Selecionamos 101 títulos de animes que mudaram e influenciaram a cultura pop
Toda lista de “maiores” como “Os 101 Animes mais influentes da história” há de soar ufanista; essas coisas vão de uma valoração muito particular e são difíceis de medir. Seja como for, decidimos montá-la pensando em revisitar a história da animação japonesa e refletir o que mudou ao longo das décadas pela forma como consumimos e nos apaixonamos por animes.
Para essa seleção, não foram levadas em conta adaptações de mangás influentes, mas que não foram necessariamente tão bem sucedidos (“Kingdom”, “Glass no Kanmen”) — ou por serem muito recentes (“Baki”). Mas nem só de uma andorinha se faz verão: Osamu Tezuka pode ser um grande artista, mas o caminho foi pavimentado com vários outros mestres, e o mesmo vale para o tempo presente; essa lista busca sair do óbvio e focar em impactos de nicho, diversificação de mercado, e impacto na cultura pop — razão pela qual há uma afunilamento para as últimas décadas. Esta não é uma lista de melhores animes.
Vamos lá? E você, acha que alguém ficou de lado?
Anos 60: O nascimento dos animes modernos

Para se falar do que entendemos como animação japonesa e seu estilo voltamos imediatamente para a década de 60, quando pela primeira vez uma animação ganhou seu espaço com bloco completo na televisão, um sucesso sem precedentes: “Astro Boy”, de Osamu Tezuka, abre os portões para algo que se tornaria muito maior do que jamais poderia se imaginar, uma indústria bilionária e que viria a se tornar ponto chave para mudança dos olhos do mundo sobre o Japão.
Na época, fazia pouco mais de uma década desde que os EUA deixou de ocupar militarmente o Japão, a memória da guerra ainda estava muito fresca e o país tentava se reconstruir após uma derrota traumática. A animação era muito influenciada pelos cartoons americanos, como comenta o próprio Tezuka, e boa parte dos shows buscava criar fábulas como forma de trazer uma boa influência aos jovens, a citar “Ougon Bat”/“Fantomas” — adaptado do kamishibai e tido como o primeiro super-herói moderno — “Mahoutsukai Sally”, o primeiro mahou shoujo, mas também histórias de vanguarda mais adultas, como a primeira versão de “Dororo”, tão icônica quanto o remake.
O anime mais antigo ainda em exibição é também dessa época, “Sazae-san”, contando as desventuras do dia-a-dia de uma família prototípica japonesa. Sua produção até os dias de hoje mostra a valorização de um clássico que atravessa gerações; tirá-lo do ar seria tão estranho quanto tirar o “Programa Silvio Santos” do ar.
- 1. Astro Boy (1963)
- 2. Jungle Taitei (1965)
- 3. Mahoutsukai Sally (1966)
- 4. Ougon Bat (1967)
- 5. Speed Racer (1967)
- 6. Dororo to Hyakkimaru (1969)
- 7. Sazae-san (1969)
Anos 70: Diversificação de públicos

Sem deixar de lado o público infantil, há uma boom de títulos experimentais, buscando tratar de problemáticas universais, grandes sagas que apelam também ao público adulto. Reinvidicações de gênero, críticas a família e ao sistema, partem de uma participação maior de mulheres na indústria, como marcado pelas obras das mangakás do “Grupo do Ano (Shouwa) 24″.
A estética do que entendemos como anime vai se afastando de algo mais estadunidense e desenvolvendo características próprias muito reconhecíveis, com o apelo a um estilo mais realista sendo bem forte na década. Anime, enquanto forma de arte, é percursor de influenciar diversos outros artistas nas gerações que se seguem, inclusive no exterior, como pelos trabalhos de Moto Hagio e Riyoko Ikeda, com personagens andróginos e de beleza ambígua, e como percursoras em debater homoerotismo na mídia mainstream, a citar “Versailles no Bara” (1979) — com influências rocambólicas no Ocidente.
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Os anos 70 são também foram importantes para o nascimento de um dos gêneros mais populares de animação. Ao que seja debatível quem veio primeiro, “Mazinger” (1972) e “Mobile Suit Gundam” (1979) ajudaram a asfaltar o caminho que daria tantas outras obras tão boas quanto.
- 8. Ashita no Joe (1970)
- 9. Lupin III (1971)
- 10. Doraemon (1973)
- 11. Mobile Suit Gundam (1979)
- 12. Versailles no Bara (1979)
Anos 80: Consolidação

