Evidentemente, os comportamentos que transformaram o mundo a partir da década 60 não eram exatamente da época. As ideias que pipocavam naquele momento sempre existiram. Contudo, eram valorizadas apenas por uma parcela muito pequena da sociedade. O que caracterizou a revolução cultural nos anos sessenta sem dúvida foi a grande participação da sociedade. Mas da onde tais ideais surgiram?
Os jovens do movimento hippie recusavam-se a aceitar que a única forma de vida viável seria aquela vivida por seus pais: o consumismo desenfreado, a transformação dos homens em robôs feitos para trabalhar, produzir e morrer. Nem todos eles adotaram o estilo de vida “hipongo”. Contudo, algumas ideias tornaram-se comuns em todo o mundo. A contribuição para a mudança de valores a partir da liberação do corpo e da mente foi bastante expressiva daí em diante.
Podemos encontrar muitos desses valores revistos e contestados através do livro Beatnik “Os Vagabundos Iluminados” do estadunidense Jack Kerouac (1922-1969) onde o budismo assim como o montanhismo são peças-chave dentro do romance que mostra uma vida contrária ao padrão consumista norte-americano da época.
Escrito em 1927, “O Lobo da Estepe” do autor alemão Hermann Hesse (1877-1962) também aparta toda a sociedade do modo de vida “operandi” da época. O romance é uma explosão das dilacerações do ser. Nele, propõe o questionamento do limite humano, virando-o do avesso para que possa encontrar uma possível luz.
“As Portas da Percepção (e o céu e o inferno)” do escritor e cientista inglês Aldous Huxley (1894-1963) serviu de inspiração para o nome da famosa banda “The Doors” e conta com um fascinante depoimento, altamente estilístico a respeito das experiências com a Mescalina onde podemos ler comparações com as visões místicas e os estados esquizofrênicos apresentando conclusões que passam pela ciência, a religião e a poesia.
Já “A Mística da Feminilidade” da escritora e dona de casa estadunidense Betty Friedan (1921-2006) fez parte do movimento de liberação que deu origem a outros grupos na luta pela liberação da mulher. Desde 1968, os movimentos feministas dividiam-se entre liberais, culturais e socialistas. Porém, todos eles exigiam certos direitos em comum. Este livro em particular, ainda que considerado conservador por parte de outras organizações, provocou muitas denúncias relativas ao sexismo, aos preconceitos, sobretudo ao consumismo que converte as mulheres em objetos. Esta última questão nos remete a muitos questionamentos dos grupos contraculturais.
Já no Brasil, as obras do escritor niteroiense Antônio Callado (1917-1997) ganharam impulso político nas décadas de 1960 e 1970 devido à problemática da ditadura vivida no país. “Bar Don Juan” por exemplo é o que se pode chamar de romance engajado. Pois, nos conta a história de alguns amigos que se envolvem com a luta armada, porém, o cenário está envolto nos bares da vida noturna do Rio de Janeiro. A obra está extremamente sintonizada com tudo o que estava ocorrendo naquela época.
No Oriente, a Revolução Cultural Chinesa, procurou aprofundar a Revolução Socialista. Estabeleceu algumas diretrizes que deveriam ser rigidamente seguidas. Na política era preciso eliminar o excessivo peso burocrático, cultural e tudo o que remetesse aos valores capitalistas. Uma espécie de purificação do socialismo. O polêmico “Livro Vermelho” de Mao Tsé-Tung foi bastante popular e ainda que proibido, como muitos outros dentro dos governos sul-americanos que viviam seus regimes militares, fez a cabeça de muita gente envolta com temas políticos e partidários.
“As Veias abertas da América Latina” é uma das obras mais importantes do escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015). Nele, o autor argumenta em cima das questões que levaram ao subdesenvolvimento do povo latino e responsabiliza a exploração econômica dos colonizadores levando todos esses países ao subdesenvolvimento. Foi um grito contra a hegemonia mundial para todos os povos da América do Sul.
Como podemos ver, foram anos loucos, explosivos, intensos e mais ainda, revolucionários por excelência, mudando o rumo da História mundial até os dias atuais.
Por Susana Savedra
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