O diretor de “Para minha amada morta” antes de sua vida atrás das câmeras
Aly Muritiba é roteirista, produtor e diretor cinematográfico, com a direção de 8 curtas metragens, um telefilme e um longa-metragem coletivo no currículo. Os curtas: A Fábrica (vencedor de mais 60 prêmios em festivais nacionais e internacionais, nominado ao OSCAR 2013), Pátio (vencedor do É Tudo Verdade, e selecionado para a Semana da Crítica do Festival de Cannes), A Gente (vencedor do DOK Leipzig 2013) e Tarântula (selecionado para mostra competitiva do festival de Veneza em 2015) são os principais trabalhos do diretor.
Dia 31 de março será lançado primeiro longa de sua carreira, o filme “Para minha amada morta”, com Mayana Neiva e Fernando Alves Pinto.
Antes de seguir carreira, Muritiba conta que foi agente carcerário e bilheteiro da CTPM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), sendo no emprego de bilheteiro que ele teve o seu primeiro contato com um set de filmagens, tendo inclusive, feito uma ponta no filme, fingindo exercer sua própria função na época. Ninguém melhor que o próprio para contar, veja o depoimento:
Era o ano de 2001, minha esposa estava grávida, eu dividia a rotina entre os exames pré-natal, a faculdade de História na USP, a Mecatrom e o trampo na bilheteria da estação de trem Berrine, da CPTM. Ali, naquela estação, eu presenciei pela primeira vez em minha uma cena de cinema a ser gravada: Era meu plantão, quando a equipe do filme De Passagem chegou para fazer umas tomadas de compra de bilhete e caminhada pela estação. Lembro-me de ter ido perguntar para uma das pessoas da equipe por que demoravam tanto para filmar algo tão simples. Lembro ainda que esta mesma pessoa me pediu para não ficar olhando aquela tevezinha (vídeo assist) em frente a qual o diretor estava sentado. Creio que para me manter longe da tal tevezinha, a moça me perguntou se eu não aceitaria fazer uma ponta no filme. O papel? O meu mesmo, bilheteiro de trem. Havia cachê (50 FHCs, a moeda da época) e almoço (foi feijoada, economizei a marmita). Topei. Fiz a cena, o bilhete de trem mais bem pago de minha carreira e fui pra casa com um dinheirinho a mais para o leite do filho por nascer. Um tempão depois, Daniel já nascido, me ligam em casa convidando para estreia do filme no qual “atuei”. Fui, e levei a esposa e filho pra ver minha participação num filme, vejam só! Era na Mostra de SP e Daniel choramingou durante a sessão, provocando certo desconforto na equipe do filme com aquele figurante desavisado (eu), que não conhecia o protocolo dos festivais de cinema. Ao fim e ao cabo a cena que fiz foi cortada (não por minha causa, claro – sou um ótimo bilheteiro de trem até hoje – mas porque esta cena não servia para nada mesmo, assim como 99% das cenas de transição) e eu fiquei meio abobalhado com a minha ausência no filme (eu jurava àquela época que só se filmava o que ia para a tela). Voltei pra casa, toquei a vida, fiz um bando de coisa, dentre elas desistir de cantar, e eis que este mês, 13 anos depois, voltei à Mostra com meu primeiro longa PARA MINHA AMADA MORTA. Da experiência como De Passagem aprendi duas coisas: pensar mil vezes antes de filmar uma cena de transição, e deixar que todos e qualquer um dê uma olhadinha no vídeo assist quando a cena estiver sendo rodada.
Um contato feliz, já que Aly Muritiba se apaixonou pelo universo cinematográfico e estreia no final do mês com um longa premiado no 48º Festival de Brasília nas categorias de melhor direção; melhor ator coadjuvante, para Lourinelson Vladmir; melhor atriz coadjuvante, para Giuly Biancato; melhor direção de arte, para Monica Palazzo, e melhor montagem, para João Menna Barreto. “Para minha amada morta” também foi eleito como melhor filme pelo júri da crítica.
Gleicy Favacho é uma maquiadora com alma de artista. Quando pequena sonhava em descobrir um mundo fantástico através do armário muito antes de se ouvir falar em Nárnia. Essa imaginação a levou a seguir uma profissão onde ela pudesse participar da construção de vários mundos e histórias diferentes, sendo apaixonada por cinema, teatro e outras artes. Claro que, sendo adulta, já mantém um pouco mais os pés no chão, mas sempre olha dentro de um armário ou outro, afinal, vai que… né?
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