Colhendo os bons frutos de trabalhos anteriores, os anos 80 puderam disfrutar de uma expansão de mídias com o crescimento do mercado, a explosão das Original Video Animations (OVAs), iniciada — mas não limitada a — “Dallos” (1983) — que mostrou um novo nicho de marcado que poderia ser explorado.
As OVAs foram definitivamente o grande pulo do gato dos anos 80. Diversas obras mais adultas, violentas, e explorando temáticas sensíveis nasceram da maior liberdade artística que o formato tinha em comparação as exibições em TV, florescendo o cyberpunk japonês — “Akira” sendo facilmente o principal, dando a cara do que é uma história cyberpunk. A violência da década está estampada nas histórias “ultramacho”, como “Hokuto no Ken”, que eram extremamente populares, mas perderam espaço para um novo formato que se tornaria ainda mais lucrativo.
É claro que estamos falando dele. Não poderíamos esquecer que Akira Toriyama fez história ao criar simplesmente a obra mais famosa do Japão, “Dragon Ball”, tido como o “pai do shounen moderno” por reescrever como as histórias a partir dali seriam idealizadas: protagonistas obstinados, meio bobões (talvez comilões), meio malandros, mas de coração de ouro.
A consolidação do anime no Japão possibilitou o surgimento do estúdio de animação nipônico mais conhecido no exterior, o Ghibli, com trabalhos de Hayao Miyazaki e Isao Takahata que se tornaram parte canônica do cinema mundial — “Nausicaä do Vale do Vento”, “Túmulo dos Vagalumes”, “Meu Amigo Totoro”, “Serviço de Entregas da Kiki”.
- 13. Dallos (1983)
- 14. Hokuto no Ken (1984)
- 15. Dragon Ball (1986)
- 16. Saint Seiya (1986)
- 17. Akira (1988)
- 18. Legend of the Galactic Heroes (1988)
- 19. Meu Amigo Totoro (1988)
- 20. Túmulo dos Vagalumes (1988)
- 21. Ranma ½ (1989)
Anos 90: Expansão ao ocidente

A primeira grande explosão mundial dos animes data da década de 90, com a exportação em massa de produtos da década e anteriores, como o fenômeno “Dragon Ball” chegando pela primeira vez no continente americano. Embora fossem já exibidos desde a década de 60, as prouções japonesas — incluindo tokusatsu (vide “National Kid”) — eram sujeitas à censura do governo e entravam em menor aporte.
Quem cresceu nos anos 90 e início dos 2000 deve lembrar do choque cultural e reação conservadora com a chegada de animes no país, rotulados como anti-cristãos, e propagadores de valores negativos à família e sociedade, como a violência. Foi nessa época que foram formadas as primeiras e mais expressivas comunidades de fãs internacionais.
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Não dá para não falar como a onipresença da animação japonesa provocava grande euforia nos mercados externos consumidores, vistos como uma “novidade” e contrapartida aos produtos majoritariamente estadunidenses — uma curiosa ironia frente ao período complicado que o Japão enfrentava na economia. Dessa primeira grande leva surgiram franquias de estrondoso destaque, a citar “Pokémon” e “Digimon” com a febre dos monstrinhos, “Sailor Moon” reescrevendo o que é ser uma garota mágica, “Neon Genesis Evangelion” e seu reset cultural com o gênero mecha, e “One Piece”, a partir do mangá de mairo vendagem da história.
Falando em impacto cultural, os animes foram recebendo ainda mais atenção de cineastas ocidentais, tornando-se a partir daqui um lugar comum serem referenciados em obras de Hollywood. Exemplo disso é “Perfect Blue” e “Ghost in the Shell”, referências obrigatórias para qualquer cinéfilo.
- 22. Crayon Shin-chan (1992)
- 23. Sailor Moon (1992)
- 24. Yu Yu Hakusho (1992)
- 25. Slam Dunk (1993)
- 26. Ghost in the Shell (1995)
- 27. Neon Genesis Evangelion (1995)
- 28. Detective Conan (1996)
- 29. Samurai X (1996)
- 30. Perfect Blue (1997)
- 31. Pokémon (1997)
- 32. Shoujo Kakumei Utena (1997)
- 33. Berserk (1998)
- 34. Cardcaptor Sakura (1998)
- 35. Cowboy Bebop (1998)
- 36. Serial Experiments Lain (1998)
- 37. Trigun (1998)
- 38. Digimon (1999)
- 39. Great Teacher Onizuka (1999)
- 40. One Piece (1999)
- 41. Hajime no Ippo (2000)
Anos 2000: Cultura otaku na era digital

