Hollywood sempre encontrou dificuldades com dois tipos de adaptações: as de Vídeo-Games e as baseadas em media de consumo asiática. Enquanto as de games sofrem por sua natureza derivada da narrativa cinematográfica, as de animes acabam por investir apenas no visual e tentando se valer apenas com isso (vide “A Vigilante do Amanhã”). Coisa que infelizmente afeta o filme da nossa ciborgue dos olhos grandes.
Uma ciborgue é descoberta por um cientista, ela não tem memórias de sua criação mas possui grande conhecimento de artes marciais. Enquanto busca informações sobre seu passado, trabalha como caçadora de recompensas e descobre um interesse amoroso.
Os grandes olhos a Ciborgue Alita reflete bem a importância que do diretor Robert Rodriguez (“Um Drink no Inferno”) tem com o visual do filme. o CGI, da personagem título, impressiona desde a primeira vez que vemos seus olhos abertos, a vividez que eles demonstram bem como a quantidade de reflexos que suas pupilas projetam, ilustram a preocupação do filme com os detalhes tanto para a construção do mundo quanto para compor a pequena e adorável Alita.
E se a equipe técnica cria um visual sólido e convincente para a personagem, a performance de Rosa Salazar (“Bird Box”) cria a “alma” que a protagonista precisa para que o mais casual do espectador possa esquecer que está vendo um desenho animado de 200 milhões de dólares. A inocência e doçura de Alita, vem muito do trejeito que a atriz emprega desde sua postura corporal, os timbres de variação de sua voz durante suas mudanças ao longo do filme. Basta a cena, logo no início do longa, em que a personagem come uma mexerica com casca, para se encantar com suas feições e maneira com que ela interage com o resto com ambiente.
O universo em si é outro show à parte, vide o esporte praticado no filme, o Motorboll, soa quase orgânico em uma realidade em que a tecnologia é tão presente no cotidiano. E mesmo que superficial ainda é forte a metáfora de classes, já que vemos uma cidade aérea onde a classe dominante depende do trabalho dos mais pobres para viverem no luxo. Não que esse seja um conceito novo na ficção científica (H.G Wells trabalhava com esse mesmo tipo de comentário social em 1885). Porém vindo de um filme em que 80% vai ser ação ou personagens com desenvolvimento atropelado, outros elementos são sempre muito bem vindos.
Se Alita tem um arco interessante de amadurecimento e auto descoberta, os seus coadjuvantes são exatos opostos, com exceção de seus interesse amoroso e de seu pai, todos que figuram o mundo de alita se resumem a estereótipos baratos ou personagens tão unidimensionais e dependentes de seu CGI, que são de dar inveja a Michael Bay. E se a escrita desses personagens ja é problemática e inconsistente, quando vemos que entre o elenco estão nomes como Mahershala Ali (“Green Book“) e Jennifer Connelly (“Réquiem para um Sonho”), os problemas se transformam em uma triste sensação desperdício.
“Alita Anjo de Combate” pode até ter boa parte dos mesmos problemas que as adaptações de anime tem, porém tem também muitas das virtudes que com as quais sua mídia original conquista o público hoje em dia.
Fotos e Vídeo: Divulgação/20th Century Fox
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