do coração, claro! Qual a influência que eles exerceram sobre a sua escrita?
Igor Calazans – Sim, claro! Muitos! Já nasci ao lado de um grande poeta, o meu avô Calazans, que foi durante décadas o Presidente do Cenáculo Fluminense de História e Letras. Andava pra lá e pra cá com ele me contado estória e recitando pequenas trovas, quadrinhas que ele fazia maravilhosamente bem. Tem escola melhor? Depois, veio uma admiração imensa por Manuel Bandeira e o livro “As Cinza das Horas”, com poemas parnasianos, fúnebres, mas que, ao mesmo tempo, eram melodiosos e doces. Peguei bastante disso no meu jeito de escrever. Sou fã de quase todos grandes nomes, cada um da sua maneira. Olavo Bilac e a portuguesa Florbela Espanca são meus preferidos, por causa das construções das rimas e sentidos que dão aos versos e seus finais. Eles também fomentam muito a minha maneira de pensar poesia, mas acredito que cheguei a uma maneira bem própria de escrever.
Qual o principal conselho que você daria a quem quer começar a exercitar a escrita e/ou quer profissionalizar esse hobby?
Igor Calazans – Um fator importante, que sempre digo quando me perguntam sobre o processo de produção, é que, além da inspiração, é necessário treinar muito, exercitar a escrita, mesmo que não tenhamos ideias boas na hora. A técnica precisa estar no mesmo patamar do talento, para que um não diminua o outro e nem atrapalhe o mote do poema.
Em sua opinião, qual a principal dificuldade de ser um escritor no Brasil?
Igor Calazans – A maior dificuldade, principalmente se tratando de poesia, é pelo pouco hábito de leitura da geração atual. Estamos em uma época, não só no Brasil, que queremos tudo de mão beijada, sem fazer muito esforço (é só pensar no poder do Google e das mídias sociais). Isso acaba desencadeando um desinteresse por livros em geral e, principalmente, tipos de literatura que precisam de uma atenção maior e dedicação para entender. O investimento e apoio por novos escritores também acabam diminuindo por essas razões… Mas ainda acredito que a situação pode voltar a ser boa. Comumente acontecem movimentos cíclicos da arte e a literatura ainda vai entrar nesse bolo.
Novidades para 2017? Algum projeto novo vindo por aí?
Igor Calazans – Muitos! Além do livro e tudo que cerca a sua divulgação, eu vou lançar. junto à produtora de cinema “ReVoar Filmes” o canal de poesia “Recanto do Poeta” no Youtube. Nesse projeto, nós gravamos 16 vídeos com atores e artistas encenando e interpretando alguns poemas meus, desses dois livros. As gravações aconteceram no Museu Janete Costa, em Niterói, e contou com a participação de grandes artistas como Pietro Mario, Betina Knopp, Maria Laura Cravo, Fernanda Esteves, Sady Bianchin, Marcela Giannini, Felipe Mendes, Priscila Lima, Duca Pantaleão e Carolina Figueiras (que é portuguesa). Foi um trabalho lindo, cinema e poesia de uma maneira nunca vista, e que em breve vamos apresentar para todo o mundo!
Por Thais Isel
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