Apesar da premissa ousada, “Românticos Anônimos” tem dificuldade de animar público até o fim
Top 1 no Brasil, o dorama japonês “Românticos Anônimos” chegou na Netflix prometendo fazer sucesso, mas será que vale a pena assisti-la? A seguir, apresentamos uma crítica sem spoilers — revelações de enredo limitadas apenas ao que a própria série revela em seu primeiro capítulo.
Refém do próprio formato?
Vale um pequeno adendo antes de começar o texto, e que vai adiantar nosso arguemento final. Românticos Anônimos é um weboriginal, encomendado para a Netflix, em oito episódios, baseado no filme franco-belga de mesmo nome de 2010 — o qual esse quem vos fala não assistiu, então não pode comentar a respeito —, segurem essa informação que será importante mais para frente.
A princípio, Tokumei no Koibitotachi apresenta uma premissa interessante com protagonistas muito queridos: Hana Lee, uma chocolatier com extrema fobia social, incapaz de olhar nos olhos de outras pessoas, e Sousuke Fujiwara, um metódico herdeiro da indústria de chocolates, refém do seu TOC de limpeza.
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Apesar de muito talentosa, desde que sua mãe faleceu Hana não tem ninguém com quem pode manter uma conversa cara a cara. Quem a ajuda é Kenji Kuroiwa (Eiji Okuda), dono da casa de chocolates artesanais mais famosa do Japão — o Le Sauveur —, quem a acolhe e permite que ela entregue seu trabalho à distância, tornando-se “o chocolateiro anônimo”.
Contudo, com a morte de Kenji por infarto, o único quem conhecia seu segredo, a empresa passa por uma reestruturação e é adquirida pela família de Sousuke, cujo pai está decidido a roubar suas receitas e fechar a loja. Sousuke, contudo, tem uma outra visão sobre a chocolataria, e quer provar ao pai que ele está errado.
Nesse processo, ele torna-se o chefe da empresa, que passa a não admitir, por questão de segurança, que um anônimo trabalhe para eles, o que obriga Hana a se apresentar presencialmente na Le Sauveur. Por causa de seu problema, ela não consegue dizer a verdade, e acaba conseguindo um emprego no estabelecimento. O mal entendido fica por, ao se conhecerem, tanto Hana quanto Sousuke se dão conta que se sentem confortáveis um com o outro, ao ponto de suas fobias não se manifestarem.
Completam o elenco a psicológica Irene (Yuri Nakamura), que trata os dois protagonistas — liderando um círculo de encontros com pessoas com diferentes problemas pessoais, daí o nome da série — e o musicista e dono de bar Jin Akanishi (Hiro Takada, do KAT-TUN), por quem Hana está apaixonada.
Tudo começa bem, de forma interessante e com um ritmo bem agradável, porém, conforme os episódios vão se passando vai ficando a impressão de que estamos indo de nada a lugar nenhum. Apesar da sua estrutura bem rocambolesca, com “caso da semana” a ser enfrentado e que no fim serão retomados pela recompensa pelos bons atos, a série não abusa do melodrama com extensos flashbacks ou eterna penintência dos mocinhos, muito pelo contrário, a abordagem dos dramas pessoais de quem convive com questões psiquiátricas é bem madura e sensível. Ponto para os roteiristas Kim Ji-hyun e Yoshikazu Okada.
O que se peca, contudo, é que a trama avança, os protagonistas nem tanto. Do ponto de vista da verossimillhança, faz sentido que o espectador também se sinta lutando em um trabalho de Sísifo, mas quando as coisas se resolvem é tudo de uma vez, nos 45 do segundo tempo, bem último capítulo de novela (mesmo). O gosto fica ainda mais amargo para o casal secundário, outro recurso bem presente em dorama, e que até é bem simpatiquinho, mas resta bem vítima de um corte bruto, frio e então quente — mais para morno, na verdade.
Para nós, a culpa não está na dupla principal, encarnada por Han Hyo-joo — sim, a superstar coreana — e o também mega-astro Shun Oguri; super competentes, inclusive com o tom “mais acima da série”, e que dispensam qualquer apresentação. Se temos que botar a culpa em algo é na armadilha de lidar com um tema tão delicado e ter que, em oito capítulos, dar conta de amarrar essa encrenca.
Difícil, mas não impossível, o problema é que, dado o amontoado de trama que ficou para os últimos minutos, fica a sensação de que dava para explorar mais — e dava. Mas esse é formato de oito (as vezes até menos) episódios virou um “padrão internacional” de originais Netflix, e do qual diretores têm que dar conta para trabalhar em cima.

Não por acaso as avaliações dos episódios em plataformas como o Mydramalist vão caindo quanto mais próximo do fim. Há momentos divertidos e também de coração quentinho, a série entrega um bom passatempo — talvez nem tão competente — contudo é improvável de considerá-la para uma reassistida; prometeu resolução, entregou picuinha e discurso coach.
Se pudermos fazer uma reclamação extra, o episódio 7 é praticamente criminoso. As coisas não fazem sentido, acontecem porque tem que acontecer, e ainda a aula de desespero de escrita na saturação dos clichês mais inefáveis; é difícil de assistir, e os estereótipos de violência sobre o sudeste asiático tornam a experiência ainda mais intragável.
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Aos curiosos, esse trem desgovernado deu ponta para uma segunda temporada, protagonizado por Song Joong-ki e Kentarou Sakaguchi — se não como amigos, possivelmente uma sequência BL. Apesar do ceticismo, esperamos que o sucessor faça menos lambança depois de prometer uma série de conforto — o que é improvável, mas não custa sonhar.
Imagem Destacada: Divulgação/Netflix

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