Alguns poucos anos atrás, filmes baseados na marca Lego foram lançadas e obtiveram relativo sucesso dentro de seu nicho. A improvável transposição do brinquedo para as telonas acabou, no entanto, funcionando bem e carregando características que ficaram marcadas como sendo da Lego – como as referências à cultura pop e o humor carregado de ironia ao longo de dos dois filmes produzidos. Já eram elementos presentes nos video-games baseados em Lego e que também se mostraram bem no cinema. Dentro dessa tendência, “Playmobil – O Filme” estréia, então, com alguns anos de atraso e com intenções parecidas aos da marca similar.
Nesse sentido, a criação de um mundo animado dos brinquedos de Playmobil é muito convincente e carismática. A multiplicidade de territórios para serem explorados e de povos que neles habitam é vasta e deixa o público curioso para vê-los interagirem entre si. O mais curioso é que, naquele universo, ninguém estranha o fato de vikings interagirem com romanos ou mesmo com piratas. Tudo parece muito natural, orgânico e isso ajuda a tornar em verdadeiros os locais em que o filme se passa. Não seria exagero dizer que esse ponto, somado à animação, que respeita muito os brinquedos originais em que o filme se baseia, são os mais fortes do longa-metragem.
Entretanto, os maiores méritos dele são os visuais, já que não sobra muito o que elogiar fora dessa área. Tudo é muito simples, na realidade, e voltado quase que exclusivamente para o público infantil. Não existe problema em querer se direcionar para essa faixa-etária, mas “Playmobil – o filme” parece recorrer ao mais básico possível e apostar, algumas vezes, numa suposta pouca exigência de crianças e do público mais jovem. Outra questão que deve ser abordada é que a obra aqui tratada não parece interessada em dialogar com outros tipos de audiência, como os filmes Lego fizeram ou mesmo como a Pixar fez em todo seu histórico de produção. “Playmobil” contenta-se em ser infantil, estrito-senso.
Outro elemento que fica deslocado são as sequências musicais, que são postas em excesso e quase sempre quebram o ritmo que ditava a projeção. Nenhuma das canções cantadas é memorável e nem é dispensável para a trama, o que faz parecer que estão ali por puro capricho ou pelos realizadores apostarem num apelo que elas não conseguem ter. “Playmobil” não é um musical, e portanto soa estranho que percamos tantos minutos de tela com momentos típicos de filmes desse gênero. Nem mesmo são orgânicas ou aparecem com naturalidade, sendo elas em momentos inoportunos e gerando o cansaço como consequência.
Assim, “Playmobil” pode ser definido como filme visualmente carismático e com apelo. Há de atrair aqueles mais novos dentre as crianças, mas sem muito cativar os adultos, talvez com exceção dos que tenham tido maior relação com os brinquedos Playmobil no passado. Aqueles que forem acompanhar crianças nas sessões talvez fiquem entediados e não há muita solução para tal. Não é um desastre completo, mas se mostra uma produção regular e mais genérica do que poderia ser.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Paris Filmes
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