Quando a DC com a Warner Bros. Pictures começou a criar seu universo cinematográfico com “Homem de Aço” a ideia de trazer a equipe de heróis e vilões para o cinema, ao mesmo tempo que pareceu ser promissora, também soou como uma revanche diante do sucesso da Marvel Studios, com a Walt Disney Studios. Mas, já é de ciência geral que nada foi para frente nesse Universo da DC, além do próprio “Homem de Aço”, apenas “Mulher-Maravilha” obteve uma recepção positiva. Os demais, “Batman vs Supeman”, “Esquadrão Suicida” e “Liga da justiça”, tornaram-se fracassos descomunais. Mais recentemente, “Aquaman” ainda conseguiu ser uma grata surpresa e trouxe um respiro para o estúdio. No entanto, o cancelamento do filme solo do Flash e a saída de Ben Affleck como Batman deixaram o universo cinematográfico inicialmente programado adormecido e agora a aposta é em filmes independentes. “Coringa” foi o primeiro exemplo de sucesso.
E, nesse percurso, a ideia de criar um filme de vilões femininas surgiu sorrateira em meio ao caos de dúvidas da DC no cinema. Primeiramente, surgiram boatos sobre as “Serias de Gotham”, mas depois de algumas incertezas, “Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa” foi confirmado como o novo filme do estúdio, com Margot Robbie no comando da equipe, revivendo Arlequina – uma das poucas personagens a se salvar no péssimo “Esquadrão Suicida”.
Se eram identidade e ousadia que faltavam, “Aves de Rapina” trouxe isso de sobra. Sem medo de exagerar e mandando um recada feminista bem claro, o filme vibra com sua história. Mesmo que inicialmente confuso e num quadro geral de roteiro pouco inspirado, entrega uma direção frenética, com cenas de ação potentes e que divertem o público. Outra destaque é o carisma de Margot.
No longa, Arlequina se separa do Coringa. Contudo, agora ela não tem mais a proteção do palhaço rei de Gotham e está na mira de muita gente perigosa. Mas, vai ser o Mascara negra a grande pedra no sapato de Arlequina, que precisará se reunir a uma equipe de mulheres poderosas para desafiar o mafioso.
A ideia do filme é não se levar a sério, a quebra da 4 parede acaba contribuindo muito para isso quando a personagem interage com o expectador em diversos momentos do filme. O roteiro usa isso em diversos momento – a ponto de parecer excessivo. Além disso, a opção da montagem por não contar a história de forma linear e dividir ela em várias tramas e passagem que se complementam, deixa tudo um pouco confuso antes de se encaixar. Apesar de atrapalhar, isso não diminui um trabalho razoável por parte de Christina Hodson.
Arlequina domina todas as passagens da trama do início ao fim. Esse fato, acaba retirando espaço para que outras personagens ganhem mais aprofundamento e/ou apareçam mais. Dessa forma, Canário Negro e a Caçadora, são as que ganham um pouco mais densidade – mesmo que longe de ser suficiente. Enquanto isso, Cassandra Cain, apesar de ter papel fundamental na história, tem sua origem subdesenvolvida e, Renee Montoya ganha pouco espaço para aparecer, apesar de sabermos por auto suas motivações. Ewan McGregor também não possui muito tempo de tela para desenvolver o Mascara Negra, contudo, quando aparece, tem uma atuação imponente. No geral, todos possuem atuações satisfatória, mas apenas Arlequina se destaca.
A direção de Cathy Yan acerta principalmente nas cenas de ação. São muitas durante o filme – algumas até mesmo longas demais. O excesso de slow motion em determinadas cenas incomoda um pouco, passando a sensação de banalização do recurso e não de um uso complementar.
No fim, “Aves de Rapina” também apresenta discursos importantes, que veem desde sua concepção. O longa que possui uma equipe amplamente feminina, traz a emancipação de uma personagem que fala em suas entrelinhas de relacionamento abusivo, machismo e do poder feminino. A união final de todas as personagens contra o vilão é simbólica e expressiva para todas as mulheres que também buscam se afirma e conquistar seu espaço dia após dia na sociedade.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Warner Bros. Pictures
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