Se podemos afirmar que existe uma síntese do que é o humor inglês, não poderia haver resposta melhor que Monty Phyton. Grupo inglês de comédia surgido na televisão, originalmente, revolucionou a forma de fazer comédia que dominava até então. Já nas décadas de 60/10, enquanto produziam seu conteúdo, não limitavam-no a apenas uma mídia, o que passou a incluir cinema e rádio, para além da televisão. Aliás, as piadas feitas pelo grupo eram bastante ousadas se considerarmos a época, com diversas críticas sociais e inúmeras paródias de temas polêmicos, incluindo os religiosos. Isso, somado ao humor non-sense que gerou a fama e a qualidade que o Monty Phyton possuem, e não seria exagero afirmar que eles próprios criaram um sub-gênero dentro da comédia com base nessas características.
Seu longa mais famoso é “Monty Phyton em Busca do Cálice Sagrado”,que foi também o primeiro lançado em cinemas. O enredo gira em torno de uma grande paródia das lendas do Rei Arthur e sua mitologia medieval. Ainda com uma identidade um pouco televisiva, por conta da questão orçamentária, seguimos nosso protagonista em sua jornada pelo Santo Graal, juntamente com o grupo de cavaleiros que passa a acompanhá-lo. Não é uma história original, mas o roteiro brilha plenamente ao subverter completamente nossas expectativas. Diálogos que seriam corriqueiros e sem sentido algum em outros filmes, aqui possuem graça e sagacidade que é difícil de se atingir quando a intenção é provocar o riso. Várias referências e conversas com conteúdos anacrônicos mostram seu valor, estabelecendo o absurdismo daquele mundo comandando pelos comediantes do Monty Phyton. Não apenas nesse sentido, mas a graça vai além dos diálogos, como em cenas como a do coelho que ataca os cavaleiros ou a cena em que um inimigo do Rei Arthur tenta atacá-lo mesmo estando desmembrado e sem possibilidades de agir. É, de forma geral, uma comédia que funciona na grande maioria daquilo que se propõe a ser.
Nada disso seria efetivo, no entanto, se o elenco não fosse talentoso. São atores perfeitos para o tipo de filme que estão fazendo, mas não só de forma individual, porque a química que se estabelece entre eles enquanto conjunto é incrível. Como é um coletivo que já há muito tempo trabalhava junto, em momento nenhum aquelas conversas, olhares ou interações entre os personagens soam artificiais. É esse aspecto, somado ao inteligente roteiro da obra que faz dela especial como é. Também chama a atenção que os figurinos e cenários, um tanto quanto estereotipados e toscos, são assim de forma proposital. Ainda que exista por trás a problemática da pequena verba que foi usada para o filme, sua atmosfera pedia que fosse algo do jeito que foi feito. Assim, o ar surreal e cômico por natureza se mostra já na estética do filme.
Dessa forma, nada mais justo é reconhecer “Monty Phyton em Busca do Cálice Sagrado” como excelente filme que é. Uma das maiores comédias de todos os tempos, e que confirma isso pelo tempo que já faz de sua produção, mas que continua muito atual. Na realidade, essa peça é como um bom vinho, que tende a melhorar com o tempo. Aqui, porém, ao invés de uvas e de álcool, falamos de piadas inteligentes, roteiro sagaz e elenco afiado.
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