Recentemente, cinco atrizes da indústria pornográfica foram encontradas mortas em um período de apenas três meses. Um número chocante e certamente intrigante.
Sheyla Stylez, canadense de 35 anos, morreu durante o sono em novembro de 2017. No mês seguinte, August Ames, de 23 anos, cometeu suicídio. Pouco depois, em dezembro mesmo, morreu Yuri Luv, de 31 anos. A suspeita é overdose acidental de remédios. Em janeiro desse ano, Olivia Nova, 20 anos, e Olivia Lua, 23. A primeira, foi encontrada morta mas a causa ainda é desconhecida. A segunda, morreu em uma clínica de reabilitação em Hollywood.
Essa sequência trágica, além de abalar o mercado internacional desse segmento, gerou uma série de questionamentos sobre a segurança, a qualidade e o suporte que as pessoas recebem nesse meio de trabalho. Principalmente diante do fato de que muitas atrizes constantemente sofrem com cometários ofensivos sobre a profissão e com cyberbullying.
A atriz Ginger Banks, através de um vídeo, expressou seu desejo de ter um suporte maior para os integrantes da indústria pornográfica, dizendo que a sociedade os coloca de lado, principalmente os atores e as atrizes. “A maneira que a sociedade olha e trata as estrelas pornô nos deixa para baixo. É difícil sentir que nós não pertencemos ou que somos inferiores”, Banks disse para a Hollywood Life. “Eu entrei em depressão por causa do jeito que as pessoas viam meu trabalho. Essa é a pior parte da profissão, o jeito que as pessoas me tratam”.
Pela facilidade de entrar no ramo, ás vezes essa indústria atrai pessoas mais vulneráveis, e as constantes frustrações envolvendo a profissão, podem se tornar gatilhos para problemas envolvendo saúde mental e de abuso de substâncias. Dentre os agravantes desses problemas, são listados: a falta de segurança no trabalho; as pressões para interagirem em redes sociais; o aumento da concorrência; a baixa perspectiva de carreira, já que os produtores e os clientes exigem renovações constantes; os cometários ofensivos e abusivos nas mídias sociais; e a demanda por cenas que exigem muito do físico da atriz.
“Hot Girls Wanted”, disponível na Netflix, pode ser usado como um exemplo para retratar essa realidade. O documentário mostra que o dinheiro fácil e a fama seduzem várias jovens para a indústria pornográfica. Muitas, procurando uma forma de escape de suas realidades, sem saber muito bem com o que estão se envolvendo. Quando as desventuras da profissão aparecem, acabam se frustrando e com isso, sérios problemas podem ser desenvolvidos.
Nos Estados Unidos, existem algumas organizações para dar um certo suporte aos envolvidos. A Adult Performer Advocacy Committee (APAC) atua para melhorar as condições de saúde e segurança dos atores. A organização não sindicalizada, também disponibiliza uma lista de terapeutas e psicólogos que eles podem procurar. A APAG (Adult Performers’s Actors Guild), defende os interesses dos atores e das atrizes. “Estamos trabalhando para conseguir algo juntos, como um centro de saúde mental para nossos atores”, disse Kelly Pierce, do conselho da APAG.
Por Marcela Riedel
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