Atenção: a matéria possui spoilers do segundo episódio da oitava temporada de The Walking Dead. Leia os outros reviews aqui.
O segundo episódio da oitava temporada de The Walking Dead, intitulado “The Damned” apresenta, mais uma vez, a linha tênue que divide o conceito de bom ou mal. Essa crítica – que sempre esteve presente na série – aqui se faz presente como um sermão repetitivo que ninguém aguenta mais ouvir. O episódio piloto da temporada atual já não foi tão sensacional assim, se comparado com o piloto da sétima temporada, onde Glenn (Steven Yeun) e Abraham (Michael Cudlitz) foram vítimas de Negan (Jeffrey Dean Morgan). Ali, a audiência ficou em 17 milhões de espectadores.
Antes de mais nada é necessário falar que esse episódio parece não ter seguido uma ordem linear, na verdade o episódio inteiro não parece acrescentar em nada para a trama. Não é apresentado o cliffhanger anterior, envolvendo o Padre Gabriel (Seth Gillian) e Negan em um trailer cercado por zumbis. Até surge um novo personagem (que na verdade retorna à trama), o que pode gerar uma sub trama interessante se souber ser bem explorada. Mas fora isso, o episódio inteiro parece uma fábula com uma lição de moral no fim, sem nada a acrescentar.
No episódio temos uma divisão de personagens, trazendo diversas narrativas à trama. De um lado temos Ezekiel (Khary Payton), Carol (Melissa McBride) e os habitantes do Reino. De outro, Morgan (Lennie James), Tara (Alanna Masterson) e Jesus (Tom Payne) atacando os covis dos Salvadores. Rick (Andrew Lincoln) e Daryl (Norman Reedus) estão à procura de armas no esconderijo de Negan e seus homens, enquanto moradores de Alexandria e Hilltop, sob o comando de Aaron (Ross Marquand) e Eric (Jordan Woods-Robinson) atacam o ambiente principal: o Santuário.
Carol, Ezekiel e o Reino sofreram, no episódio piloto, um ataque de um homem que jogou uma granada em direção a eles. O questionamento, então, é quem é esse homem, se ele é um dos Salvadores e estava os espiando. O plano, então, torna-se ir atrás do tal homem, juntamente com a tigresa Shiva. No fim, Shiva faz um excelente refeição do vilão e Ezekiel cospe um discurso digno de um líder – que é o que ele pensa que é no mundo que criou.
Enquanto isso, Morgan, Tara e Jesus estão invadindo os diversos locais que os Salvadores possuem. Como no episódio anterior, a ordem parece ser executar o inimigo. Porém, Jesus resolve questionar isso, impedindo Tara de matar um dos homens de Negan. Uma reviravolta acontece (uma lição de moral dada de forma indireta para sustentar o argumento do episódio) e basta para que nesse núcleo, Jesus e Tara coloquem como plano principal suas diferenças e o peso de suas perdas. Num episódio que se propôs a falar do que é ser bom e do que é ser mal, é um tanto irrelevante comparar perdas entre personagens, considerando o ambiente apocalíptico que estão inseridos. Ainda sob essa ideia, a discussão gira em torno de quem merece viver e quem não merece. Um episódio para ver dois personagens discutindo ética e moral em dois momentos e que parece não ter fim.
Morgan e outros dois homens tomam tiros de alguns Salvadores, e durante alguns minutos tudo leva a crer que o personagem estaria numa situação complicada. Mas, do nada, ele se levanta e volta a matar todo mundo. Assim, sintático. O que foi relevante nessa história? Nada. Até porque mais tarde, Jesus irá novamente questionar a ideia de matar os inimigos, mas dessa vez contrariando Morgan.
Rick e Daryl estão atrás das armas usadas pelo grupo de Negan, orientados em um mapa feito por Dwight. Contudo, ao chegarem no local indicado, não encontram nada. Daryl comenta sobre Dwight com desconfiança, um sentimento que nunca deixou de ser citado quando Dwight apareceu na história. Considerando o passado de Dwight e Daryl, é lógico que surgiriam brechas para se duvidar do ex – Salvador (ou Salvador?).
Nesse episódio, Rick passa por dois momentos inesperados: no primeiro, o protagonista mata um Salvador e após matá-lo vê a tatuagem em seu braço, que faz menção à Grace, bebê que estava no quarto. Isso leva Rick a fraquejar, também incluindo essa cena em todo o processo de humanização dos Salvadores, iniciado no plot de Jesus, Tara e Morgan. O segundo momento é o reencontro com Morales, do grupo de Atlanta da primeira temporada. Ele é um dos homens de Negan atualmente, o que sugere que devem desenvolver sua história para saber como ele chegou ali. Na primeira temporada, enquanto o grupo de Rick optou por ir ao Centro de Controle de Doenças, Morales e sua família seguiram em outra direção. Com certeza há o que explorar durante esses sete anos de afastamento do personagem, porém durante esse tempo ele sequer foi mencionado na trama.
Por fim, Aaron e Eric estavam com um grupo trocando tiros em frente ao Santuário. As cenas não foram nada além de um constante tiroteio, com diálogos rasos e a tentativa fraca de mostrar que a série ainda investe em tiroteios infinitos. Outros dois momentos que pareceram ter sido feitos como um deboche não passam despercebidos: uma moça, que é mordida por um zumbi com uma margem de tempo suficiente para pensar em fazer alguma coisa. O outro é a tentativa de fazer Aaron e Eric ganharem algum destaque ali, fazendo com que Eric tome um tiro. Mas isso não funciona porque o personagem é irrelevante. E depois de oito anos e diversas mortes de personagens, ver um secundário tomar um tiro em um tiroteiro é uma alternativa óbvia.
Esse episódio descaracteriza o que é apresentado em The Walking Dead, mas não excluí o ritmo lento que também surgiu no episódio piloto. O teaser do terceiro episódio ainda mostrará os grupos citados, enquanto segue sem sinal do grande vilão Negan.
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.
Sem comentários! Seja o primeiro.