Durante a coletiva de imprensa após a cabine de “Os Parças 2” Tom Cavalcante enfatizou que o filme buscava um humor mais “abrasileirado” citando inclusive Os Trapalhões. O que é bem irônico, porque o melhor jeito de descrever o longa é realmente citando outro trabalho de Renato Aragão: É uma versão vitaminada da Turma do Didi.
Os parças Toinho (Tom Cavalcante), Ray Van (Whindersson Nunes) e Pilora (Tirullipa) estão curtindo suas férias em um hotel cinco estrelas, quando são interrompidos por Romeu (Bruno de Luca) os avisando que o mafioso China saiu da Cadeia e está em busca de vingança. Agora, para ajudar Romeu a juntar dinheiro para poder sair do país, cabe ao grupo de amigos tentar fazer com que a antiga colônia de férias, onde estão escondidos, esteja apta a receber campistas, e com isso pagar a passagem de Bruno.
Pela sinopse acima, já fica fácil entender a comparação feita no primeiro parágrafo, já que era uma situação recorrente do seriado esses especiais em que a trama era basicamente levar os personagens para alguma locação remota, e basear 50% das piadas em ressaltar a precariedade do ambiente. E como se isso não bastasse, outra característica que o filme divide é uso de um humor derivativo e preguiçoso.
O roteiro chega a ser quase um exercício de confirmação para o espectador. Uma vez que as situações sejam apresentadas, a piada da conclusão já pode ser antecipada cenas antes dela chegar. Como por exemplo, a citação de que há abelhas fazendo mel por perto. É preciso dizer como a cena se desenrola? Basta dizer que se o espectador pensar por mais de 30 segundos acabaria imaginando algo diversas vezes mais criativo do que o texto original. Isso sem contar os momentos de uso exacerbado dos mesmos recursos, como deixar a câmera parada enquanto os personagens principais simplesmente ficam fazendo caretas reagindo a determinadas situações (vide a cena do escargot logo no começo).
Mas há um motivo prático para isso, a diretora Cris D’Amato, acha que a força do longa é em derivativa de seu elenco, e em partes está certa. O humor do filme funciona bem melhor quando depende das tiradas que soam mais improvisadas, como por exemplo o mini “Roast” com o fato do motorista ter o olho caído enquanto o outro possui o levantamento normal (o termo Val derrame realmente merece até ser destacado).
Porém, mesmo dentre os acertos há erros, e por mais que Tom Cavalcante seja o mais experiente do elenco, seu humor e trejeitos soa bem deslocado do restante da trupe. Faz sentido sua comparação com Os Trapalhões, já que seu personagem remete ao tipo de caricatura que marcou o grupo. Contudo, ele no meio de um humor que atira em tiradas até autoconscientes (como as diversas piadas com youtube envolvendo o personagem de Nunes), seu personagem soa distante de quem o cerca.
Com humor dolorosamente óbvio, e uma trama derivativa, “Os Parças 2” mostra que a comédia brasileira mainstream ainda tem muito o que melhorar.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Downtown Filmes
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