Mês do horror, leituras temáticas — uma forma melhor de celebrar o evento no país sem gostosuras ou travessuras. Selecionamos oito autores da literatura mundial com temáticas variadas, do gore ao psicológico, e com certeza uma delas é a perfeita para ti. Cansado de recomendações de Stephen King? Vem com a gente conferir nossas leituras de Halloween!
Hellstar Remina

Sinopse: Começar a lista com um mangá é também uma provocação aos leitores mais tradicionais; ainda há alguma resistência no grande público em consumir essas obras principalmente advinda dos leitores de clássicos. Ao mesmo tempo, Junji Ito se tornou essa onipresença do gênero horror que seu nome em listas do tipo chegam a ser um lugar comum. Pensando em unir o melhor dos dois mundos, selecionamos esse título super cotado para chegar ao Brasil, e que recebe menos atenção que “Uzumaki” ou “O Enigma da Falha de Amigara”. Caso seja um leitor de inglês, espanhol, alemão, francês ou até do original japonês, é um título que já dá para conferir.
Em Hellstar Remina (Jigokusei Remina), um cientista descobre um planeta errante vindo em direção ao Sistema Solar e dá a ele o nome de sua filha, Remina, que vira uma celebridade da noite para o dia, frente a tamanha descoberta — conseguindo o seu próprio fã-clube e os bons holofotes da imprensa. Aos poucos, porém, vai ficando claro que o planeta está vindo diretamente para a Terra, sendo na verdade um organismo vivo devorador de corpos celestes. A jovem Remina deve então fugir da multidão que se voltou contra si e lutar pela sua sobrevivência frente a um culto que crê que seu sacrifício será capaz de salvar a humanidade.
Venha ver o pôr-do-sol
Na coletânea “Venha ver o Pôr do sol e outros contos”, de Lygia Fagundes Telles, a paulistana explora a mística de ansiedades primordiais atravessada pelo universo do fantástico como poucos fizeram tão sutilmente. O conto que abre a coleção, e o qual recomendamos como apresentação, é um dos clássicos do gênero infravalorado.
Sinopse: Raquel não sabe, mas está sendo conduzida cemitério adentro pelo seu ex-namorado, Ricardo, com o qual não terminaram nos melhores termos. Durante a conversa com o rapaz, na qual tenta dissuadi-lo, as informações reveladas às gotas ajudam a construir a atmosfera sombria de conto de sedução clássico, onde a releitura é convite a descobrir uma nova sensação.
Algo sinistro vem por aí
Abençoado é aquele que ainda não conhece Ray Bradbury e pode descobri-lo do zero. Famoso por seu magnum opus “Fahrenheit 451”, em “Algo Sinistro Vem Por Aí” o americano mistura os elementos pelos quais é mais famoso em um coming of age macabro com fantasia e horror, recheado de paisagens e personagens extremamente magnéticos. Isso não é mero exagero, não a toa, Stephen King fez questão de, por mais de uma vez, homenagear esse escrito particular do autor.
Sinopse: Algo de sinistro paira no ar quando Jim e Will veem a chegada fora de época de um parque de diversões à pequena Green Town, comandado pelo soturno Senhor Dark. Juntos, os amigos terão que lutar contra as forças sombrias que tentarão consumir a vida dos habitantes da cidadezinha, para sempre roubando suas inocências.
A loteria
Quantos filmes de terror não tentam surfar na onda de reações desmedidas do tipo “espectadores teste ficaram tão chocados que saíram da sala de cinema horrorizados”? Pois bem, Shirley Jackson fez primeiro, e organicamente. Publicado originalmente na The New Yorker, as reações foram tão negativas que o conto chegou a ser banido — e não é que o proibido gera curiosidade?
Sinopse: N’A loteria, os habitantes de uma cidade sem nome no interior dos Estados Unidos são sorteados para a loteria a acontecer todo 27 de Junho, um ritual antigo que acreditam trazer um ano de fartura na colheita. Cada família tem seu sobrenome marcado nos papéis. Um segundo sorteio é então realizado para descobrir, entre a família eleita, qual será o sacrificado do ano.
Another
Adaptado para mangá e posteriormente anime, a light novel de Yukito Ayatsuji demonstra porque os japoneses são tão famosos como mestres do horror. Essa sugestão, multimídia, é um pedido tanto para novos fãs quanto para aqueles que já a conhecem redescobrirem, quem sabe, pelo material original.
Sinopse: Em 1972 vem a falecer Misaki, popular estudante do colégio Yomiyama Norte, classe 3-3. Seus colegas, para manter sua memória viva, começam a agir como se Misaki não tivesse partido, o que leva a uma aparição misteriosa na foto de graduação da turma.
O ano volta para 1998, quando Kouichi se transfere para a classe 3-3, o qual fica atônito ao perceber que seus colegas tratam uma jovem de tapa olho, Mei Misaki, como um completo fantasma. É a partir daí, porém, que uma série de eventos começa a se desenrolar: a Maldição da Turma 3-3, onde alunos e seus familiares começam a morrer por razões inexplicáveis — alguém entre nós não é o que parece ser, e não deveria estar entre os vivos.
A pele fria

A literatura catalã não recebe o tanto de apreço que merece, e um de seus expoentes mais pop é Sánchez Piñol. Adaptado para o cinema, o ecrã não faz jus a escrita que oscila entre o suspense e o horror visual, ao mesmo tempo metafísico. Procurando por algo mais psicológico? Eis o seu título.
Sinopse: “La pell freda” acompanha a história de um rapaz que aceita uma proposta de emprego como meteorologista numa isolada ilha no Ártico. Lá, ele entra em contato com criaturas meio-humanas e meio-monstro, com as quais sua aproximação lhe farão questionar os limites de sua sanidade e humanidade.
O conto de aia
Bem, este não é definitivamente um livro da categoria horror, mas dá para me criticar por escolhê-lo para a ocasião? A sinopse pode ser autoexplicativa, mas o segundo da temática distópica da lista é nossa proposta mais política para pensar na fragilidade dos nossos direitos, o puro horror da banalização do mal, por Margaret Atwood.
Sinopse: Estamos em Gilead, um estado cristão fundamentalista formado após um ataque terrorista nos Estados Unidos. Em resposta à queda de fertilidade, mulheres com condições de gerar filhos são raptadas e treinadas como “aias”, escravas sexuais que são violentadas pelos comandantes.
Tendo casamentos anulados, perseguidas por suas sexualidades, perdendo seu nomes, a família e o direito sobre o próprio corpo, essa é a história da resistência e de como essas mulheres irão tentar derrotar o regime. O conto de aia nos mostra como os direitos, que criamos estarem garantidos, estão sempre em disputa e não são perdidos da noite para o dia — há vários sinais de antemão.
Audição

Do também japonês Ryuu Murakami, Audição explora o horror da inversão de papéis de gênero. Aoyama é um solteirão e não consegue engatar em nenhum relacionamento desde que se aviuvou, há sete anos. Para ajudá-lo, seu amigo convoca um casting para um filme que não existe, planejando aproximar Aoyama de uma das candidatas — mal sabendo eles que estão se envolvendo com gente perigosa. Traduzido ao português por Lica Hashimoto.
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.
One Comment