O Diretor Robert Eggers Realiza seu Sonho Cinematográfico com “Nosferatu” (2024)
O filme “Nosferatu” é a obra preferida do diretor e roteirista Robert Eggers que em seguidas entrevistas informa que, quando adolescente, participou de uma peça na escola e, pouco mais adulto, montou um espetáculo mais profissional onde interpretou a própria criatura das trevas.
E com grande expectativa, os cinéfilos e expectadores em geral aguardavam a adaptação desse primoroso realizador responsável por filmes como “A Bruxa”, “O Farol”, “O Homem do Norte” e o que ele faria do clássico filme inicialmente realizado pelo cineasta alemão F. W. Murnau, que em 1922 fez parte da pedra fundamental do movimento de expressionismo alemão no cinema, baseando-se quase que totalmente no romance “Drácula” do irlandês Bram Stoker, mas feito sem que os direitos autorais fossem respeitados e, por isso, o uso do nome Nosferatu, palavra de origem húngaro-românica que significa “vampiro”.
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E quando escrevemos “baseado” é um eufemismo para uma adaptação cinematográfica quase na íntegra do romance filmado por Murnau com diversas passagens literais do livro de Stoker, que apresentou e popularizou esse personagem e seus coadjuvantes através das décadas: o esposo diligente que é obrigado pela necessidade financeira, e certa ganância, a deixar na casa de amigos sua jovem, bela e recém-casada esposa para viajar a um país distante para realizar as tratativas comerciais da venda de uma propriedade na fictícia Wisborg, Alemanha, solicitada especificamente pelo dono soturno de um castelo em longínquas terras da Europa, seu caçador implacável, a família amiga que acaba enredada nessa história de perdição…
No que segue logo se descobre a armadilha criada pelo famigerado Conde Orlok, que levará esse jovem, sua esposa, e conhecidos a uma jornada de terror e terríveis consequências que se desdobram em todas as adaptações dessa obra, assim como a versão do próprio Nosferatu de outro diretor alemão, Herner Werzog, de 1979, também no mesmo ano no “Drácula” do britânico John Badham, e a suntuosa versão do “Drácula de Bram Stoker”, de Francis Ford Coppola, em 1992.
Ou seja, é uma história definitivamente clássica e conhecida mundialmente.
O que causa dúvida do que o diretor e roteirista Robert Eggers traria de novo ao texto em 2024?
E verdade seja dita, ele traz a versão mais malévola e insidiosa do primeiro de todos os vampiros do cinema como uma força do mal absoluto!
Não há nuances no Orlok de Eggers, é um monstro literal que nada tem de “incompreendido” pela sua natureza como nas versões dos alemães, nem de “romântico” (com aspas mesmo) das versões hollywoodianas.
Ele é frio, cruel, demanda sangue além de obediência cega às suas ordens e vontades, nem que para isso traga uma praga terrível a Londres ou se aproveite dos mais indefesos seres humanos para alcançar e dominar Ellen, sua prometida, interpretada com devoção por Lilly Rose Depp (sim, filha do Johnny).
Eggers não nos poupa do desconforto da figura do vampiro, embora nas sombras (muitas sombras) brinque com a figura do personagem trazendo de soslaio as formas que lembram as suas encarnações anteriores desde Murnau até Coppola, e só nos revela o excelente trabalho de maquiagem que torna real e irremediavelmente desconhecido o bom ator Bill Skarsgård (o palhaço Pennywise de “It, A Coisa”), após bons minutos da narrativa que toma o seu ritmo, como em todos os filmes do diretor.
O ideia do mal irremediável é inserido na história através de Ellen como vítima de uma sociedade tão opressora que somente o sobrenatural poderia livrar-lhe do destino da maioria das mulheres da sua época, e nisso o diretor e roteirista é mestre em mostrar-nos desde os espartilhos que a donzela é obrigada a usar, até pelas insinuações que estaria histérica, as formas como não é ouvida e o quanto sua vontade é constantemente vilipendiada a sua reveli,a e aí reside a grande força da interpretação da atriz, que se esmera nas cenas de possessão, mas às vezes falta alcance dramático em algumas cenas, tanto quanto ao seu colega de elenco, Aaron Taylor-Johnson (“Kraven, O Caçador” de 2024).
Quanto à Nicholas Hoult (”Jurado N º 2” de 2024, e que ano desse ator), é sempre sólido e traz ao esposo de Ellen todo o desespero ao se perceber parte da engrenagem, para quase tudo que se sucede ao redor da sua amada.
O grande Willem Dafoe (constante colaborador do diretor), começa muito bem com seu misterioso Professor Abin Eberhart (o que seria o Van Helsing do livro), mas de repente com seus momentos de devaneios cai numa comicidade involuntária tamanho os absurdos pseudo-científicos inseridos na trama.
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De resto sobra aos espectadores o espetacular domínio de cena, cinematografia, direção de arte nada menos do que perfeitas — outra especialidade do realizador — com obsessiva atenção a todos os detalhes e ritos dos contos da época em que encena o filme, numa obra suntuosa a ser estudada a todos aqueles que adoram as partes técnicas do cinema.
Um verdadeiro espetáculo de terror gótico, mas que carece de um pouco mais de estofo para se sustentar como uma obra diferenciada.
O personagem principal, a arte, o preciosismo estão lá, mas falta algo à narrativa que poderia significar algo mais em uma história tão querida.
Só o horror pode ser sim o suficiente, mas poderia ter mais, pois que Orlok é um monstro nós sabemos.
Mas o que leva esse vampiro a ser assim?
Nem tudo precisa de explicações ou justiticativa, claro, mas o filme carece de mais substância dramática, mas ainda assim é ótimo cinema, como o diretor Robert Eggers gosta e sabe fazer como poucos hoje em dia.
Imagem Destacada: Divulgação/Universal Pictures
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