Série de espiões sofisticada, “A Agência”, tem como maior perigo o amor como um sentimento conflitante

“O amor cega”, conforme diz em uma tradução aproximada de uma versão da música “Love Is Blindness”, da banda U2, a qual Jack White recita nos primeiros versos como tema da série “A Agência” do streaming Paramount+, e parece ser verdade, pois é o único sentimento legítimo e que aparece esporadicamente nessa trama de espionagem elegante e complexa protagonizada pelo ator irlandês Michael Fassbender.

Produzida e dirigida por nomes como o diretor Joe Wright, o ator George Clooney entre outros, com grandes nomes no elenco como Richard Gere, Jeffrey Wright, Jodie Turner-Smith e Katherine Waterston, essa séria de espionagem tem uma pegada bem diferente das que vemos ultimamente, como “O Agente Noturno”, que é mais voltada para ação.

Baseada na série francesa “Le Bureau des Légendes”, exibida no Canal+ entre 2015 e 2020, o ritmo é bem cadenciado, mas não significa que seja lenta, pelo contrário.

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Sempre está acontecendo algo na tela ou mesmo ao redor, com algum gesto ou movimento que pode ou não entrar na cena a qualquer momento, num balé de decupagem que é muito bem filmado e com cuidado cinematográfico tanto com as imagens quanto com os sons que, propositadamente, às vezes são dissonantes, principalmente nos dois primeiros episódios, dirigidos pelo britânico Joe Wright.

A trama de A Agência é sobre a chamada do experiente agente, Martian (personagem de Fassbender) ao escritório da Cia , agência de inteligência/espionagem americana, situada Londres, após 6 anos em campo.

Relutante, mas calmo, auto-confiante e por que não escrever meio babaca, Martian, que só responde diretamente a Bosko e Henry, personagens respectivamente de Richard Gere e Jeffrey Wright, e às vezes quando se sente à vontade, recebe alguns conselhos da Naomi de Katherine Waterston, a responsável por acompanhar esse super espião todos esses anos, passa pelos corredores daquele escritório como se fosse uma lenda e isso é estabelecido logo nos primeiros minutos da série.

Frio, sedutor e manipulador, Martian tem somente um ponto fraco, e não é sua filha Poppy, mas sim Samia Zahir, mulher com a qual ele tinha algo que parecia ser apenas um caso, mas no decorrer da série prova ser algo mais, principalmente quando ela aparece de surpresa em Londres. O espião, que parecia ter todas as emoções sobre controle e as cartas na mão, se lança em caminhos que podem ser perigosos a sua missão e até às pessoas a sua volta.

Uma grande interpretação de Michael Fassbender como um narrador nada confiável, que faz suas próprias regras e demonstra ao longo dos episódios, de forma crível, as diversas facetas de uma pessoa sempre em situações limite e na corda bamba, provando que o ramo de espionagem é o mais próximo que vemos da realidade aqui, e não é para qualquer um ou para qualquer ator.

É interessante acompanhar os diálogos entre os agentes e suas fontes, as missões de altos riscos e as estratégias que às vezes tem que ser improvisadas na hora, para salvar a vida de alguém ou deixá-lo à mercê da sorte, e essa dinâmica de se ligar os pontos e entender tudo que está ocorrendo exige atenção e vale a pena ter à disposição, numa série que não faz concessões à inteligência de quem a assiste, pelo contrário, força você a montar um quebra-cabeça intrincado de geopolítica.

E por falar em geopolítica temos envolvimento de ingleses, americanos, chineses, africanos, países do leste europeu, todos de alguma forma unidos em uma corrida por informações, vantagens e chantagens de olho no grande prêmio que não revelaremos para não dar spoilers.

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Mesmo esse mcguffin não é o mais importante quando se vê o grande quadro e tudo e todos que estão em jogo, levando Martian, um agente mais do que capacitado, ao limite de uma escolha impensável e que se torna o gancho de uma segunda temporada que já está garantida.

 A Agência é uma bem vinda produção às séries de adultos!

_{Imagem Destacada: Divulgação/Paramount+}

A Agência | O Amor é Cego e Faz Diferença Nessa Série de Espiões Elegante e Complexa do Paramount+

Sinopse

Vendo-se obrigado a deixar sua vida secreta, o agente da CIA Martian (Michael Fassbender) tem que voltar para o posto em Londres, onde uma antiga paixão o coloca em um jogo perigoso de intrigas internacionais.

Prós

Adulta, inteligente e elegantemente realizada com ritmo próprio;

Ótimo elenco, com grandes interpretações, principalmente de Michael Fassbender

Um quebra-cabeça geopolítico de espionagem que aguça a curiosidade;

Uma bem-vinda série para adultos dentre todas as opções que estão disponíveis nos streamings.

Contras

5

Nota