“Quem quer aprender deve começar olhando à sua volta”
O novo livro do escritor Paulo Coelho está chegando às prateleiras. “Hippie” é um romance assumidamente autobiográfico, onde somos levados a reviver o sonho transformador e pacifista da geração hippie. Esse foi um grupo que ousou desafiar todos os padrões estabelecidos pela civilização ocidental, como a hipocrisia dos hábitos burgueses, a lógica de um sistema voltado para o consumismo, para o dinheiro, para o capitalismo. No início da década de 1970, numa época em que não existia internet, as tribos de jovens começavam com um novo estilo de vida e ganhava visibilidade entre os principais países do mundo. Mas esse movimento já vinha dando sinais 1 ano antes, quando aconteceu o festival de Woodstock. E a partir daí, foi tomando grandes proporções e crescendo cada vez mais.
Em setembro do ano seguinte, o cenário encontrado era de jovens cabeludos, vestindo roupas coloridas, acendendo incensos, sentados no chão para meditar, tocando instrumentos, cantando, conversando sobre temas como a liberdade sexual, a ampliação das fronteiras da sensibilidade, a busca pela verdade interior. Tudo isso era motivo para serem rotulados de vagabundos ou traficantes, principalmente pelas autoridades. Mas eram jovens que queriam mostrar força e vontade de mudar o mundo de alguma forma, sempre com muita paz e amor.
É dentro desse panorama que também encontramos os personagens da nossa história. Paulo é um jovem brasileiro que quer ser escritor. Ele é magro, tem cavanhaque, cabelos compridos e sai pelo mundo à procura da liberdade e do significado mais profundo da existência. Na verdade, o personagem vive experiências que o próprio escritor viveu durante uma viagem de trem que fez de Amsterdã a Istambul, em 1970. Ele começa com uma viagem pela América do Sul, passando por Machu Picchu, no Peru; depois Chile e Argentina. Quando chega em Amsterdã, encontra Karla, uma jovem holandesa, muito idealista, também em busca de um novo significado para sua vida e que procura uma companhia para ir de ônibus até o Nepal. Os dois se envolvem e decidem seguir juntos nessa jornada. Durante o caminho, eles vivem uma extraordinária história de amor. Passam ainda por transformações profundas e também abraçam novos valores para suas vidas.
Todo o percurso é feito no Magic Bus, que embora não seja de fato um personagem, tem uma imagem construída pelo autor de uma maneira muito significativa, como se tivesse vida própria e com integrantes que possuem uma extrema importância para a história. Um dos motoristas, por exemplo, tem uma história marcante de prestar auxílio médico a populações carentes na África, à bordo de um fusca que resistiu a muitas aventuras. Tem também um dos passageiros que já tinha sido um executivo de uma das mais importantes multinacionais francesas. Junto dele está sua filha, que foi uma ativista maoísta em Paris, em maio de 1968. Durante a viagem, todos passam por grandes transformações sobre suas prioridades e valores. Inclusive em uma parada forçada feita em Istambul, Paulo realiza um grande sonho de viver sob os ensinamentos do sufismo, uma corrente mística contemplativa existente dentro do islamismo.
Paulo conta ainda sobre suas prisões pela ditadura militar brasileira. Ele foi acusado de terrorismo, por conta das letras das músicas que escrevia para o parceiro Raul Seixas. Mas em sua versão ele alega inocência e diz que por 3 vezes foi preso injustamente. Ele fala também sobre as experiências com LSD e outras drogas que teve na época e explica qual sua posição com relação a isso atualmente.
A narrativa, feita na terceira pessoa, permite que os personagens tenham sua própria voz na descrição de suas vidas. Oitenta por cento do que é contado no livro foi vivido de verdade por Paulo Coelho. O restante também aconteceu, mas em outras datas e não necessariamente naquele setembro. Tudo é verdadeiro e faz parte da experiência pessoal do escritor. Alguns detalhes como nomes e a ordem dos fatos foram alterados e algumas cenas condensadas, mas tudo aconteceu mesmo.
A ideia do autor ao escrever “Hippie” era recriar o espírito hippie da época. Mas o desejo principal era dar um testemunho do retrato daquele tempo e contrapor ao tempo que estamos vivendo hoje de completo fundamentalismo e de total radicalismo. Em uma entrevista dada a Pedro Bial, ele diz que “o mundo hippie era um lugar onde tudo era muito espontâneo e onde não era necessário usar o politicamente correto. Era um época que existia uma grande solidariedade e as pessoas tinham muito respeito pelo próximo”. Ele diz ainda que resolveu escrever esse livro para tentar acabar com a polarização que o Brasil vive hoje. E também aproveita para mandar uma mensagem de tolerância a um mundo tão intolerante. Por um mundo finalmente livre da opressão.
Mago, alquimista, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), mensageiro da paz, oficial das artes e das letras e hippie. Paulo Coelho é um dos autores brasileiros mais lidos em todo o mundo, com mais de 220 milhões de livros vendidos, em mais de 150 países e com obras traduzidas para cerca de 70 idiomas. Talvez apenas comparado a Shakespeare. Toda vez que lança um livro é sempre a mesma loucura. Seus fãs e leitores fiéis invadem as livrarias ansiosos por mais uma de suas histórias.
“Hippie” é o vigésimo livro de Paulo Coelho e foi escrito em menos de um mês, na Suíça, onde ele mora. Com 296 páginas, pode ser encontrado nas livrarias a partir do dia 31 de maio, com o selo Paralela da editora Companhia das Letras. Em outros países será lançado no segundo semestre.
O livro termina com a enigmática frase:
“Amor é uma pergunta sem resposta”.
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