Hoje, trazemos aqui na Woo! Magazine mais um pouco dos quadrinhos nacionais! Se HQs e quadrinistas em geral já sofrem com as dificuldades de produção e divulgação de seus trabalhos, imagine então uma personagem assumidamente lésbica! Pois esse é o grande desafio de “Katita”, criada por Anita Costa Prado lá nos idos de 1995. Ao longo de mais de vinte anos a autora já publicou diversos trabalhos, inclusive alguns premiados e ainda tem muito a dizer em prol de algumas minorias.
Anita Costa Prado é paulistana, formada na área contábil pela Faculdade de Educação Campos Salles. Organizou para a Sociedade de Cultura Latina o livro “Infância Desfavorecida” e publicou “Meandros da Inveja” e “Catarse de Cartomante”. Criou a “Katita” em 1995; porém a personagem teve suas tiras publicadas no livro “Katita, Tiras sem preconceito” pela editora independente Marca de Fantasia, em 2006. E Anita não se limita apenas aos quadrinhos, extremamente ativa e engajada em questões sociais, ela participou ainda de diversas antologias poéticas, obteve premiações em concursos literários e atua na elaboração de cartilhas institucionais e criação de personagens de Quadrinhos portadores de necessidades especiais.
Enquanto sua personagem mais famosa não decolava, a autora realizou diversos trabalhos com alguns desenhistas como Tarcílio Dias Ferreira, com o título “O Céu dos Políticos”, uma crítica com pinceladas de terror. Em parceira com Laudo realizou uma HQ sobre reencarnação. Também fez um roteiro de uma HQ para os personagens Roko-Loko e Adrina-Lina, do Marcio Baraldi, publicada no álbum “Born To Be Wild”. Atualmente ela se dedica ao que intitula RPQ (roteiro poético em quadrinhos), um projeto no qual poesias dela são roteirizadas por algum desenhista (geralmente Ronaldo Mendes) e posteriormente transforma em HQ. Não que esse tipo de trabalho seja inédito, pois Edgar Franco e Henry Jaepelt já o fazem há décadas, mas Anita trouxe um novo olhar a essa disciplina.
Toda essa gama de trabalhos artísticos na verdade são formas de expressão que Anita Costa Prado utiliza para dar voz às questões sociais nas quais é ativista. “Gosto de defender o que acredito e tento combater injustiças; a escrita é uma das minhas ferramentas. Sinto que preciso fazer muito mais do que faço” diz a autora. Além do foco direto no universo LGBT, no qual Katita é atuante, Anita também vem se engajando na luta pelo vegetarianismo e também junto a classes sociais mais humildes em trabalhos assistenciais.
A criação de Katita veio da sensibilidade da autora em perceber que uma personagem lésbica seria interessante, justamente pela inexistência de tal enfoque. A intenção dela foi mostrar o cotidiano de uma jovem lésbica com bom humor e ironia, como forma de suavizar a abordagem de um tema polêmico e repleto de conceitos equivocados.
Como (infelizmente) é de se esperar, a personagem sofreu censura, exclusão, veto, solicitação de alterações nas tiras, comportamentos da personagem e substituição de palavras nos balões por parte de editores onde ela tentou publicar.
“Sinceramente isso não me afeta, é um dos combustíveis para continuar. Tenho uma crítica pessoal em relação a personagem e algumas idéias são deixadas de lado por minha vontade já que não quero usar nada apelativo.”
Com essa postura firme, Anita enfrentou grandes dificuldades em conseguir visibilidade para seus trabalhos. Através da editora independente Marca de Fantasia, de Henrique Magalhães, foram publicadas as coletâneas de tiras “Katita: humor & malícia” e “Katita – Tiras Sem Preconceito”. Esta última foi vencedora do 23º Prêmio Ângelo Agostini com os troféus de Melhor Escritora e Melhor Lançamento de 2006. Já “Katita – O Preconceito é um Dragão” foi lançada em 2010, também pela Marca de Fantasia. Além do site da própria editora, as revistas podem ser encontradas na Ugra Press.
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