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Crítica

Crítica: O Lobo do Deserto

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A Jornada do Herói.

Na ultima quinta-feira, 18 de fevereiro, estreou o longa “O Lobo do Deserto (Theeb)” nos cinemas nacionais. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, representando a Jordânia, ele teve sua estreia mundial em 2014, no Festival de Veneza.

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A trama nos traz Theeb (Jacir Eid), uma criança órfã e beduína criado por seu irmão mais velho, Hussein (Hussein Salameh). A jornada se inicia quando dois homens, sendo um deles um soldado, são acolhidos na tribo de Theeb e pedem para que sejam guiados pelo deserto até um determinado poço. Hussein se torna o guia deles e partem ao destino, onde o menino se aventura atrás do irmão e descobre os perigos presentes nos caminhos dessa empreitada.

O longa marca a estreia do diretor Naji Abu Nowar, trazendo uma direção sem muitas pretensões para narrar uma “nova” versão da jornada do herói. Com bastante delicadeza, o diretor tem sua marca impressa nos planos escolhidos para mostrar a ingenuidade e o amadurecimento do protagonista através de sua vivência forçada aos perigos e belezas do deserto. Seu trabalho tem o que Hollywood sempre amou: Humanidade. Usando o naturalismo, que nem sempre é tão querido pelo publico, em sua narrativa, Naji consegue nos deixar entretidos e emocionados com a história, numa mistura de faroeste, road movie e um drama “seco”.

Theeb significa lobo em árabe, e de forma subliminar, pode nos vir à cabeça que o filme seja uma versão humana, realista e contemporânea, mesmo passando no século passado, de “Mogli – O Menino Lobo”. Ambos são criados em ambientes hostis e precisam enfrentar seus medos para amadurecer e sobreviver a sua realidade.

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Gravado no deserto de Wadi Run, onde também foi gravado “Perdido em Marte (2015)” e “Lawrence da Arábia (1962)”, ao sul da Jordânia, o filme é um requinte visual e tem uma super produção. Inegavelmente a escolha de sua coloração amarelada e opaca é uma deliciosa representação da aridez não só do deserto, mas da realidade do jovem lobo que, mesmo sendo uma criança, perde sua infância para trabalhar em sua sobrevivência. O que inegavelmente é um retrato cruel de muitas crianças nos dias de hoje.

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Foto: Divulgação

Outra virtuosa presença é a épica e contrastante trilha sonora. Ela não só nos apresenta as circunstancias como nos emociona e contribui para nos apegarmos ao menino. Ela apresenta um amadurecimento gradativo para poder desenvolver a inocência, o medo e, mais tarde, a maturidade de Theeb.

Vale ressaltar que, com exceção do ator Jack Fox, todos os demais atores são iniciantes. O que nos deixa pasmos com a capacidade do jovem Jacir encarnar a personagem. Não há dúvidas que o menino apresenta uma interpretação tão crua e singela que muitos atores com anos de estrada não são capazes de realizar. Teu olhar, seguindo a boa direção de Naji, consegue captar e descrever as emoções da personagem, sem que ele precise falar.

“O Lobo do Deserto” possui um desenvolvimento interessante, mesmo não sendo tão intenso. Historicamente situado, entre a 1° Guerra Mundial e a Revolta Árabe, na Província de Hejaz, localizado no Império Otomano, o longa é mais um filme qualificado e que merece atenção do mundo por sua qualidade técnica e por explorar um recorrente tema em suas explicitas entrelinhas.

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Paulo Olivera é mineiro, Gypsy Lifestyle e nômade intelectual. Apaixonado pelas artes, Bombril na vida profissional e viciado em prazeres carnais e intelectuais inadequados para menores e/ou sem ensino médio completo.

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Paulo Olivera é mineiro, Gypsy Lifestyle e nômade intelectual. Apaixonado pelas artes, Bombril na vida profissional e viciado em prazeres carnais e intelectuais inadequados para menores e/ou sem ensino médio completo.

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