Apesar de ser usado de forma pejorativa, o conceito de “clichê” não é necessariamente negativo. O clichê é a convenção já consolidada, usual e esperada dentro de um objeto, podendo ser ele o que for. No cinema, por exemplo, bons filmes recentes como “Invocação do Mal” e “Invocação do Mal 2“ utilizam tal recurso várias vezes, mas sempre muito bem. Assim, é possível afirmar que clichês não empobrecem determinada obra se eles foram usados com eficiência, com inteligência e com moderação, o que inclusive pode torná-los uma homenagens aos clássicos, em perspicazes referências.
“A Rebelião“, no entanto, é um desses filmes que parecem ter surgido como resultado de diversos algoritmos diferentes, um filme sem alma. O amontoado de clichês existentes faz com que o longa seja como uma das inúmeras séries que a Netflix tem produzido enquanto conteúdo original, pensando antes na quantidade que na qualidade. “A Rebelião” é um genérico de filmes distópicos com toques de ficção científica que despontaram há alguns anos e que, infelizmente, não traz nada de novo. Nem usa clichês de formas interessantes e tampouco inova, seja pela novidade ou pela desconstrução do esperado.
Alienígenas, governos autoritários e lei marcial são alguns dos elementos que são apresentados aqui, em meio a um roteiro confuso e mal desenvolvido. Numa tentativa clara de tentar entregar uma trama complexa e com várias camadas, o efeito inverso acaba surgindo e mostra, mais uma vez, que muitas vezes o minimalismo é o melhor caminho. Isso, claro, somado ao ideal de jamais subestimar o espectador. O que “A Rebelião” faz é, no fim, se superestimar demais e pensar que possui a grandeza que na realidade não tem.
Somado a isso, a criação do mundo pós-apocalíptico ainda se faz ineficaz, mesmo em termos visuais. Em nenhum momento o público se sente interessado ou estimulado a conhecer os personagens ou locais. A cidade de Chicago, onde o longa ocorre, poderia facilmente ser qualquer outra cidade grande dos Estados Unidos. Os ambientes urbanos poderiam com facilidade vir de jogos de vídeo-game com a mesma temática. Nada é impactante, nada é único, tudo é plastificado e reciclado a exaustão.
Há, ainda, que se comentar da direção de Rupert Wyatt, calcada numa tentativa de emular estilo documental através da câmera tremida. Ao invés de aferir crueza e dinâmica ao seu filme, Wyatt o enfraquece na medida em que esse recurso torna as dinâmicas de cena muito difíceis de serem compreendidas. Passa longe do bom gosto que a mesma técnica possui em “Distrito 9” ou “Tropa de Elite”. Se os diálogos e interação dos personagens não ajudam por serem mais confusos que o necessário, efeitos similares são vistos nas cenas de ação, ainda que por causas diferentes.
Em suma, “A Rebelião” é tão irrelevante que não é exagero dizer que o filme some da mente de quem assisti-lo pouco tempo após a projeção. E mais infeliz ainda são os ganchos para uma possível continuação que são plantados ao longo de todo filme. Tão inócuo que é difícil até mesmo que haja bilheteria para que as continuações sejam feitas.
Fotos e Vídeo: Divulgaçao/Diamond Films
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