O novo milênio mudou para sempre a forma como nos comunicamos e nos entretemos. Ao fim da década, 38.15% dos brasileiros tinha acesso à internet, uma tendência mundial. Acompanhar anime ficou mais fácil e democrático pela presença da pirataria a possibilidade de escolha de títulos, antes limitados à distribuidoras locais, e comunidades otaku foram se formando em torno de fansubs e grupos afins.
É dessa época que surgem obras metalinguísticas, reconhecendo essa parcela crescente da população, como “Lucky Star” e “Welcome to NHK”; o soft power japonês cresceu, e de repente língua e cultura japonesa se tornaram um lugar comum: o país ganha também seu primeiro Oscar por animação em 2003 com “A Viagem de Chihiro”.
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Até 2006, as adaptações de obras originais em Light Novel eram rara, um formato que só foi ganhando popularidade e ganhou notoriedade a partir da verdadeira febre que foi “A Melancolia de Suzumiya Haruhi” e da enchurrada de slice-of-life. Mais títulos importantes romperam a bolha e se tornaram parte da cultura pop mundial: “Naruto”, “Death Note”, além de outros sucessos fundamentais do shounen: “Code Geass”, “Bleach”, “Gintama”, e as duas versões de “Fullmetal Alchemist”.
- 42. A Viagem de Chihiro (2001)
- 43. Naruto (2002)
- 44. Fullmetal Alchemist (2003)
- 45. Bleach (2004)
- 46. Monster (2004)
- 47. Pretty Cure (2004)
- 48. Aria (2005)
- 49. Mushishi (2005)
- 50. Code Geass (2006)
- 51. Death Note (2006)
- 52. Ergo Proxy (2006)
- 53. Fate/stay night (2006)
- 54. Gintama (2006)
- 55. Nana (2006)
- 56. NHK ni Youkoso! (2006)
- 57. Suzumiya Haruhi no Yuutsu (2006)
- 58. Clannad (2007)
- 59. Gurren Lagan (2007)
- 60. Lovely Complex (2007)
- 61. Lucky Star (2007)
- 62 Natsume Yuujinchou (2008)
- 63. Toradora! (2008)
- 64. K-On! (2009)
- 65. Monogatari (2009)
- 66. Angel Beats! (2010)
- 67. Panty & Stocking with Garterbelt (2010)
- 68. Tatami Galaxy (2010)
Anos 2010: Novos comportamentos para um mundo novo

Ame-o ou o odeie: no início da década “Sword Art Online” veio como um caminhão com a febre nada passageira dos isekai; o desejo de escape para uma realidade mais confortável e a rejeição por valores de vida que não faziam mais sentido também se fariam presente moldando um arquétipo comum de protagonistas a partir de então. A própria “desconstrução” do isekai se torna uma sátira, e protagonistas insanos — do gênero ou não — emergem, como os de “Re;Zero” e “Chainsaw Man” (o mangá).
E isso se faz presente em dois títulos shounen entre os mais populares: “My Hero Academia” e “Demon Slayer”, ambos representando protagonistas gentis, menos bobalhões, e talvez até um pouco medrosos. Por outro lado, a insanidade e o non-sense fazem parte da estética do mundo e da internet nessa década, como o humor absurdo e paródico de “Kill la Kill”, com o estúdio Trigger sempre na vanguarda.
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Falando em desconstrução, “Puella Magi Madoka Magica” também mexeu com a química do cérebro de muita gente e criou uma nova tendência em misturar o kawaii com o macabro; qual é o lado negro das garotas mágicas?
Ganharam espaço títulos de aconchego, retratando famílias saudáveis e estruturadas, mesmo que nada típicas, como as de “Spy x Family”. Animes Boys Love estouraram a bolha do mainstream, como o superinvestimento em “Yuri!! On Ice”, e adaptações para “Banana Fish”, e “Doukyuusei”, e “Sasaki to Miyano”.
- 69. Ano Hi Mita Hana no Namae wo Bokutachi wa Mada Shiranai (2011)
- 70. Mahou Shoujo Madoka Magica (2011)
- 71. Nichijou (2011)
- 72 Steins;Gate (2011)
- 73. Usagi Drop (2011)
- 74. Another (2012)
- 75. Jojo’s Bizarre Adventures (2012)
- 76. Sakamichi no Apollon (2012)
- 77. Shinsekai yori (2012)
- 78. Sword Art Online (2012)
- 79. Kill la Kill (2013)
- 80. Shingeki no Kyojin (2013)
- 81. Haikyuu!! (2014)
- 82. Ping Pong the Animation (2014)
- 83. Shigatsu wa Kimi no Uso (2014)
- 84. One Punch Man (2015)
- 85. 3-gatsu no Lion (2016)
- 86. Boku no Hero Academia (2016)
- 87. Re:Zero kara Hajimeru Isekai Seikatsu (2016)
- 88. Yuri!! On Ice (2016)
- 89. Made in Abyss (2017)
- 90. Devilman: Crybaby (2018)
- 91. Beastars (2019)
- 92. Kaguya-sama wa Kokurasetai (2019)
- 93. Kimetsu no Yaiba (2019)
- 94. Vinland Saga (2019)
- 95. Jujutsu Kaisen (2020)
Anos 2020: ?

Cedo que seja para dizer, não poderíamos ignorar a chegada de uma nova leva de animes promissores, cada um com seus méritos. Essa é a primeira década com um público de plenos nativos digitais, o que afeta e muito a dinâmica de consumo e sua recepção e divulgação nas redes sociais.
- 96. Chainsaw Man (2022)
- 97. Cyberpunk: Edgerunners (2022)
- 98. O Menino e a Garça (2023)
- 99. Sousou no Frieren (2023)
- 100. Dandadan (2024)
- 101. Dungeon Meshi (2024)
Menções honrosas
Por algum motivo ou outro, não poderíamos deixar de lembrar deles! E você, acha que faltou falar de algum?
- Mazinger Z (1972)
- Alps no Shoujo Eidi (1974)
- Fruits Basket (2001)
- Chobits (2002)
- Haibane Renmei (2002)
- Elfen Lied (2004)
- Mob Psycho 100 (2016)
Os 101 Animes Mais Influentes da História”. Imagem Destacada: Divulgação/Crunchyroll
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