Em “Nas Terras Perdidas”, casal da vida real se reúne em adaptação do famoso escritor George R.R. Martin, que inspirou “Game Of Thrones”
Já fazia algum tempo que o casal composto pela atriz Milla Jovovich e o diretor Paul W.S. Anderson não se reuniam em um filme, desde 2020 com “Monster Hunter”, adaptação dos jogos da empresa Capcom.
E que ocasião melhor do que uma adaptação de um conto do badalado escritor George R.R. Martin, criador do fenômeno literário que são as “Crônicas de Gelo e Fogo”, que deu origem a uma das séries de tv mais festejadas de todos os tempos, “Game Of Thrones”?
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Pois Anderson, “especializado” em adaptações, utilizou como fonte contos homônimos do celebrado escritor, inclusos na coletânea “Amazons II”, do longínquo 1982, contando a história da bruxa Gray Alys (Milla, claro), dona de um código interessante de não recusar o pedido de ninguém, que vive em um mundo pós-apocalíptico em que modos medievais retornaram sob a tirania da igreja, com escravidão, opressão e uma rainha que faz tudo para manter seu poder e ter suas vontades atendidas, encarregando a heroína de trazer um item no mínimo perigoso: a pele de uma perigosa e invencível besta mística.
Até aí (tirando a parte da fantasia), falando-se em futuro apocalíptico e distopias ditatoriais, nada que a saga “Mad Max” em qualquer um dos filmes já não tenha apresentado de forma melhor, mas diferente do lendário cineasta George Miller que filma diversas sequências de ação absurdas e adrenalizantes in loco no deserto, Anderson prima pelo uso da ferramenta Unreal Engine, composta de cenários digitais, para compor cada um dos cenários e até realizar alguns travellings interessantes com a câmera, desvendando esse mundo devastado que propõe aos expectadores.

Não há nenhuma realidade para se apegar, pois toda e qualquer ambiente e locação é composta por efeitos visuais que variam em cores cinzas, douradas e eventualmente azuladas, totalmente irreal aos nossos olhos, mas quem curte essa estética às vezes puxada ao expressionismo à la “300” (2007) de Zack Snyder vai apreciar mais.
Porém além de contar com cenários irreais, não ajuda ter atores principais que não conseguem trazer relevância à narrativa, pois se no citado “300” temos atores como Gerard Buttler e Rodrigo Santoro que se entregam aos personagens e aterram nossas atenções nas emoções humanas, com Milla Jovovich e Dave Bautista, que interpretam os protagonistas, não temos a mínima conexão emocional, pois são dois arquétipos que nunca mudam, se sobressaem e nem fazem questão de serem carismáticos.
Não há regras desse mundo explicadas de forma satisfatórias, poderes são usados quando convém e parece que o diretor ainda está adaptando sua cinessérie dos games de “Resident Evil”, pois foram filmadas como cut scenes de qualquer console de no mínimo uns 10 anos atrás.
Nem na reviravolta final, já percebida para quem assiste a muitos filmes e séries consegue sacar, resta alguma humanidade nesses personagens místicos e isso seria essencial em um filme em que tudo é “falso”, mas é composto por um típico faroeste de jornada e origem bem americana.
Há muita câmera lenta e poucas cenas inspiradas para que esse conto com uma premissa muito interessante sobre o poder da manipulação religiosa e dos poderosos — incrivelmente atual hoje em dia e que desde décadas atrás já se manifestava na escrita do consagrado criador de Game Of Thrones — se sobressaia da mediocridade com que é apresentado.
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Talvez seja esse mesmo a vibe e a ambição de Paul W.S. Anderson, continuar a dirigir filmes pipoca ou adaptações diversas com sua bela esposa como protagonista, alimentando uma audiência que procura apenas histórias divertidas para assistir no cinema ou quando saírem em algum streaming, e tudo bem, só que há possibilidade de caprichar mais e tornar a coisa toda mais interessante em termos de contação de histórias e que o ajudaria, mesmo depois de tantos filmes descartáveis, a se tornar relevante.
A questão seria se ele tem interesse nisso, pois de filmes que tem seu maior apelo somente pela técnica já temos diversos.
Imagem Destacada: Divulgação/Diamond Films

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