Programa tem dois de seus balés mais pedidos, “O Corpo de” 2000 e “Parabelo” de 1997
A renomada companhia de dança contemporânea Grupo Corpo retorna aos palcos cariocas apresentando dois de seus balés mais celebrados: “O Corpo”, de 2000, que tem trilha do ex-Titã Arnaldo Antunes, e “Parabelo“, de 1997, que traz a festejada união musical do baiano Tom Zé e do paulista José Miguel Wisnik. Ambos voltam ao Rio depois de longa ausência ― “O Corpo” e “Parabelo” foram vistos pela última vez em 2011 e em 2013, respectivamente.
A temporada vai de 22 de maio a 2 de junho no Teatro Multiplan, na Barra da Tijuca, juntando no mesmo programa duas obras de estética e ambientação quase opostas. As duas coreografias de Rodrigo Pederneiras traduzem a brasilidade urbana e sertaneja, do Sudeste e do Nordeste, do tecnopop vertiginoso e da tradição em artesania.
Leia também: “Amaluna” e o universo encantado do Cirque du Soleil
Sobre o espetáculo “O Corpo”
Com o palco às escuras, as vozes filtradas puxam o mote: pé/mão/pé/mão. No fundo, piscam luzes vermelhas como as de um painel eletrônico. Os bailarinos, de malha preta pontuada por amarrações e volumes, mergulham na batida tecno enquanto as palavras (mão/umbigo/braço) vão se tornando mais e mais percussivas, mais som e menos significado. Tambores eletrônicos ressoam, permeados por melodias de várias origens – do funk à música árabe, do baião ao reggae.
Assim começa “O Corpo”, a primeira criação para a dança do compositor, escritor, poeta e performer Arnaldo Antunes. Ele partiu para uma tradução musical, sonora e semântica do corpo, como organismo e como engrenagem, mecanismo. É o corpo, então, “esse composto de ossos carne sangue órgãos músculos nervos unhas e pelos” que preside a peça de oito movimentos gravada com instrumentos acústicos, elétricos e eletrônicos; ruídos orgânicos como grunhidos, gritos e sangue nas veias fundem-se com guitarras, violões, teclados, baixo, percussão e as vozes de Arnaldo, Saadet Türkoz e Mônica Salmaso.
Neste balé, que celebrou no ano 2000 os 25 anos do Grupo Corpo, Rodrigo Pederneiras arquitetou movimentos mais secos e vertiginosos para a companhia. A pulsação ao mesmo tempo tribal e futurista incorpora-se nos movimentos, que vão do fetal, intra-uterino, ao autômato.
O linóleo é vermelho e o cenário virtual, projetado por Paulo Pederneiras, faz a sincronização de luzes vermelhas em diversas saturações, muitas vezes acompanhando a trilha e dialogando com graves e agudos; um quadrado branco delimita, aqui e ali, o espaço cênico.
Sobre o espetáculo “Parabelo”
A palavra é a corruptela de parabélum, pistola automática de procedência alemã, cuja etimologia deriva da máxima latina Si vis pacem, para bellum (Se queres a paz, prepara-te para a guerra). Em 1997, estreou Parabelo, celebração das cores, aromas e sons dos sertões mineiro e nordestino. A trilha, composta pelo baiano Tom Zé e pelo paulista José Miguel Wisnik, se traduziu, pela criação de Rodrigo Pederneiras, na “mais brasileira e regional” de suas criações, de acordo com suas próprias palavras.
O agreste surge da música a quatro mãos, em nove temas. A autoridade e experiência do baiano, aluno de Hans-Joachim Koellreutter, Walter Smetak e Ernst Widmer, com suas experimentações com objetos simples, como apitos e garrafas, o roçar de cordas, encontra a urbanidade pop-erudita do paulista. Tom Jobim e Luiz Gonzaga ganham citações, enquanto pontos e contrapontos se sucedem. A base instrumental ficou a cargo da banda de Tom Zé, com piano e teclados de Wisnik, rabeca pernambucana, percussão, sanfona, violões e vozes – as de Luanda (do Trovadores Urbanos), Nilza Maria, Tom Zé, Wisnik, Paulo Tatit, da baiana de Irecê, Gilvanete Silva, e de Ná Ozzetti e Arnaldo Antunes.
Leia mais: Lollapalooza 2024 | Titãs encerram o projeto Encontro com show impecável
A coreografia traduz a regionalidade e a brasilidade a partir do uso mais intenso dos quadris, no desmonte das formas, do vai-e-vem do xote e do xaxado, dos movimentos das lavadeiras, no prazer sensorial e também da vivência do sagrado. Essa dualidade é expressa no cenário de Paulo Pederneiras e Fernando Velloso, com ex-votos em dois paineis. Da mesma forma, a luz (de Paulo Pederneiras) vai do mistério azulado da noite à explosão solar do meio-dia no sertão.
Os figurinos de Freusa Zechmeister são malhas de pernas e mangas compridas em variações de vermelho, laranja e amarelo, no início cobertas de tule negro. Além disso, as trocas constantes vão do marrom metalizado à vibração das cores sólidas.
Serviço – Grupo Corpo
Teatro Multiplan VillageMall – Av. das Américas, 3900, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ
Temporada: De 22 de maio a 02 de junho de 2024
Dias: 22, 23, 24, 25 e 26 de maio | 29, 30, 31 de maio e 01, 02 de junho
Horários: de quarta a sábado às 20h. Domingo, às 17h
Ingressos a partir de R$ 20 (meia)
Vendas: Sympla
Classificação indicativa: livre
Duração: 1h44 (com intervalo de 20 min.)
Imagem Destacada: Divulgação/Grupo Corpo (Crédito: Jose Luiz Pederneiras)
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.