Mudanças na adaptação sinalizam desespero, e deixam “The Last of Us” bem qualquer coisa
Estreou neste domingo o sétimo e último episódio da segunda temporada de “The Last of Us”, adaptação pela HBO Max do segundo jogo da franquia da Naughty Dog e que deve ser concluída em uma terceira temporada, já anunciada. Veja nossa crítica abaixo, com spoilers, jogado este balde de água fria que foi a season finale.
Logo quando a segunda temporada estreou, comentamos com entusiasmo o retorno em boa forma — havia o que se comemorar, e a série dava razões para aquecer as expectativas. Isso se colocaria, novamente, em suspense, contudo.
LEIA MAIS
The Last Of Us (2ª Temporada) | Primeiras Impressões, Episódio “Future Days”
A Roda do Tempo | Prime Video Cancela Série Após a 3ª Temporada
Cinco anos se passaram e muita coisa mudou entre Joel e Ellie. O clima de hostilidade estabelecido no primeiro episódio, “Future Days”, é dado ao espectador como um certo choque, sendo melhor trabalhado no sexto/penúltimo capítulo, um grande flashback, do qual nos deteremos mais em breve.
Essa era a “calmaria antes da tempestade”, se é que se pode dizer isso no mundo de TLOU. A primeira trombeta estoura no episódio seguinte, o mais bem avaliado da temporada, dividindo-se em um ritmo frenético entre a invasão de Jackson City e a trama de sequestro de Joel, culminando com sua tortura e morte diante dos olhos da própria filha.

E primeira porque é apenas o primeiro sinal de algo muito maior por vir: o cordyceps está se adaptando, ficando cada vez mais resistente e inteligente, formando gigantes redes micorrízicas que devem ganhar um destaque diferente dos jogos, sobretudo a partir da terceira temporada. A segunda, no entanto, não faz tão bem a lição de casa em balancear promessas e entrega, como sua antecessora.
E sejamos bem sinceros: Ellie é uma personagem bem difícil de se aguentar, tanto para quem assiste, e principalmente para quem tem que conviver. Enquanto sua angústia adolescente vai sendo melhor construída em mosaico, vai e vem, várias são suas voltas pelo tema da temporada: sua jornada de reconciliação com o pai através do luto, vingança, e arrependimento.
Essa mudança temática drástica pode manter o fio narrativo de humanos sendo humanos, e que os piores momentos revelam o pior e melhor de nós — oh! — porém é ainda um fardo que a termos que carregar, a perda de um protagonista, não ajuda que os roteiristas — o que entra na conta sobretudo de Craig Mazin — decidiram tornar esta uma maçante temporada de transição e, para isso, removeram toda a agência da personagem principal.
Somos os primeiros a se posicionarem em favor da liberdade artística em adaptações, afinal, escolhas têm que ser feitas e elas podem dar uma nova perspectiva a algo já existente. Todavia, as mudanças para a Season 2, quando postas em conjunto, apontam para: I – necessidade de enfraquecer/emburrecer Ellie para mover o roteiro; II – arrastar desesperado da série; III – retirada de foco da protagonista, mas sem dar espaço para outras histórias crescerem.
Ellie cresceu e está em plenos pulmões na sua campanha pelo título de personagem mais estúpido da teledramaturgia: a trama de “vingança cega pessoas” não pode ser uma desculpa para que ela não saiba, com treinamento militar, o que é um transferidor, ou se arrisque desnecessariamente para salvar um serafita de ser brutalizado por um grupo de homens, em maior número e mais fortes do que ela. Bella Ramsey é uma ótima atriz pelo que já foi provado, inclusive aqui tem ótimos momentos — lamentamos que esteja sendo feita de boi de piranha pelos fãs — mas seu desempenho aqui está além de seu controle.
Também nessa toada desapareceram as sequências especiais que foram o que deram o charme especial para a primeira temporada, como o Prólogo de Jacarta, a entrevista com cientistas sobre relação de fungos e aquecimento global, ou o episódio três, “Long, Long Time”. Sem isso, TLOU parece só mais uma série de zumbis, aqui sem ação e boa paúra que esses flashes temporais nos trazem.

COMPRE AQUI
Fritadeira Airfryer Essential XL Conectada, Philips Walita, conectividade c/Alexa
Echo com Alexa (4ª Geração): Com som premium e hub Zigbee de casa inteligente
Não estamos tão interessados na história de Ellie e Dina — mais por causa da enrascada que meteram a pobre Bella — mas a namoradinha de Jackson City é bem mais que um rostinho bonito: Isabela Merced é o cérebro que foi tirado de Ellie, o que é uma pena porque o sacrifício não valeu a pena, porém é ótimo vê-la em cena, dá-se uma leveza necessária.
Não é uma escolha não sábia que a adaptação tenha tirado o elemento tiro, porrada e bomba de nossa protagonista: apesar de seu treinamento, que ora parece fazer jus à herdeira de Joel, ora (e na maioria das vezes) é só muito patético, causaria alguma estranheza que essa jovem adulta fosse a reencarnação de Wyoming do Rambo. Isso respeitamos, e, no entanto, reforçamos de novo: não precisava exagerar.
Com um cliffhanger tão meia-boca, uma antagonista que tem o carisma de um frigobar soviético verde musgo, e uma Ellie que já nem reconhecemos como a garota que gostávamos tanto na primeira temporada — ou ao menos até o primeiro episódio desta — será que queremos mesmo ver mais uma temporada de “The Last of Us”?
S2E6. Imagem Destacada: Divulgação/HBO Max

Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.
Sem comentários! Seja o primeiro.