A banda Braza, composta por Danilo Cutrim, Nicolas Christ e Vitor Iseense lançou seu primeiro disco em Março deste ano.
Formada por três ex-integrantes da banda Forfun, Braza chega no cenário musical brasileiro com músicas atravessadas pelo reggae e suas vertentes, rap e até hardcore.
Atrelada ao ritmo festivo que é composto por solos de guitarra até os de flauta transversa, comandada por Lelei Gracindo, nota-se um grande senso de responsabilidade social.
Braza chega no cenário musical em um momento de mudanças dentro da nossa sociedade. Momento esse, de ótimas oportunidades para desconstrução de valores que não cabem numa sociedade igualitária.
A banda deixa essa mensagem bem clara no trecho da música Easy Road, em que ressaltam a ideia de “desconstruir para progredir”, remetendo-nos a movimentos sociais que tem ganhado força ultimamente.
O grupo trabalha a arte da música como forma de entretenimento e conscientização. Todas as músicas são compostas pelo trio. Além de músicos, deixam grandes contribuições para o progresso positivo da sociedade. Na 2ª música do disco, Oxalá, credos diferentes são abordados, cada um com sua devida importância.
A intolerância religiosa se manifesta pela falta de capacidade ou vontade de respeitar todos os tipos de credos. O número de casos de violência por intolerância religiosa cresceram abruptamente desde 2011, quando o disque 100 abriu espaço para esse tipo de denúncia.
Outra questão que precisamos avançar enquanto sociedade envolve o racismo. Estatísticas comprovam como esse preconceito ainda nos atinge brutalmente, sendo manifestado de diversas formas.
O trio nos chama atenção pra essa questão em dado momento do show na qual interpretam a música de Gabriel O Pensador, “Lavagem Cerebral”. Lançada em 1993, ainda faz muito sentido 23 anos depois.
Gabriel O Pensador segue como um dos artistas que inspiram a banda, tendo além Chico Buarque, Dorival Caymmi, entre outros.
Chico Buarque deixou uma importante contribuição para a banda, ressaltada na 6ª música do álbum, Pedro Pedreiro Parou de Esperar, inspirada na música de Chico, Pedro Pedreiro, lançada no ano de 1966.
Nessa música, o narrador nos fala da história de um homem que nasceu na favela em uma família desajustada. Fazendo com que, em poucos anos de existência, esse mesmo homem tendo pouca ou nenhuma possibilidade de inserção social tenha que prover seu sustento.
Na continuação, a letra narra como os comportamentos de Pedro são atravessados por crimes sociais resultando na exclusão de diversos cidadãos. Outra questão que chama atenção nessa música é o como a trajetória de vida de alguém influencia seus comportamentos presentes. Antes de atribuirmos juízo de valor aos comportamentos de Pedro, entendemos que ele não usufruiu de uma infância típica, o que nos permite entender porque algumas ações de Pedro são atravessados pelo sentimento de raiva.
Indo além, a letra nos chama atenção com o fato de que somos todos iguais, fazemos parte de um todo, o mesmo todo. Depois da breve narração da história de Pedro, o mesmo se apresenta, dizendo “eu me chamo Pedro e você sou eu também”.
Braza explora a música como ferramentas para divertimento e conscientização. Não deixando a desejar em nenhum dos dois quesitos.
Por Letycia Miranda
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.
Adorei a matéria! Ansiosa para a próxima já. Conheci a banda através de você e super recomendo quem não conhece, passar a conhecer, depois que conheci passei a ver o mundo de outra forma, outra visão da vida, e admiro muito eles assim como você! Parabéns e sucesso.
Excelente matéria, como tudo que você se propõe a escrever!! Já está na minha lista de pendências ouvir Braza, mas agora aguçou ainda mais a curiosidade. Vou começar pelas músicas citadas. Parabéns, a partir de agora estarei sempre aqui te acompanhando!!!