Foram 12 anos na criação do longa em stop motion que tem conquistado plateias e prêmios
“Teca e Tuti: Uma noite na Biblioteca” dirigido por Tiago Mal, Eduardo Perdido e Diego M. Doimo foi eleito como Melhor Longa Infantil, no Festival Internacional de Cinema Infantil 2024 com o prêmio aquisição para exibição na Tv Brasil e um dos finalistas do Moscow International Children’s Film Festival. É um filme encantador, delicado e ao mesmo tempo com uma forte mensagem sobre legado familiar e a importância da leitura ( Sim, eu adorei!).
E as premiações são muito merecidas! Além do carisma de “Teca”, o longa mostra o amor pelas palavras, afinal: “Palavras lidas abrem portas escondidas”. E essas portas levam a protagonista por uma viagem em busca de decifrar uma mensagem e por fim descobre a si através de referências infantis que fizeram parte da história de todos nós.
Nesta entrevista, Tiago Mal e Eduardo Perdido, dois dos diretores de “Teca e Tuti: Uma noite da Biblioteca” e parceiros na Rocambole Produções, contaram sobre a trajetória de Teca: a traça mais carismática que já passou por uma bilbioteca, e Tuti seu ácaro de estimação.
A história com as personagens começa no TCC do curso de Imagem e Som da UFSCar, em São Carlos (SP) e pelos planos ainda vai render novos projetos e quiçá novos leitores. O longa em stop motion está na 5a semana de exibição e segue encantando o público.
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Teca o início de tudo!
Joana D’arc Souza: Teca já tem mais de 20 anos, desde o TCC até o lançamento, qual a relação da equipe com a personagem?
Tiago e Eduardo: Desde a finalização do TCC sabíamos que a personagem era muito carismática e tinha bastante potencial. Curta foi exibido em muitos festivais, e ganhou uma exposição no SESC São Carlos, além de livros de atividades e um gibi. Então sempre estivemos ligados à personagem e de certa forma o projeto do longa surgiu de forma natural. Quando iniciamos o desenvolvimento do primeiro roteiro todos da empresa estavam envolvidos de alguma forma e assim se seguiu ao longo de todos os passos da produção.
Temas Sociais e Referências
J.D.S: Como surgiu a ideia de aumentar a família dela, tratar da adoção e a história da mãe?
T.E.: Desde o início da produção sabíamos que para sustentar a história de um longa metragem seria necessário introduzir novos personagens. A ideia de que a Teca vivia com os primos e a tia vem de uma forma de quebrar um pouco a ideia da família tradicional mãe/pai/filhos, trazendo uma boa pitada de “vida real”. Tem muita criança por aí que vive com os avós, com os tios. Isso também traz uma possibilidade de diversidade bem interessante, além de permitir a introdução e construção dessa história da Teca que ela está prestes a descobrir, de onde ela veio e tudo mais, que foi algo pensado pela Carolina Ziskind, uma das roteiristas.
J.D.S.: Quais as principais referências na criação da história?
T.E.: Filmes infantis que marcaram nossa infância: “Turma da Mônica”, “Goonies”, Disney, todo e qualquer filme em stop motion (“Fuga das Galinhas“, “O Fantástico Sr. Raposo”, etc.), muitos curta metragens de animadores brasileiros e também programas infantis como “Rá-Tim-Bum” e “Cocoricó”, que já traziam trilhas do Helio Ziskind, que fez a nossa trilha.
12 anos de sangue, suor e lágrimas na produção
J.D.S.: O que manteve o envolvimento da equipe com o projeto ao longo de 12 anos?
T.E.: Com certeza o fato de acreditarmos muito no potencial da história e da personagem, e de acreditarmos que era realmente importante criar um filme de qualidade para o público infantil.
J.D.S.: Qual o maior desafio do projeto? Aquele que fez pensar em desistir.
T.E.: Com certeza conseguir realizar um projeto ambicioso com um orçamento baixíssimo. Conseguimos a maior parte dos recursos através de editais públicos, com patrocínio da SABESP, Petrobras e BNDES e outra através do PROAC ICMS, com patrocínio da Lupo SA e Mineração Jundu, mas que não atingiram o valor autorizado para captação. Ao longo dos anos de produção procuramos muitas empresas e participamos de muitos outros editais e não obtivemos sucesso, o que era realmente muito preocupante e nos fez pensar se realmente conseguiríamos concluir o projeto.
Além disso, em muitos momentos gastávamos mais tempo lidando com a burocracia do que realmente produzindo.
J.D.S.: Apesar das dificuldades, houve momentos marcantes. Qual vocês destacam?
T.E.: Foram muitos momentos muito marcantes, o início da produção do Stop motion com toda a equipe reunida e ver as coisas planejadas tomando forma foi muito importante, mas ainda mais foi ver a etapa da animação stop motion ser concluída, saber que depois de tantos anos tínhamos conseguido vencer tantos desafios. E com certeza um dos momentos mais marcantes foi quando enviamos uma versão ainda não totalmente finalizada para o Festival de Annecy, pois pela primeira vez o filme estava completo.
Emoções e planos futuros
J.D.S.: Qual a emoção em finalizar a edição sabendo que iria para os cinemas?
T.E.: Para falar a verdade, quando finalizamos a edição ainda não tínhamos nenhuma certeza de que seria possível chegar às telas do cinema. Investimos todos os recursos para finalizar o filme e naquele momento ainda não existia um acordo de distribuição. Estávamos felizes por vencer mais uma etapa, mas sabíamos que ainda teríamos muito trabalho pela frente.
J.D.S.: Fale sobre o projeto Sessão Vitrine à R$20,00. Foi uma escolha democratizar o acesso ou é contrapartida?
T.E.: Acredito que a proposta da Sessão Vitrine sempre foi democratizar o acesso a filmes nacionais de qualidade, o que envolve chegar a salas de cinema de todo Brasil, e principalmente com preços mais acessíveis; e a parceria com a Petrobras foi capaz de proporcionar isso. No entanto, quando recebemos o convite para integrar o projeto, as diretrizes já estavam definidas.
J.D.S.: Quais as expectativas para Teca e Tuti? Tem novos projetos?
T.E.: Nossas expectativas são de atingir a maior quantidade de pessoas possível nas salas de cinema e também de outras formas. Nossa ideia é, após o lançamento comercial, investir em muitas ações de extra cinema tentando chegar a lugares em que normalmente o filme não seria exibido. Também vamos disponibilizar de forma gratuita o filme para um programa de formação de professores, para que possa ser utilizado como ferramenta em sala de aula para estímulo da alfabetização.
Paralelamente a isso, com recursos da Lei Paulo Gustavo, montamos o “Centro de Formação em Cinema de Animação Stop Motion” com o intuito de compartilhar um pouco do que aprendemos ao longo desses anos com qualquer pessoa que goste de cinema e de animação, e tudo de forma gratuita (stopmotion.art.br).
Imagem Destacada: Divulgação/Rocambole Produções
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