Francês “Crônica de uma relação passageira” traz história de relacionamentos modernos com problemas antigos
Pródigos em comédias românticas diferenciadas, os franceses fazem filmes que às vezes remetem a teatralidade constante em diversas obras da sua cultura, e que podem ressoar bastante verborrágicas a princípio, exatamente o que ocorre em “Crônica de Uma Relação Passageira”.
Mas o diretor Emmanuel Mouret, que divide o roteiro com Pierre Giraud, tem outra carta na manga que é a dualidade ao apresentar os dois protagonistas do filme, Charlotte (Sandrine Kiberlain) e Simon (Vincent Macaigne).
Ela segura de si, seu corpo e sua sexualidade.
Ele inseguro, envergonhado e até emasculado pela condição de ser retraído, casado e ter filhos.
Conhecem-se em um bar e combinam que terão uma relação passageira, sem nenhum interesse a não ser a diversão e com um certo tempo para acabar, visto o quanto são diferentes em personalidades e objetivos.
Simon e, por conseguinte, o ator, são muito parecidos (na verdade quase iguais) com os personagens escritos e interpretados pelo americano Woody Allen nas suas fases entre os anos 70 e 80: tipos atarracados, sem nenhum traquejo social, nem com mulheres que estranhamente (e por razões de roteiro claro) se tornam “irresistíveis” a alguém do sexo oposto.
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Nesses arquétipos tão familiares e díspares típicos de comédias românticas onde os opostos se atraem, Sandrine Kiberlain está perfeita como Charlotte, a outra parte do relacionamento, confiante, decidida, segura de si e dos seus sentimentos. Está solar e enigmática, uma mulher moderna e totalmente emancipada.
Nos dias que se passam e marcados pelas informações na tela dos dias da semana e do mês, vamos acompanhado a evolução desse affair, onde a cada encontro que, para o inseguro Simon pode ser o último, haja vista que Charlotte realmente é areia demais para o caminhão do protagonista, vemos a intimidade desse casal entre seus passeios e as pequenas rachaduras nas armaduras dessas pessoas, que normalmente ocorre em qualquer relacionamento que tenha o mínimo de afeto.
Nas humanidades das conversas da insinuante e irônica Charlotte, na verborragia às vezes divertidas e outras inconvenientes do retraído e culpado Simon, a história de amor se desenvolve em meio a cenários da cidade e dos campos nos arredores de Paris, deixando claro a contemporaneidade do filme e a proposta acertada de ser uma mais crônica moderna de como as pessoas se comportam em um mundo que a comunicação é rápida e os sentimentos podem mudar de uma hora para outra, pois se os seres humanos tem suas formas de pensar e agir, podem ser resistentes a mudanças, os sentimentos são fluídos e dependem de uma série de fatores que impactam na continuidade ou não das relações.
Culpa, medo, egoísmo, insegurança, egocentrismo, abnegação, medo, admiração, decepção… Esses e outros sentimentos podem pedir passagem em um relacionamento, e mudar a percepção do outra ou alguma situação nova pode surgir, o que realmente acontece já no terceiro ato do filme em que toda hesitação de Simon ou Charlotte, pode levar a uma mudança irreversível na dinâmica do casal que até então, evitava, como podia, cenas de ciúme ou os dramas comuns em relacionamentos padrão.
E se em toda comédia romântica há “aquele” obstáculo que coloca em risco o casal pelo qual a audiência torce, não seria diferente aqui, mesmo que a forma francesa de realizar filmes nos presenteie com uma forma diversa dos finais aos quais nos acostumamos e que, dependendo do momento em que você está e assistir ao filme, pode ressoar como um final realista ou docemente amargo, mas sempre em coerência a tudo que foi apresentado até o momento.
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Se esse filme nos dá algum esclarecimento no terreno pantanoso dos sentimentos é que não há como voltar atrás na modernidade das relações, mas podemos e devemos escolher como iremos nos relacionar com as pessoas.
“Crônica de uma relação passageira”. Imagem Destacada: Divulgação/Mares Filmes (via IMDB)
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