Quando Edgar Wright concentra suas atenções em um longa de ação com estilo dos anos 70 como “Em Ritmo De Fuga”, os cinéfilos ficam atentos. Toda atenção voltada ao talentoso cineasta é mais aprofundada quando lembramos que ele passou anos de sua vida em um roteiro que nunca entrou em produção. Foi o destino de sua versão de “Homem Formiga”, que Wright começou a trabalhar no longínquo ano de 2006, junto com o co-escritor Joe Cornish. Ele foi demitido depois da famosa justificativa de “diferenças criativas”, e o filme foi finalmente levado à tela pelo diretor Peyton Reed.
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Ainda assim, se a rusga de Wright com a Marvel tirou o vento de suas velas, não há nenhum sinal disso em “Em Ritmo De Fuga” – sua homenagem frenética aos thrillers de crime dos anos 70 e 80. Em essência, é “Caçada de Morte” misturado com o tom efervescente de sua adaptação de “Scott Pilgrim”. Ou, com outras palavras, é um tipo de ação musical: “La La Land” com motor V8 e espingardas.
Ansel Elgort estrela como Baby, um especialista em direção com o rosto de bebê, que serve como motorista para o criminoso Doc (Kevin Spacey). Enquanto ajuda uma variedade heterogênea de ladrões de bancos perturbados a ficar um passo à frente da lei, Baby gasta todo o tempo ouvindo uma mistura eclética de rock, rap e soul no seu iPod: um tic que lhe permite manter uma calma zen atrás do volante, ao mesmo tempo que bloqueia um zumbido que o atormenta desde a infância. O roteiro traça o familiar planejamento do último golpe, que Baby promete fazer para Doc antes de se estabelecer em um trabalho regular e, potencialmente, uma vida tranquila com sua nova namorada, a garçonete Debora (Lily James). Os parceiros de Baby no crime são Buddy (Jon Hamm) e o psicótico Bats (Jamie Foxx), o que significa que o plano inteiro está constantemente a um fio do fracasso.
Essa é o tipo de premissa que pode formar uma produção que é lançada diretamente para Blu-ray, mas Wright (que escreve e dirige) traz estilo, coração e direção suficientes para fazer “Em Ritmo De Fuga” algo fora do comum. Primeiro, há o tempo gasto em fazer com que Baby seja um personagem que valha a pena se importar: vulnerável, mas atlético, bonito e, ao mesmo tempo, geeky: quando não está dirigindo loucamente, ele também tem uma estranha inclinação para a gravação de partes de conversa e, em seguida, transformá-las em peças experimentais de música eletrônica.
Há as cenas de ação, que não são tanto John Woo ou Jerry Bruckheimer como Busby Berkeley; A música que toca constantemente no iPod de Baby fornece a substância para toda as sequências de tiros e de perseguições com barulhos de pneus. Tudo tirado do enorme jukebox de Wright. Sua “confusão” pode variar quando se trata das escolhas das músicas, mas a clareza e a confiança na direção são inegáveis; este é o seu filme mais cheio de ação até agora, e ele se envolve ao máximo. “Em Ritmo De Fuga” confia menos na aceleração e no CGI de “Scott Pilgrim”, ou mesmo “Velozes e Furiosos”, parecendo mais físico e real; isso porque dublês especialistas em direção fizeram tudo, ao invés de pessoas sentadas atrás de um computador.
“Em Ritmo De Fuga” é animado e engraçado, mas também extremamente violento em alguns momentos – pouco para surpreender aos fãs de “Todo Mundo Quase Morto”, mas potencialmente um choque para o público que, tendo visto os trailers, pode estar esperando um filme de ação escapista. Contudo, mesmo quando as coisas ameaçam ficar obscuras demais, como em alguns filmes que Wright evidentemente ama – o já citado “Caçada de Morte” (Walter Hill faz falta), “Fogo contra Fogo” de Michael Mann ou “Drive” de Nicolas Winding Refn – o filme nos traz de volta. Isso significa que, apesar de Jon Hamm e Jamie Foxx darem medo, “Em Ritmo De Fuga” continua a ser um filme de pipoca otimista (o clássico cult de John Landis, “Os Irmãos Caras de Pau”, também pode ter influência na mistura de música e caos de Wright). No meio de toda a violência há o bom caráter de Baby, chegando ao ponto de ser quase pitoresco.
Nem todas as escolhas do enredo são necessariamente as corretas – há uma confiança flagrante na coincidência, e Paul Williams, que faz um vendedor de armas extravagante, gasta tanto tempo falando sobre carne de porco e bacon em sua cena solo que leva o espectador ao tédio. Jon Bernthal também está completamente subutilizado, e as sequências de ação no ato final carecem de alguma escala de imaginação como as que as precedem. Pontualmente, esses são todos os fatores contra o filme, já que, no resto do tempo, ele é habilmente filmado e divertido. “Em Ritmo De Fuga” é um daqueles filmes que tem um roteiro que deixa quem vai ao cinema com um sorriso no rosto. Em suma, é o equivalente a uma ida a um bom parque de diversões ou a um show de Rock.
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[…] O mais conhecido deles é a curiosa “Trilogia dos três sabores de cornetto” – ou, como também é chamada, “Trilogia de sangue e sorvete” – uma clara referência a famosa Trilogia das Cores (“A Liberdade é azul”, “A Igualdade é Branca” e a “Fraternidade é vermelha”) do polonês Krzysztof Kieślowski -, que nasceu de uma parceria com o também produtor e roteirista Simon Pegg (“Star Trek: Sem Fronteiras”) e conquistou os cinéfilos do mundo inteiro com um humor ácido, diálogos rápidos e personagens totalmente fora dos padrões. “Todo Mundo quase louco”, “Chumbo Grosso” e “Heróis de ressaca”, fizeram de vez o nome do diretor no mercado internacional, proporcionando-o se envolver em produções inusitadas como “Scott Pilgrim Contra o Mundo”, “Homem-Formiga” e o recém chegado aos cinemas: “Em Ritmo de Fuga”. […]