Thomas Lawrence | O homem que inspirou Duna

Conheça a história que inspirou o livro de ficção científica mais vendido do mundo

No dia 29 de fevereiro, os brasileiros puderam contemplar a estréia de “Duna – Parte 2”, a continuação da adaptação cinematográfica da série de livros do mesmo nome, que tem sido um sucesso de crítica e de público. Contudo, essas boas notícias não são surpreendentes, visto que “Duna” é considerada uma das sagas mais importantes de ficção especulativa já criada, tendo influenciado grandes sucessos como “Star Wars” e “Game of Thrones“. 

A primeira edição da obra de Frank Herbert foi publicada em 1965, sendo seguida por mais cinco volumes, em que o último foi terminado pelo filho do autor após sua morte em 1986. Esse fato gerou discordâncias entre muitos a respeito do final da saga, mas independente das polêmicas, “Duna” é uma história que conquistou seu espaço do imaginário do leitor de ficção, e continua ocupando-o até hoje, principalmente após a nova adaptação para os cinemas que trouxe a vida, de maneira mais tecnológica, o universo de Arrakis. 

Entretanto, apesar da série ser um fenômeno, pouco se fala sobre o fato histórico que serviu de inspiração para essa galáxia fictícia: o levante árabe contra o Império Otomano. 

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O fato histórico

No começo do século XX, o Oriente Médio estava sob disputa das Potências Aliadas (Inglaterra e Rússia) e as Potências Centrais (Império Otomano e uma missão alemã), o que foi chamado de Teatro de operações do Oriente Médio na Primeira Guerra Mundial. 

Em 1916 foi iniciada uma revolta árabe, liderada por Huceine ibne Ali, com o objetivo de criar um “mundo árabe unificado”, da Síria até o Iémen. Os revoltosos tiveram ajuda dos exércitos britânicos e franceses, que tinham prometido conceder a independência aos reinos locais no fim da guerra, mas como pode-se imaginar, os europeus não seguiram o acordo e a região foi tomada, posteriormente pela Inglaterra.

Até o momento, pode parecer que não há qualquer relação com a história de “Duna“, mas é aí que entra o personagem principal: Thomas Edward Lawrence, também conhecido como Lawrence da Arábia.

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Thomas E. Lawrence e Paul Atreides

Lawrence foi um oficial britânico que teve papel fundamental na Revolta Árabe, visto que, por seu tempo como arqueólogo e por sua afeição à cultura local, acabou se tornando um grande articulador a favor da causa árabe. 

Em outras palavras, Thomas “era um forasteiro que se aliou a um povo oprimido em uma região ocupada por imperialistas”¹ e se tornou “um nativo” com o passar do tempo (dependendo de como a história for contada).

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Nesses termos, há uma clara semelhança com a história de Paul Atreides, membro de uma família poderosa, que está em conflito com outra família influente. Os Atreides, então, mudam-se para o planeta mais explorado do cosmos (Arrakis), e Paul se une com o povo deste, para salvá-lo do Império. 

Outro elemento da narrativa que exprime a influência dessa história é a “especiaria”, a substância responsável por comandar toda a economia do universo, extraída diretamente de Arrakis. Isto é: uma provável alegoria para o petróleo árabe, responsável por grande parte da economia mundial após ter se tornado a principal fonte de energia.

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Ainda é possível acrescentar o fato de que Frank Herbert utiliza muitos termos árabes para descrever Arrakis e seus habitantes, junto com uma possível referência ao revolucionário e líder religioso Muhammad Ahmad, conhecido como Mahdi, tal qual o nome da especiaria (Mua’Dib).

A utilização de tantas referências árabes já ocasionou grandes discussões sobre orientalismo, visto que há uma fetichização constante na maneira com que Herbert usa a cultura árabe em seus livros, mas isso é tema para outra matéria.

_{Imagens: Divulgação/Warner Bros. Discovery}

_{Referência: Ora Thiago. “Duna, Fundação e Profecias”, 2021 (YouTube)}