Com o último filme de um vilão do Homem Aranha sem o herói, “Kraven, O Caçador” é um final melancólico para o universo da Marvel na Sony Pictures
Esse é o último filme de um vilão clássico dos quadrinhos do Homem Aranha, no caso “Kraven, O Caçador”, mas sem a presença nem ligações com a cinessérie do herói na Marvel Studios, porque a Sony Pictures encerrou esse universo que um dia imaginou ser promissor.
Foi-se o tempo da bonança em que qualquer filme da Marvel era no mínimo um sucesso de bilheteria, rendendo valores em que pelo menos o estúdio tinha algum lucro do que investiu.
Hoje em dia, por conta de fracassos como “As Marvels”, “Madame Teia”, e até a arrecadação abaixo do esperado pelo último filme do simbionte “Venom”, os filmes de super-herói vão ter que se mexer para causar mais sentimentos do que indiferença e cansaço nos próximos tempos, em que estão previstas estreias. E isso para ficar só nos exemplos da Marvel Studios, pois se levarmos em conta os filmes da concorrente DC Estúdios (lar do Batman, Superman, Mulher Maravilha entre outros), o prejuízo e falta de prestígio é ainda maior.
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Todo esse contexto para apresentar o mais novo fracasso do filme de um personagem baseado em quadrinhos da Marvel, pois Kraven, O Caçador nunca foi um dos inimigos mais populares do Homem Aranha e, para piorar, em todas as décadas de existência do herói, esse personagem tem somente uma boa história que se destaca, “A Última Caçada de Kraven” onde ele tem o mínimo de desenvolvimento, mas que acaba de forma trágica.
Daí vem a questão, onde tiraram a ideia de que um filme desse vilão, que aqui é mais um anti-herói modificado — claro, para gerar um mínimo interesse na audiência — daria certo ou arrastaria multidões ao cinema?
Porque Kraven não tem, nem de longe, o mesmo apelo de Venom, que é bem popular entre os fãs do cabeça de teia (particularmente nunca entendi essa adoração pelo simbionte) e, pelo visto, a figura bombada do ator Aaron Taylor-Johnson (que vejam só, já foi o herói Mercúrio no segundo filme dos Vingadores) não foi o suficiente para animar os nerds a comparecer nas sessões em que o filme foi exibido, pois arrecadou menos que o filme anterior (e inferior) do estúdio, o famigerado Madame Teia, o que sepulta qualquer expectativa de ao menos recuperar o que foi investido na produção e no marketing.
E haja motivos para o filme não funcionar… O ator principal até que se esforça para mostrar toda fisicalidade do personagem nas cenas de ação quando não são montadas por um CGI mais ou menos, e quanto a sua personalidade e história, ensaia alguns contornos que insinuam uma tragédia shakespeariana, mostrando os abusos de autoridade imputados a ele e ao irmão pelo pai, interpretado por Russel Crowe “(Gladiador” de 2000) no modo “não estou nem aí, sou um russo com sotaque ruim e malvadão”.
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Uma nota: o irmão de Kraven é interpretado com sensibilidade por Fred Hechinger que esteve no recente “Gladiador 2”, mas não há como salvar muita coisa nesse filme.
Embora as motivações na história do filme, divirjam dos quadrinhos (e tudo bem), há um certo ensaio para redimir o anti-herói por ele caçar e matar de forma violenta pessoas ruins pelo mundo, impulsionado pelo ódio e desprezo que tem pelo pai. Um criminoso, mas que não se sustenta pela série de clichês (sempre eles) que não têm o mínimo de sutileza, coerência nem coesão, pois a certa altura Kraven que detesta caçadores de animais, para fazer jus ao seu uniforme original nas HQs, se veste com a pele de um animal!
É o mesmo tipo de incoerência do Aquaman da DC jogar uma garrafa de cerveja vazia no oceano em outra bomba que foi o filme da “Liga da Justiça” do Zack Snyder.
Não há uma interpretação no mínimo relevante, a trama não faz um sentido que valha a pena acompanhar, não há trilha sonora que se destaque ou que, pelo menos, sirva de tema para o anti-herói. Não há nem cenas pós crédito, o que era algo que fazia parte da brincadeira, por pior que o filme fosse, e a fotografia não é algo que parece ter gerado algum estudo ou preocupação com o que era exibido na tela, pois é genérica e sem inspiração.
Os vilões (e olha que temos três!) não são carismáticos o suficiente, sendo que um é eliminado de uma forma abrupta, e que poderia até ser legal, mas pelo jeito que a cena foi criada só causa indiferença.
Kraven é uma obra nula, pois passa longe de ser bom ou ter relevância cinematográfica mesmo no subgênero onde se encaixa, não é nem daqueles filmes tão ruins que divertem e não acrescentam nada a quem participa, que os digam o promissor diretor J.C. Chandor que dirigiu os interessantíssimos “Margin Call – O Dia Antes do Fim”, “Até o Fim”, “O Ano Mais Violento” e principalmente a bela e talentosa Ariana DeBose, vencedora recente do Oscar de melhor atriz coadjuvante por seu papel de Maria no remake do musical “West Side Story”, dirigido por Steven Spielberg.
Pois é, não foram os primeiros e, até a onda dos filmes baseados em quadrinhos durar, não serão os últimos que se meterão numa roubada dessas, isso porque o filme teve mais de um ano de adiamento para aparar todas as arestas que se julgavam necessárias, e parece que estavam contentes com o que lançaram.
Mas pelo visto, o público em geral não.
“Kraven, o Caçador”. Imagem Destacada: Divulgação/Sony Pictures (via TMDB)
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