Uma nova suprema nasce: Dandadan tem tudo para ser o anime do ano
Senhoras e senhores, é com alegria que comunicamos o grande título do ano (até agora!), um serviço para quem ainda não teve o prazer de assistir seja-lá-o-que-seja que é “Dandadan”, uma mistura de suspense sobrenatural com comédia romântica que prometeu nada e vem entregado tudo. Confira nossa pré-crítica referente até o lançamento do quinto episódio.
A fórmula da galhofa
De tempos em tempos presenciamos um cometa na cultura pop que mal podemos distinguir se ele é tão brilhante assim porque o Sol, ou os fãs, nos afetam o julgamento. “Dandadan” é a nova obsessão da comunidade otaku, que há algum tempo carecia de títulos como 2024 vem proporcionado.
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Lançado simultaneamente com duas dublagens em português brasileiro, uma pela Netflix e outra pela Crunchyroll, o anime é um dos principais novos sucessos da Shounen Jump+ e um anime à altura da trama e de sua popularidade deveria estar à caminho, a função ficou pelo Science SARU, um estúdio com menos trabalhos, mas de grande relevância — você deve conhecê-los por “Devilman Crybaby” (2018), “Scott Pilgrim Takes Off” (2023), e o queridinho da crítica “Eizouken” (2020).
A série gira em torno de dois colegiais: Momo Ayase, a garota popular que acredita em ocultismo, e Ken Takakura — que tem o mesmo nome da estrela do cinema por quem Momo é obcecada — fanático por extraterrestres. Em uma aposta, Momo tenta provar que espíritos existem e Ken que aliens existem, levando-os a explorar lugares relacionados a essas entidades.
No processo, Ken é possuído por uma yokai que rouba seu genital (!) e Momo é abduzida por aliens que tentam se reproduzir com ela à força. Os novos poderes os ajudam a sair dessa: Momo é neta de uma poderosa ocultista e desenvolve psicocinese, já Ken ganha força e velocidade sobre-humanas.
Que deem um aumento para a direção de arte: a condução da animação adiciona camadas de estranheza para um estilo aparentemente mais do mesmo, e quem entendeu esse recado bem trouxe também à abertura “Otonoke”, por Creepy Nuts, um hip-hop que troca com naturalidade entre dois registros, como a dualidade entre aliens e espíritos — o que lembra nesse sentido “Wild Side” para “Beastars” (2019).
A comédia romântica não é o seu coração ou fio condutor, mas garante bons momentos entre os protagonistas que são ótimos solistas e funcionam ainda melhor juntos; compartilham do mesmo neurônio. É o clichê do nerd com a garota popular? É, mas não temos culpa se outros autores não fizeram a lição de casa tão bem quanto Yukinobu Tatsu, o gancho ao fim do primeiro episódio com o jogo de câmeras em Momo é pura arte (e farofa, mas arte!).
Um pouco na pegada de mostro da semana, “Dandadan” consegue te enganar em esconder sua estrutura atrás do “mistério do universo”; mesmo com uma mentora espiritual, a avó de Momo, estamos aprendendo bem aos poucos sobre o funcionamento do universo junto aos protagonistas. Trata-se de uma premissa diferente, mas que não era bem explorada dessa forma quem sabe desde “Ghost Stories”/“Gakkou no Kaidan” (2000).
Precisamos também falar da trilha sonora que é o suco da comédia. Na épica cena do episódio quatro, por exemplo, com toda a tensão construída para encurralar o duo Momo e Ken, foi escolhida a ópera “William Tell Overture”, mas a melodia é alterada de forma a transformar a sequência em uma belíssima galhofa digna de novela das seis de Walcyr (“Walcyrco”) Carrasco, repaginada total para adaptar sete páginas de mangá que se tornaram ouro.
Nossa nota preliminares para a adaptação de Dandadan não poderia ser diferente: tem aliens, ocultismo, e baixaria em altíssimo nível; é tudo que seria um bolo de aniversário de cidade em forma de anime de 12 episódios no melhor estilo: é doce, entrega mais do que você esperava, e sempre termina em barraco.
Nota final: 5/5 (mas deveria ser 6)
Imagem Destacada: Divulgação/Netflix
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