Durante a CCXP23 houve a estreia mundial de “Rebel Moon: Parte 1 – A Menina do Fogo”, nova superprodução da Netflix, dirigida por Zack Snyder, que veio ao Brasil com todo o elenco principal. No painel, Snyder disse que a ideia do filme está em sua mente há 20 anos e foi um sonho realizado poder transformá-la em realidade. Ele falou sobre a influência de “Star Wars” e “Os Sete Samurais” e quis trazer esse tipo de experiência ao público hoje. No entanto, filmes não são feitos somente de referências e intenções… Tem que haver algo mais, condução apropriada, ritmo, carisma, alguma novidade, mesmo que em terreno já percorrido, pois em uma estrada não passa somente um veículo, ela é construída para que outros a percorram e para que cada viajante trilhe seu próprio caminho. Infelizmente, não é o que acontece em “Rebel Moon: Parte 1 – A Menina do Fogo”.
Tudo o que se viu em filmes de humildes contra um império é mostrado nesse filme de forma enfadonha, recorrente e, o pior, sem nexo. Há, como sempre nos filmes de Zack Snyder, muitas cenas em câmera lenta… Demais. Personagens estereotipados… Demais. Cenas de lutas e batalhas coreografadas demais, mas sem sentido ao ponto de um inimigo genérico simplesmente “esperar” para ser atingido(!?) por um golpe. Não há uma construção de mundo coerente e nem interessante, os diálogos são, às vezes, declarados com uma falta de empenho absurda da protagonista. Justamente Sofia Boutella, que foi tão expressiva em “Kingsman” e no posterior “Atômica“. Mas, infelizmente, como protagonista do filme, não entrega emoção, nem simpatia, nem inspira os personagens ao redor, só os convence. No entanto, por que um bando de pessoas diferentes se reuniria para defender uma aldeia com poder econômico de médio para baixo porte somente a pedido dela? Porque sim. É… Simples assim.
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Nem todas as motivações dos personagens para embarcar em uma missão potencialmente suicida são expostas em “Rebel Moon: Parte 1 – A Menina do Fogo”. Há cenas de beleza plástica bem construídas, mas quando até a queda dos grãos de uma bolsa é filmada em câmera lenta até chegar ao chão… Bem, o filme se perde. Em suma, não adianta contratar atores carismáticos, mas escrever personagens que são o oposto. Nesse sentido, a anterior superprodução do diretor, “Army Of The Dead”, para a mesma Netflix, foi bem melhor, o que significa que Snyder e seus roteiristas conseguem criar protagonistas além da “marra”. Às vezes, não dá para criar tantos personagens cativantes, nem todo mundo é George Lucas no primeiro “Star Wars” ou Akira Kurosawa, mas quando a protagonista que encabeçará um segundo filme se mostra incapaz de trazer a audiência para ela, o que sobra? Claro que há valor de produção, mas nem os efeitos especiais e a fotografia do próprio Snyder são tão diferenciados ou merecem nota. Como referência, o filme “Resistência”, que fracassou nessa temporada, tem relativamente o mesmo problema do enxame de clichês, mas conta com uma construção de mundo impressionante e efeitos especiais deslumbrantes.
E mais, após pensar na história por vinte anos, foi só isso que saiu? Nem um plot diferenciado? Tudo tem que ser tirado de algum lugar? Intriga política de “Duna”, a velha história do(a) estranho(a) sem nome com habilidades acima do comum que, mesmo ficando um par de anos sem utilizar, no momento exato, recupera todo o treinamento, o beberrão traumatizado super habilidoso, o(a) exótico(a), o personagem que se comunica melhor com animais do que com humanos…
Aguardemos e torçamos pela segunda parte.
O filme estréia na Netflix no dia 22 de dezembro.
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