Em 1997, o mundo conheceu via PC e PlayStation “Oddworld: Abe’s Oddysee”. O título trazia a clássica mecânica de plataforma em 2D, similar à do clássico “Prince of Persia”, além do protagonista ter a capacidade de falar com outros personagens para comandá-los. Pode soar banal, mas era um recurso completamente inovador naqueles tempos.
O game também contava com excelentes sequências de animação para contar a história: você é Abe, um escravo da raça Mudokon, habitante do planeta Oddworld, trabalhando numa gigantesca fábrica de processamento de carne, Rupture Farms. A empresa é comandada por Glukkons, que praticamente extinguiram a vida selvagem do planeta por lucro. Em crise, eles decidem então usar seus escravos como matéria-prima para o próximo grande lançamento. Caberá a Abe, com todas suas limitações físicas e desconhecidos poderes sobrenaturais, libertar seus companheiros e salvar suas vidas.
Enquanto a história e a ambientação são, de fato, bem sombrias, todo o peso é balanceado com um excelente senso de humor. Apesar de ser um game brutalmente difícil, ele era, acima de tudo, cativante. Cumprir o objetivo de libertar seus colegas, resolver os complexos quebra-cabeças era recompensado com excelentes cenas entre cada fase: uma jornada dos imundos corredores metálicos da fábrica, fugindo de guardas armados, até as selvas e desertos do planeta, tentando sobreviver à perigosa vida selvagem, que antes servia apenas como recheio de tortas.No ano seguinte, 1998, seria lançada também em PC e PlayStation, a sequência “Abe’s Exoddus”, continuando à história com melhores animações e mecânicas, num game maior ainda. O sucesso da série renderia outra sequência, em 2001, com mecânica reformulada para 3D e personagens novos – “Munch’s Oddysee”, além de uma história separada, mas ambientada no mesmo universo, “Stranger’s Wrath”, de 2005. Os dois títulos foram lançados para o primeiro Xbox, onde se saíram bem, destacando-se como alguns dos melhores títulos do console. No entanto, o Xbox original fez um sucesso bem restrito aos EUA, o que terminou, a longo prazo, fazendo com que o trabalho da equipe Oddworld Inhabitants ficasse um tanto esquecido.
Tempos depois, em 2013, foi anunciado “New’n’Tasty: Abe’s Oddysee”, reboot do hit de 1997. O título, lançado digitalmente para os consoles de nova geração e PC’s, em 2014, refaz do zero o game original. Sabemos que ultimamente há uma grande demanda por remakes, mas poucos conseguem equilibrar a necessidade de satisfazer antigos fãs e inovar para ganhar novos. Felizmente, New’n’Tasty acertou na combinação, conseguindo vendas respeitáveis e possibilitando uma sequência, que poderá ser lançada ainda em 2017.
Em meados do ano passado, foi anunciado “Soulstorm”, que, por sua vez, será baseado no clássico “Abe’s Exoddus”. Por hora, não há muitas novidades oficiais sobre o lançamento. Sabe-se que a história deverá assumir um tom mais sombrio, mesmo que ainda marcada pelo senso de humor presente na franquia.
Enquanto o game de 1998, conforme dito aqui, conseguiu manter o sucesso de seu antecessor, o criador da série, Lorne Lanning, revelou em entrevista à Waypoint que o produto final divergia bastante de sua visão inicial. Exoddus precisou ser feito em nove meses, com a equipe pressionada a entregá-lo a tempo das vendas de fim de ano, o que terminou encurtando as possibilidades de levar a história mais longe ainda.Para o futuro lançamento, ele revela que reescreveu toda a história, com poucos elementos-chave da original, representando melhor a visão que queria ter revelado há quase duas décadas.
Com a jornada de Abe, vemos por trás das impressionantes animações e humor uma história de personagens escravizados e um planeta ameaçado pela desenfreada industrialização. A série, que completa 20 anos em 2017, nos trouxe um herói relativamente indefeso dentro de um mundo e um sistema cruel. É impossível não se identificar um pouco com ele. Talvez seja esse o motivo, além da excelente jogabilidade, pelo qual ainda nos lembramos destes personagens, tanto tempo depois.
Todo o catálogo de games de Oddworld, inclusive os clássicos, podem ser adquiridos atualmente pelo Steam, além de ports para dispositivos móveis e consoles.
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