Os tempos estão finalmente mudando e o Oscar entendeu isso, histórias novas estão ganhando visibilidade, grupos novos estão ganhando visibilidade, assuntos importantes que eram jogados para o canto estão começando a receber a atenção do grande público e o cinema de gênero está contribuindo para isso.
Na última cerimônia do Oscar, tanto o prêmio de melhor filme quanto o de melhor diretor foram para Guillermo Del Toro e sua obra “A Forma da Água”, uma história de monstro que mistura um romance com a atmosfera do terror. Essa combinação fantasiosa recebeu elogios desde sua estreia em festivais de cinema, e mesmo que fosse o favorito como candidato para o Oscar, as pessoas ainda tinham suas dúvidas se a Academia iria premiar um filme que a princípio tem um tom tão destoante dos filmes que recebem a sua atenção.
Mas, pelo visto, a mudança chegou e a pluralidade dos novos membros julgadores está mostrando que um bom conteúdo está agradando, independente da sua forma. E não foram apenas esses Oscars que o cineasta mexicano levou para casa que nos apontam isso. A cerimônia como um todo deu vários sinais.
Filmes de super-heróis aparecendo nos vídeos de retrospectiva ao lado de clássicos consagrados, o filme “Corra!“, que é um terror que fala de racismo, ganhando o prêmio de melhor roteiro, uma atriz trans Daniela Vega, subindo pela primeira vez no palco do Oscar e o filme que ela protagoniza sendo premiado como melhor filme estrangeiro, a atriz Frances McDormand se emocionando e pedindo para que todas as mulheres da indústria comemorassem a sua premiação juntas. O cinema está mudando tanto dentro quanto fora da tela, histórias diferentes estão sendo contadas e o diferente está ganhando seu espaço, não como um espaço daquilo que é feito como “incomum”, mas um espaço que é visto como mais uma opção tão digna e boa quanto qualquer outra.
Esse estalo que as pessoas estão começando a ter tem que ser aplicado também e principalmente ao cinema brasileiro, que ainda sofre um medo de ousar. Parece estar parado na maior parte das vezes nos mesmos gêneros de comédia e drama que os grandes produtores ainda insistem em apostar. Enquanto nossos hermanos latino-americanos tanto argentinos quanto chilenos nos deixam para trás e enfeitam suas prateleiras com as estatuetas douradas que Hollywood os deu.
As alegorias oníricas, sejam as soturnas como as de Del Toro ou as pirotécnicas como as dos super-heróis da Marvel estão nos fazendo olhar para os problemas e as questões que temos na nossa realidade atual de uma forma que a nova geração que está acostumada a consumir apenas o que aparece em sua timeline consiga entender e assimilar.
O rompimento com o clássico não deve ser feito, mas a inovação é necessária, porque ela que será a ponte entre as pessoas e seus questionamentos. Del Toro foi muito sábio em seu discurso de agradecimento quando disse:
“O melhor que a arte faz, e que a nossa indústria faz, é apagar as linhas na areia”.
Vivemos uma época em que fronteiras estão sendo marcadas cada vez com mais força e preconceitos são nomeados como “apenas opiniões”, se a fantasia, heróis, monstros, horror, romance ou ficção científica estão sendo usados para dar voz para aqueles que não tinham ou para fazer as pessoas pensarem no novo mundo, que está batendo nas suas portas, então o que parece mais produtivo? Olhar e bater palmas para esse “cinema pipoca” que mostra um novo lançamento toda semana ou aquela velha visão desatualizada pseudo cult que anseia em dizer o que é arte ou não, segundo seus parâmetros.
E você o que acha disso tudo? Comente, continue os debates nos comentários! Vamos continuar essa conversa, quem sabe a gente escreve mais sobre esse tema e mostra outros pontos de vista.
Por Fernando Targino
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