Rio de Janeiro, 12 de junho de 2017.
Caro São Valentim,
Se o senhor receber esta carta, gostaria de, em primeiro lugar, agradecer. Muito obrigada por acreditar no amor quando mais ninguém o fazia. E obrigada também por fazer com que os séculos, ainda que somente um dia no ano, se passem mais calmos e tranquilos. Venho das terras tupiniquins. Aqui, não é de costume amar. Quer dizer… era, mas acho que estamos perdendo a mão.
Queria também, se possível, apresentar um senhor que nos é muito apreciado por essas bandas. Ele se chama Antônio… Santo Antônio. E acho que vocês fariam uma ótima dupla. E assim, passaríamos de um para dois –dois! – dois dias no ano, em que as pessoas apenas sorririam, falariam e expressariam coisas bonitas.
É meu Santo. A coisa anda feia. E precisamos de toda ajuda possível. Então, se o senhor também souber de mais alguém que queira ajudar, por favor, manda para cá. Eu tinha pensado em Madre Teresa… sim, a de Calcutá. Gosto dela… moça simpática que só. Gandi… São Francisco… Buda… ouso pedir ajuda até do poderoso chefão, mas acho que com tudo que anda acontecendo, Deus está muito ocupado. E sabe?! Não queria sobrecarregar o coitado.
Não é de sua época, mas já ouvistes falar em Facebook? Pois é… pense em algo para atravancar a vida de um ser humano. Desculpa a intimidade santinho, mas é que já me sinto sua amiga. E com palavras sinceras… está tudo virando uma grande bosta. No começo a ideia era boa, sabe?! A gente fofocava a vida de um gatinho, descobria se ele tinha namorada… postava uma coisa aqui, outra ali e só.
Daí, alguém teve a brilhante ideia de falar tudo que vem à cabeça sem se importar se ia ou não machucar o outro. E pronto… todo mundo virou especialista em falar da vida alheia. Tá… eu não vou mentir. Tem coisas que valem a pena… tem gente que procura emprego e acha. Tem pessoas que ajudam os animais (e cá entre nós, isso tem dedo de São Francisco). Tem uma rede inteira de boas ações. Só que no geral, parece que fizeram foi um aplicativo da Torre de Babel. Todo mundo fala, mas ninguém se entende.
Mas hoje, especialmente hoje, parece que o amor está no ar novamente. Lembra do Antônio, aquele que eu quero te apresentar, então… amanhã é seu aniversário. E no dia 12 de junho (sim, hooooooje), em sua homenagem comemoramos o dia dos namorados. É muito parecido com o dia de São Valentim – o do senhor, no caso –, mas no lugar dos cartões, a gente posta. Posta foto feliz. Posta foto de amor… foto beijando. Faz o que chamamos de “textão”. É igual uma carta, só que todo mundo recebe e quase ninguém tem paciência para ler.
Hoje, esse tal de Facebook estava florido que só. Tinha que ver… eu voltei até a ser mais eu, acredita?! Deu gosto! Aí, sabe como é. Nasce aquele filete de confiança na pessoa e ela já acha que pode mudar o mundo. E o que mais pode mudar o mundo, senão o amor?! E quem é o cara especialista em amor nessa parada? Você, é claro!! E bom…assim nasceu minha cartinha.
Será que dá para transformar todos os dias do ano em “dia dos namorados”? Acho que funcionaria. As pessoas parariam de postar coisas como gente morrendo, gente matando. E parariam também de fazer intriga. Porque dá trabalho fazer textão. E elas estariam tão ocupadas com isso, que esqueceriam das mazelas. Vai por mim… isso salvaria a lavoura.
O beijo e o tiro só se diferenciam por uma questão de alvo. Quer me dizer porque as pessoas sempre escolhem as armas que machucam? É meu pai… não está mais dando para viver assim não. Estamos cansados de dar murro em ponta de faca. Chegou a hora de ações efetivas… vamos colocar de volta as florezinhas de gratidão e fazer o mundo todo se amar novamente.
Será que rola?!
Agradeço a ajuda e peço perdão pelo palavreado. Mas com a gente não tem essas coisas, não é mesmo?! O senhor é aquele que ama e eu sou a última a morrer. No final das contas, estamos juntos nessa empreitada.
Obrigada por tudo e aguardo resposta.
O endereço é o de sempre.
Ass: Esperança
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