De desmaios no set a saltos de 8.000 metros, como Tom Cruise e sua equipe redefiniram os limites do cinema de ação – sem truques
O suor escorre em câmera lenta. Um fio quase invisível corta a circulação. O público segura a respiração enquanto Tom Cruise desce silenciosamente naquela sala da CIA em 1996 em “Missão Impossível”, num take que exigiu 78 tentativas e deixou o ator inconsciente duas vezes. Três décadas depois, essa cena seminal não é apenas um marco do cinema de ação – é o manifesto de uma franquia que transformou risco em arte.
A verdade inconveniente por trás de “Missão Impossível” sempre foi simples: quando você vê Ethan Hunt escalando o Burj Khalifa a 828 metros de altura ou saltando de um avião a 8.000 metros, aquilo realmente aconteceu. Não há truques digitais que substituam a física cruel da gravidade, nem dublês escondidos nos momentos decisivos. Cada arranhão, cada osso quebrado (e foram muitos), cada gota de adrenalina genuína na tela compõem um pacto único com o espectador.

O Corpo Como Efeito Especial
Em 2011, quando Cruise insistiu em escalar pessoalmente a fachada de vidro do Burj Khalifa em Dubai, a produção enfrentou um problema inédito: como segurar um seguro para algo que nenhuma companhia queria cobrir? As luvas magnéticas desenvolvidas especialmente para a cena falharam nos testes. A solução veio do próprio ator, que treinou por oito meses para dominar técnicas de alpinismo urbano. O resultado? Uma sequência de cinco minutos que parou o trânsito em Dubai e fez o governo local fechar ruas – tudo filmado em IMAX para que nenhum detalhe da proeza se perdesse.
Mas o verdadeiro milagre aconteceu nos bastidores. Entre takes, Cruise era içado por cabos de aço tão finos que mal apareciam na câmera, sujeito a ventos de 50 km/h que o arremessavam contra a estrutura de vidro. “Era como ver um homem brincando de roleta russa com um arranha-céu”, confessou o diretor Brad Bird no documentário “Behind the Impossible“.
A Equação do Risco
Se há uma matemática por trás da loucura controlada de “Missão Impossível”, ela se revela em números concretos:
- 106 saltos reais de paraquedas para a cena HALO em “Efeito Fallout“
- US$ 1 milhão em multas por filmar perseguições de moto sem capacete na Noruega
- 12.000 horas acumuladas de treinamento físico de Cruise ao longo da franquia
Em 2023, durante as filmagens da cena do trem em “Acerto de Contas“, a produção construiu uma locomotiva real de 120 toneladas apenas para destruí-la uma única vez – sem CGI, sem segunda chances. “Quando você ouve aquele metal rangendo, são 25 milhões de dólares sendo despedaçados em tempo real”, brincou Christopher McQuarrie ao Collider. A piada escondia uma filosofia: na era do cinema digital, a franquia abraçou o analógico como ato de resistência criativa.
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O Legado da Insensatez
Às vésperas do lançamento de “Missão Impossível 8”, rumores sugerem que Cruise superou-se novamente: escalou um dirigível em movimento, pilotou um jato em queda livre e, é claro, recusou qualquer dublê. São proezas que ecoam o caráter da franquia – a mesma que em 2000 cortou cenas de surf em ondas gigantes por parecerem “irreais”, mas manteve um Cruise de 61 anos arremessando-se de penhascos.
Num mundo onde blockbusters são cada vez mais fabricados em computadores, “Missão Impossível” permanece como anomalia gloriosa. Sua lição mais radical não está nas cenas de ação, mas no simples fato de que, às vezes, a melhor tecnologia do cinema ainda é o corpo humano – frágil, mortal, mas capaz do impossível quando guiado por pura teimosia.
Como destacou o crítico Drew McWeeny em análises sobre a franquia, Cruise trata cada filme como “um pacto de sobrevivência” – não apenas uma interpretação. E nós, espectadores, assinamos junto – naquele pacto implícito que transforma risco em arte, e arte em verdade.
Revisite a jornada completa de Ethan Hunt em nossa retrospectiva da franquia, desde os anos 1990 até o aguardado desfecho em 2025.
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