“Pax” conta a história de um menino, Peter, e sua raposa, Pax, que acabam se separando. Com a iminência de uma guerra e seu pai indo servir no exército, Peter vai morar com o avô e é obrigado a deixar Pax para trás. No entanto, não leva mais do que uma noite para que ele se dê conta de que fez algo muito errado e planeja um jeito de resgatar sua raposa.
O livro tem ilustrações de Jon Klassen, que também trabalhou no livro O Vespeiro, de Kenneth Oppel o que dá um ar inocente, porém inquietante a história. Ao longo de toda a narrativa ficamos apreensivos na expectativa de que Peter e Pax se encontrassem.
Dividido entre pontos de vista de Pax e de Peter, temos uma narrativa e um visão mais ampla do crescimento individual dos dois amigos e dos obstáculos que tiveram que enfrentar enquanto separados.
Pax é uma raposa que desde filhote foi criada como um animal doméstico, e por isso todos os seus instintos não são tão adaptados para a vida selvagem quanto deveriam ser. Ele não sabe onde encontrar comida, bebida, as regras de convivência com os outros animais da floresta, e tudo o que quer em um primeiro momento é esperar o seu humano voltar para buscá-lo. Com o passar dos dias, Pax percebe que precisa aprender a viver naquele lugar se quiser um dia reencontrar Peter.
Pennypacker não quis dar uma característica falante à raposa, então o que temos são percepções de Pax em relação à natureza e como ela se comunica com outras raposas que encontra pelo bosque. Peter, por sua vez, perde a mãe muito novo e seu pai não é o melhor pai do mundo, fazendo com que o menino reprima o luto pela mãe e outros sentimentos que para ele são perigosos, como a raiva. Peter não quer, sob nenhuma circunstância, ser parecido com o pai e por isso, assume uma postura como se tudo estivesse bem, mesmo quando a situação se mostra muito contrária.
Foi nesse contexto que Peter encontra Pax e os dois se tornam amigos inseparáveis, até que Peter é obrigado pelo pai a abandonar a raposa em um bosque, enquanto os dois se mudam para a casa do avô de Peter. A história tem um background de Segunda Guerra que aparece de leve, mas sem tirar o foco da trama principal.
Ao perceber a besteira que havia feito, Peter arruma uma mochila com algumas coisas que possa vir a precisar e sai em direção ao local onde deixou Pax. No entanto, acaba torcendo o pé e encontra Vola, uma ex-médica e veterana de guerra que vive isolada no meio de um bosque.
O que parecia uma simples tarefa acaba se tornando uma longa jornada para ambos. Pax encontra raposas amigas que o ajudam, como Cinzento, Miúdo e Arrepiada, e aos poucos, ele aprende o conceito de liberdade e descobre um mundo totalmente novo, muito maior do que aquele que conhecia quando vivia em uma casa. Enquanto Peter amadurece e enfrenta suas fraquezas e receios, vemos que ele deixa de ser um menino submisso, adquirindo autoconfiança e determinação o suficiente para que enfrente o pai e imponha suas vontades.
O livro nos lembrou um pouco O Pequeno Príncipe pela temática e também por algumas coisas ditas, mas são livros completamente diferentes. No entanto, não gostamos muito do final. Não era algo que não achassemos possível de acontecer, mas que nos deixou tristes de qualquer forma. Apesar disso, acreditamos que a maior lição não está no final e sim em toda a trajetória que raposa e menino fazem para encontrar o que estava adormecido dentro deles.
Por Paula Arbex
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