“Mentes Sombrias” não poderia ter chegado em pior momento. Se tem algo dentro do mercado de produções cinematográficas já saturado e também datado é esse tipo de obra situada em um mundo distópico cujo foco se encontra em personagens adolescentes. Em realidade, a causa maior não é apenas o grande número de filmes e livros dessa temática lançados, mas sua duvidosa qualidade. É difícil, beirando o impossível, citar algum título de franquia nessa linha que chame atenção pela qualidade, quando a maioria é fracasso absoluto, e muitos não apenas de crítica. É tudo muito genérico, requentado, sem originalidade e fadado ao esquecimento, tais quais foram nomes como “Maze Runner” ou “Jogos Vorazes”.
No caso de “Mentes Sombrias”, nota-se alguma tentativa de mudança na medida em que um pouco de ficção-científica é colocada na mistura de seu roteiro, espelhando talvez até mesmo em “X-Men”. Uma tentativa, quem sabe, de dialogar com os filmes de herói? Os jovens protagonistas da trama possuem habilidades especiais, em sua maioria, e devem se reunir com seus iguais para lutar contra os vilões que planejam sua erradicação. Nada mais clichê que isso, e o maior reforço disso talvez seja que a grande instituição antagonista aqui é o governo dos Estados Unidos. Tudo muito pouco desenvolvido, maniqueísta e sem que nenhum personagem seja de fato bem desenvolvido ou carismático. A verdade é que eles pouco importam para o espectador, apesar de falhas tentativas de conexão emocional que o roteiro entrega. Nesse sentido, tampouco ajuda o fraquíssimo elenco aqui presente, totalmente ligado a galhofa e parecendo amador.
É inclusive problemático falar dos elementos de linguagem audiovisual de “Mentes Sombrias” já que é tudo muito pasteurizado. Desde a trilha sonora, passando por direção, fotografia e direção de arte são segmentos do longa que não chegam a ser um desastre, de algum modo, mas que não contam com qualquer traço que saia da mediocridade. Pense em cenas dramáticas que contam com má atuação, trilha de fundo acompanhando uma melancólica e previsível orquestração, mau uso de cores e luz cênicas e câmeras que se limitam a plano e contra-plano que tem-se uma ideia do que “Mentes Sombrias” é.
Assim, numera-se mais um filme que entra para a lista de dispensáveis adaptações da chamada literatura young adult. Vazia, sem qualquer resquício de profundidade, “Mentes Sombrias” acaba sendo mais um desperdício de tempo e recursos de Hollywood para emplacar nova franquia teen. O que nos remete a o fato de que este é episódico, pois apenas se propõe a ser o primeiro capítulo de futuras sequências que virão, em teoria. Se for o caso de haver, de fato, torna-se ainda mais inexplicável tamanha teimosia e maior ainda a chateação daquele que aprecia o bom cinema.
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