Violência é o ponto alto da série na crítica e nas suas diversas formas
A série “O jogo que mudou a história”, estreou na Globoplay com grande impacto. A direção geral de Heitor Dhalia. A equipe de direção é composta por Matias Mariani e Claudio Borrelli. O roteiro final é de José Junior e Gabriel Maria com a equipe de roteiristas: de José Junior, Gabriel Maria, Clara Meirelles, Bruno Passeri, Manaíra Carneiro e Bruno Paes Manso. A produção é da AfroReggae Audiovisual e da Paranoid.
Idealizada por José Junior a série foi construida a partir das memórias vividas e construidas a partir de relatos de terceiros. Ao todo são 10 episódios, com a liberação de 2 novos toda quinta-feira. A série estreou na semana passada, com isso já tem 4 episódios disponíveis. O clímax é o fatídico jogo de futebol que vai deflagar a rivalidade entre as facções que se perpetua até os dias atuais.
Crítica e violência dão o tom à série
É uma crítica violenta à segurança pública e ao papel do Estado na realidade carcerária e das favelas do Rio de Janeiro. No caso específico, violenta em todos os sentidos:
As sequências do presídio de Ilha Grande são violentas de diversas formas: verbal, física, moral e sexual. Com direito à decapitação, estupros e armas brancas. E também no roteiro: o texto é violento na crítica pois não tem meias palavras.
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A crítica é algo muito presente na série. E apesar de ambientada no fim dos anos 70 muitas falas ainda fazem parte do cotidiano. Basta ver o noticiário da Tv que você vai identificar similaridade com as falas dos moradores da favela.
Inclusive por ser ambientada na mesma época qualquer semelhança de O Jogo que virou a história com “Cidade de Deus” e “Carandiru” talvez não sejam meras coincidências. Na apresentação das personagens, nas cenas da favela e na retratação do espaço físico e convivencia dos presos na penitenciária. Na série em questão, no presídio de Ilha Grande.
Contém spoilers
Review dos 3 primeiros epsiódios de O Jogo que Mudou a História
Primeiro Episódio
Logo no primeiro episódio Hélio (Otavio Muller) , um preso politico, alerta aos colegas sobre a indiferença do Estado com a vida dos presos. Essa fala é retomada na boca de outro personagem e reforça o argumento inicial de forma impactante
Alias o primeiro episodio já diz a que a série veio: mostrar de forma literal e visceral a violência no sistema carcerario na decada de 70 e com os moradores de favela.
A metade final dele é um derramamento de sangue que lembra a rebelião do Carandiru.
Se você ficou impactado com o filme de Babenco , multiplique por 10! Se for mais sensível, melhor fechar os olhos ou pular. São cenas extremamente fortes!
Por mais violenta que seja essa sequência: com mutilação, decapitação e violência sexual há uma busca do roteiro por humanização. Tais ações são retaliações à violencias sofridas por companheiro e à direção do presídio.
Segundo e Terceiro Episódios
O segundo episódio já mostra a relação dos moradores com o tráfico. Os bandidos ocupam um papel protetor, afetivo com a população local. Afinal são “crias” da comunidade e conhecidos desde criança pelos mais velhos; Neste episódio aparece Gilsinho (Jonathan Azevedo), um líder do tráfico, que tem visão diferenciada do crime e carisma. O fatídico jogo das facções já é citado superficialmente, ele é o clímax.
O terceiro mostra a mudança de Egídio (Ravel Andrade), preso por ter cometido um crime sem ser criminoso. De vítima a algoz, também como forma de vingar um amigo que o ajudou. Tal ato o levou a chamar atenção para si de forma negativa: entre os presos e a direção. Tudo o que precisa ser evitado naquelas circunstâncias. Afinal quem não é visto não é lembrado. E isso é o melhor que pode acontecer.
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O Jogo que mudou a história é uma produção muito bem feita!
Elenco e roteiro
O elenco é primoroso bem como a atuação. A composição das personagens e a evolução delas, ao longo dos episodios, é vista claramente desde a entonação até a expressão corporal. Iluminação e fotografia também merecem destaque.
Iluminação e fotografia
O presídio é escuro e sombrio; já a favela, é iluminada. Com luz seca e dura mas também com uma certa poesia. Principalmente nas brincadeiras das crianças e adolescentes e também paixão muito bem representadas nas sequências de sexo.
Como se a intenção fosse mostrar que apesar das dificuldades há paixão, esperança e intensidade na vida dos moradores que precisam inclusive desses elementos para superar as adversidades como a falta d’agua por exemplo.
“O Jogo que mudou a História” é, sem dúvida, uma produção esmerada em retratar a realidade das favelas, e em trazer crítica social. Porém, é preciso ter uma boa dose de tolerância às cenas mais intensas.
Sabemos que a arte tem essa função de retratar a realidade, mas cabe perguntar qual a real necessidade de tanta violência? Apesar de contextualizada torna-se questionável por reforçar a violência já presente na sociedade.
Imagem Destacada: Divulgação/Globoplay
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